Quando entrou
em campo para enfrentar o Santa Cruz pela última rodada da primeira fase da
Copa Nordeste o Bahia tinha muito pouco a perder. Garantido não apenas na
liderança do grupo, mas como uma das melhores campanhas do certame, já tinha o
mando de campo garantido na segunda partida das quartas de final. Era jogo para poupar, testar e dar ritmo. Sem
divulgação da lista de concentrados e com treino secreto na véspera, não se
sabia qual equipe defenderia o Esquadrão. A escalação causou surpresa a muitos,
porém reafirmou a política de valorização da base implantada no clube. Olhar
voltado para o futuro.
Foto espetacular do grande fotógrafo Will Vieira: Zé Roberto supera críticas e faz gol que garante campanha histórica
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Na equipe
quatro estreias como titulares: Marlon [lateral zagueiro nascido em 96],
Júnior, Luiz Fernando e Itinga [todos nascidos em 96 e com boa participação
recente na COPA SP] - apenas o atacante já havia jogado minutos no time
profissional. Para completar o time Jean, Dedé, Rômulo e Zé Roberto - reservas
que saíram também da base, e os recém-contratados Lucas Fonseca, João Paulo
Gomes e Henrique que precisavam recuperar condição física e de jogo.
Como se
costuma dizer na Bahia: Um 'catado' para enfrentar um time recém-promovido a
serie A e que precisava de pelo menos um empate para garantir a vaga para a próxima
fase da competição. Ousadia sim, mas acima de tudo confiança na base.
Desde os
primeiros minutos foi possível observar uma equipe bem postada em campo,
minimizando a falta de entrosamento e ritmo de jogo. Doriva recorreu ao 4-2-3-1
bastante usado na temporada, com Rômulo centralizado na linha de meias como de
praxe. Organizada e consciente a equipe não se apavorou, garotos mostraram
maturidade e veteranos superaram com esforço a falta de ritmo. Longe de uma
apresentação brilhante o que se viu foi um time que soube valorizar a posse,
acelerou o jogo algumas vezes, mas tinha dificuldades de criar volume ofensivo.
Henrique foi muito agudo pela esquerda, enquanto Zé Roberto tentava achar
espaço para infiltrar em diagonal a partir da direita. O empate no primeiro tempo foi bastante
justo, o Santa Cruz foi incapaz de achar espaços e pressionar o Bahia o
suficiente para incomodar. Aquela altura o empate convinha e a equipe de
Martelotte preferia aguardar no seu campo para recuperar a posse e partir no
contra ataque. Jogo morno.
O início do
segundo tempo foi o período de jogo em que o Santa Cruz se fez mais presente na
intermediária ofensiva: Conseguiu avançar um pouco as linhas e criou algumas
situações ofensivas; na mais aguda Grafite conseguiu cabecear livre dentro da
área, mas errou o alvo. Bahia passou então a substituir os jogadores mais
desgastados: Primeiro Lucas Fonseca para entrada do promissor Rodrigo Becão,
depois Henrique para a entrada de Moisés na lateral-esquerda - João Paulo Gomes
passou a atuar na segunda linha do meio. Marlon - que teve alguma dificuldade
na marcação de Keno, o mais agudo dos jogadores do Santa - também acabou
pedindo pra sair [passou um período grande afastado devido a lesão]. Mudanças
que não mudaram o sistema de jogo nem a postura da equipe em campo.
O empate
parecia fadado a seguir no placar e não seria lamentado por nenhuma das
equipes. Mas o Bahia não parou de jogar e teve duas grandes chances em
cruzamentos saídos do pé esquerdo de Moisés: No primeiro Rodrigo obrigou Tiago
Cardoso a uma defesa espetacular. No segundo não teve jeito. Zé Roberto
infiltrou na área em diagonal, antecipou a marcação e fez o gol que garantiu a
campanha histórica do tricolor baiano: 18 pontos conquistados em 18 possíveis,
100% de aproveitamento, a melhor campanha da história moderna da Copa do
Nordeste. Números que podem garantir uma eventual final da competição na Arena
Fonte Nova.
Zé Roberto parte da diagonal para a referência atacando o espaço vazio. Não alcançou a bola |
Zé Roberto tem
sido o jogador mais criticado do atual elenco. Na prática não tem feito bons
jogos, não tem uma sequência de boas atuações desde o primeiro semestre do ano
passado e ocupa uma vaga que poderia ser de Maxi Biancucchi - que treina
separado do grupo aguardando um novo clube. Há justiça em muitas críticas, mas
há exagero no posicionamento de parte da torcida: Algumas vaias têm sido
direcionadas sempre a ele, desde os primeiros minutos em campo. Para um clube
que tem buscado fortalecer a política de aproveitamento e transição da
base/profissional essa impaciência é um empecilho. No jogo de ontem jogadores
como Luiz Fernando [espetacular atuação] e Itinga passaram por uma prova que
lhes trará muito mais confiança no futuro. Assim como Zé eles precisam de apoio
e suporte quando chegar o momento em que as coisas não funcionem bem. A crítica
deve existir, mas ela não pode ser confundida com perseguição. O presente é
importante, mas é o futuro que exige carinho e compreensão.
Jogada se repete no segundo tempo com Moisés fazendo o cruzamento: Melhor posicionado, Zé Não desperdiça
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FICHA TÉCNICA
Bahia 1 X 0 Santa
Cruz
Copa do Nordeste – 6ª rodada
Local: Arena Fonte Nova, em Salvador
Data: 23/03/2016
Horário: 21h45
Árbitro: Francisco Carlos do Nascimento (AL)
Assistentes: Rondinelle dos Santos Tavares e Lennon Mccartney Farias (ambos de AL)
Bahia: Jean, Marlon (Jefferson Silva), Dedé, Lucas Fonseca (Rodrigo) e João
Paulo Gomes; Júnior Ramos e Luis Fernando; Rômulo, Henrique (Moisés) e Zé
Roberto; Geovane Itinga. Técnico: Doriva
Santa Cruz: Tiago Cardoso, Vitor,
Leonardo, Alemão e Allan Vieira; Wellington Cézar, Dedé, Leandro Lima (Raniel)
e João Paulo; Keno (Arthur), e Grafite. Técnico:
Marcelo Martelotte.
ALEX ROLIM - @rolimpato - #BBMP
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