Faça Parte

Sexta-feira da Paixão, sexta-feira dos 108 anos do Clube Atlético Mineiro


A Sexta Feira da Paixão certamente é uma data que remete o sofrimento, o calvário, o sacrifício. Ao mesmo tempo, é um dia que uma ideia foi exposta ao mundo, um amor incondicional que certamente mudou o curso da história. Foi criada uma religião, uma entidade transcendental, sobrenatural, capaz de movimentar a fé no improvável, no impossível.

Você se engana, se espera um texto futebolístico ou esportivo. Hoje, 25 de março, é dia de falar de religião, é dia de falar dos 108 anos do Clube Atlético Mineiro. Uma história de amor que não vem de hoje, é algo que vem além do campo de jogo, além da alegria das vitórias e do sofrimento das derrotas. Ser galo é crer em um mesmo ideal. É ter conversado diretamente com o sagrado e o profano. Sim, caro leitor, todo atleticano já conversou diretamente com Deus. Tal papo, longe de ser reto, se deu nos poucos segundos que separaram a corrida de Riascos e o milagre do São Victor. Nesta poeira temporal desfrutamos do Paraíso. Ao mesmo tempo, assim como o céu, o inferno também conhecemos, inclusive conversamos com o chifrudo em pessoa naquele fatídico 0 a 0 contra o Vasco em 2005.

Portanto, caro leitor, caso não saiba, existe algo que une essas duas histórias, uma coincidência, seja na nossa conversa com Deus, seja na nossa conversa com o Diabo. Tal intersecção éramos nós, os atleticanos, a massa do GALO. Éramos nós que estávamos lá, juntos cantando nosso hino, gritando Galo, torcendo não só contra o vento, mas contra qualquer fenômeno que desafie nossa capacidade única de desafiar o impossível. Posso até trocar os títulos, mas jamais trocarei a compreensão e o calor de ilustres desconhecidos no momento de um gol de GALO (Esse tal de Gol: Monossílabo de três letras, que libera todo o significado dessa ideia, libera nossa essência atleticana).


"Atleticanismo", esse surgiu da comunhão perfeitamente harmônica do preto e do branco; da vontade de um grupo de garotos, que certa vez, em um 25 de Março de 1908, se reuniu no coreto do Parque Municipal, coração de Belo Horizonte, para criar uma comunidade onde todo e qualquer cidadão que acreditasse seria aceito. O "Atleticanismo" também veio do orgulho de carregar um mito nos ombros (um tal de Ubaldo Miranda, príncipe negro carregado nos ombros por gente de todo tipo, em um país com muitas chagas de um regime escravocrata ainda recém revogado); veio também da impetuosidade de um grupo que excursionou pelo Velho Continente, que levou um grito de GALO ao gelo de uma Europa combalida pelo pós Guerra. Atleticanismo que esteve presente em um peito de aço de um folclórico Rei sem Coroa, que desafiando as leis da imaginação parou no ar, parou nas nossas memórias; e finalmente de um homem, com nome de Rei que, através de seus punhos cerrados, nos dava alegrias, mas ao mesmo tempo era uma voz de liberdade em um país calado pela Ditadura.


Poderia escrever mais 108 linhas de verso, 108 linhas de prosa, cantar outros heróis (um Bomba, um Filho do Vento, Um Goleiro de Deus, Um Olê, um Kafunga; um Trio Maldito, vários Deuses da Raça,  uma metralhadora de gols e um Bruxo, ah esse Bruxo), declamar outros versículos da nossa história,  mas fecho o texto com uma única palavra - GALO!

Parabéns Clube Atlético Mineiro pelos seus 108 anos de história. Muito obrigado por fazer essa comunhão de sentimentos acontecer. Muito obrigado por você existir. GAAAAAAAAALO!

Postar um comentário

0 Comentários