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Antes de pardal, professor

Há seis anos atrás a torcida do São Paulo apelidava o técnico e treinador Paulo César Carpegiani de professor Pardal. Para quem não sabe, Pardal é um personagem da Disney famoso por invenções malucas que na maioria das situações citadas nos quadrinhos não têm um resultado positivo. E foi exatamente por suas reinvenções técnicas e táticas que Carpegiani foi taxado até o fim desta sua passagem no Morumbi.

Nesse meio tempo, muitos técnicos surgiram, treinadores aspiraram, outros tantos caíram e o futebol se modernizou e reinventou. Reinventar é recriar tendo como princípio algo que já existe, exatamente o que foi feito dentro das quatro linhas tendo como fator primordial o aspecto tático de uma equipe. E isso não deve ter um dedo de um técnico, deve ter a mão (comissão técnica, departamento médico, diretoria...). E a justificativa pelo apelido de professor Pardal não cabe à Carpegiani.  O treinador nunca criou nada no futebol. Como ele mesmo disse em uma entrevista no final do ano passado, quando se referia a algumas seleções que disputaram a Eurocopa: “Não há inventores no futebol, o futebol muda, mas sempre será dos jogadores”.

Os exemplos são diversos a nível mundial, mas aproveitando a citação no início deste texto, vamos relembrar o técnico que teve uma passagem recente pelo tricolor paulista e caiu nas graças do torcedor: Juan Carlos Osório. “Professor Osório” é um estudioso do futebol. Apresentou métodos táticos que inspiram até o atual técnico Rogério Ceni. Fez algo que Carpegini já fazia no final da década de 90. O problema é que Carpegiani inovava em uma época onde o futebol era resolvido por quem tinha talento natural, quem tinha dom, como se acostumou ouvir no nosso país. O problema hoje é visto como solução.

O trabalho de Carpegini no Coritiba é digno de aplausos. Os números refletem o que é trabalhado diariamente nos treinamentos. Carpegiani, campeão mundial pelo Flamengo em 1981 como técnico, se reinventa. Estuda como todo bom professor. Está sempre atualizado. E mostra que a geração de técnicos que ele faz parte não deve ser esquecida, pois ainda hoje ensinam e servem de inspiração para gerações atuais e futuras. Quem acompanha o Coxa de perto elogia a forma que o treinador ensina os jogadores. Coisas de professor. Carpegiani, não pardal.

(Foto: arquivo/a tribuna PR)

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