Após os
vexames na Copa do Mundo e Copa América, tem-se falado muito sobre quais são os
problemas que o futebol brasileiro enfrenta. Sabe-se que um dos mais graves é o
atrasado dentro de campo. Não estamos falando de jogadores ou gramados, e sim
dos eventos do jogo, da tática. No Brasil, ainda há certo preconceito ao falar
de tática, muitos ainda acham que não é importante, desprezando-a. Entretanto,
ela é essencial, já que o jogo é essencialmente tático e estratégico. Portanto,
se você ainda tem a visão de que a tática vai mecanizar os jogadores, é melhor
pensar bem...
Aqui no país o tema ainda é pouco
abordado por jornalistas e muitos treinadores parecem desconhecer sobre o
assunto. Raphael Rezende, Raphael Oliveira, Paulo Calçade e André Rocha são um
dos poucos jornalistas que fundamentam seus pensamentos em estudos.
Apesar de serem leituras
cansativas e um pouco complicadas, a recompensa de entender sua lógica é
recompensadora. O colunista tentará esclarecer ideias da forma mais simples
possível, como um quebra-cabeça, que vai se montando aos poucos.
O que é ''tática''?
É a gestão de espaço de jogo
(COSTA; CARDOSO, 2013). Pode ser definida também como adaptações pontuais dos
jogadores mediante a posição da bola, dos companheiros e dos adversários em uma
determinada configuração do jogo (GREHAIGNE et.al., 1999). Mais que falar sobre
sistemas táticos, é importante frisar que tática advém da estratégia. Tudo que
você planeja antes do time é estratégia, a partir do apito do árbitro, a
estratégia torna-se tática.
Como NÃO gerir o espaço de jogo. |
O futebol é um
fenômeno complexo, rico em situações de imprevisibilidade e aleatoriedade. É
claro que não é possível prever o que vai acontecer no jogo, mas é possível
deixar seu time preparado para enfrentar o que vier pela frente, treinando a
tomada de decisão de seus jogadores e sabendo lidar com situações difíceis. A
equipe deve ter a capacidade de adaptação. É importante frisar que os jogadores
sempre estarão realizando ações táticas. Se eles estarão realizando isso de
forma correta e consciente, é outro viés.
Segundo
Garganta, é a tática que permite a equipe saia, a partir de um conjunto
heterogêneo de elementos, criar uma unidade homogênea, fazendo com que possam
emergir características próprias da equipe. Essa equipe deve ser entendida como
uma unidade, onde jogadores interagem dentro de uma dinâmica para atingir o
objetivo maior.
Exemplificando:
O Barcelona de
2014/2015. Mesmo tendo Messi como o atual melhor jogador do mundo, o time não
joga em função dele, e sim do coletivo. A tática permite que os catalães
troquem de posição de forma inteligente, triangulem, achem o espaço e finalizem
para o gol. Tendo em vista essa unidade homogênea, é possível potencializar
talentos, sempre em prol do time.
''Ah, mas o Barcelona só joga com a posse de
bola'' Não. É possível ver vários gols da equipe surgindo de
contra-ataques. A equipe tem capacidade de se adaptar a aleatoriedade do jogo.
Neymar no mano a mano: Letal |
''Ah, mas a
tática vai engessar o time'' Não, não vai. Ao contrário, um time organizado
taticamente, vai permitir que seus jogadores sempre estejam bem
posicionados, fazendo que o jogador que estiver com a bola tenha mais espaço
pra pensar.
Exemplificando:
A atual
seleção brasileira. Esquecendo individualidades e jogando coletivamente, seria
possível vencer jogando um futebol competitivo. Se a equipe soubesse agir
taticamente, o Neymar não precisaria driblar 2 ou 3 jogadores. Ele estaria no
mano a mano, aumentando a possibilidade de acerto.
Basicamente é
isso, em próximos posts vou aprofundar e falar da importância da análise do
jogo, a evolução do futebol, métodos de treino, métodos ofensivos e modelação
tática.
Gabriel Antony || @gabrielantony_
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