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Aquecimento Olímpico: Vôlei de Praia - entrevista com Ágatha e Bárbara

Amizade, vitórias e sonhos

A atmosfera dos Jogos Olímpicos já é especial normalmente. Se para os torcedores o ambiente é emocionante e marcante, imagina para quem carrega a responsabilidade de representar seu país. A dupla formada por Ágatha e Bárbara, indicadas como as melhores atletas de 2015 e que a cada ano sobem no ranking brasileiro, foram às escolhidas como o time principal do Brasil no Vôlei de Praia e contam os minutos até o início do Rio 2016.

O caminho até uma Olimpíada é longo, traçado desde os dez anos, quando ainda eram crianças, as duas se lembram do amor que construíram pelo esporte. Tenha começado a praticar em quadra ou logo na areia, foi no espaço entre a rede e a bola que as meninas cresceram e fizeram amizades. Para a melhor jogadora do Campeonato Mundial de 2015, Ágatha, a independência e confiança na sua dupla foram os pontos principais para fortificar a relação com o Vôlei de Praia.

Ágatha e Bárbara após a entrevista do Linha de Fundo. (Foto: Mariana Sá)
Amigas dentro e fora das quadras, elas estão juntas desde 2011, a dupla brasileira vem conquistando bons resultados no ciclo olímpico e seguem na contagem regressiva para agosto. “Agora faltam cinco meses, ou até menos para os Jogos. Nessa reta final a preparação é mais puxada, mas na verdade é uma continuação do programa. Vivemos exclusivamente para os Jogos Olímpicos, o foco é totalmente em agosto, todo nosso treinamento é voltado para a gente chegar ao nosso máximo, então o treino na academia, a parte física, o treinamento tático dentro de quadra é totalmente voltado para isso. A gente tem um trabalho com uma psicóloga, desde 2013, e conversamos sobre o que  vamos viver lá. Ela fez um diferencial muito grande dentro do nosso time nos ajudando a saber como pensar, como agir nas situações que o esporte vai nos causando”, disse Ágatha. “Nós não sabemos como é participar dos Jogos Olímpicos, é nossa primeira vez. A gente tem que se apegar ao nosso dia a dia dos treinamentos, tem que curtir essa jornada até lá, temos disputado muitos torneios", completou Bárbara, mostrando como as duas estão supermotivadas, felizes e satisfeitas, valorizando cada passo.

O lado sentimental, é preparar o coraçãozinho para viver o que a gente sempre quis a vida inteira, o nosso sonho. Eu acho que nada é mais importante nesse momento do que isso para nós, então a gente está com o nosso coração, mente e corpo tudo voltado para os Jogos Olímpicos”, contou Ágatha, com os olhos brilhando. Focadas e com treinamentos intensos, as duas se mostram fortes e com uma sintonia incrível, Ágatha e Bárbara ficaram em segundo lugar no Rio Open, em setembro, Evento-Teste de Vôlei de Praia e garantiram que todos os momentos vividos antes da Olimpíada são importantes para a sequência dos Jogos. A aprendizagem é diária e a cada ano que passa pode se tornar o mais especial.

Prontas para a Olimpíada, a gente vai mandar super bem.!” (Divulgação/FIVB)
Ano passado foi o ano mais importante da nossa carreira, foi o ano que a gente conquistou mais coisas legais, que a gente foi considerado o time do ano pela Federação Internacional, nós ganhamos o Circuito Mundial que é a soma de várias etapas do ano, nós conquistamos a Copa do Mundo que é um torneio que acontece de dois em dois anos, superimportante. E para finalizar, conquistamos a vaga, que na nossa opinião foi por meritocracia. Existe essa coisa da Confederação ter escolhido o segundo time, mas nós éramos o segundo time com a maior pontuação para ser escolhido. Então para nós a gente considera que foi por meritocracia, porque a gente teve que mostrar dentro de quadra que tínhamos condição de estar representando o Brasil nos Jogos Olímpicos”, lembrou Ágatha.


Como já são de casa, a carioca e a paranaense conhecem o ambiente da região, o clima da torcida, a nova Arena, em Copacabana e as tecnologias que serão implantadas nos Jogos. Para a jogadora Bárbara os times internacionais possuem uma capacidade de adaptação rápida, devidos aos vários torneios que participam, inclusive, alguns países devem enviar suas delegações antes para períodos de treinos. Porém, ela também aponta a vantagem brasileira.

Acho que o fato de já ser de casa e realmente ter o hábito de treinar todos os dias te faz conhecer os detalhes. Nesse caso, quanto mais informação você tiver, quanto mais conhecimento tiver vai te ajudar, mas não é isso que vai fazer a gente ganhar jogo. Essa é uma das coisas que podemos aproveitar e pode ser boa pra gente, mas o trabalho vai ser 100%”, ainda completou falando sobre a importância dos testes das novas tecnologias e a reação do povo, “Para tudo isso, o atleta precisa passar por uma adaptação, ajuda a gente já nos preparar para o que vem na Olimpíada. Acho que quanto mais perto chega às pessoas mandam mensagens positivas, desejando boa sorte, ou quando estamos na rua e alguém fala que está torcendo. Isso é muito bacana, a gente realmente sente essa energia do povo, acho que o povo brasileiro é um povo muito acolhedor, muito caloroso e isso é muito bom para os atletas em geral. Estamos muito felizes com esse carinho”.

O ano de 2015 rendeu muitas conquistas (Divulgação/Facebook Ágatha e Bárbara Seixas)
O Vôlei de Praia é muito querido pelos brasileiros, recentemente recebeu um apoio do Projeto da Marinha (PROLIM), que visa o desenvolvimento do desporto nacional para transformação de uma potência olímpica. Assim, as condições de treino e estrutura de preparação melhoraram, além do Centro de Treinamento, em Saquarema da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) que está à disposição dos atletas. No entanto, os jogadores não buscam uma resposta apenas na véspera das Olimpíadas, há a esperança de um legado para o futuro de novos atletas. Como a representante brasileira Ágatha idealiza:

Espero, sinceramente, que passando os Jogos Olímpicos que todo esse apoio continue, porque o importante é que continue, que a gente forme novos atletas, que os atletas de base tenham esse apoio e não só os atletas de alto rendimento. Tenho certeza que muitos talentos se perdem porque não tem apoio no início e a vida de atleta é difícil, muitas vezes se você não tem um pai ou uma mãe pra te ajudar você não consegue seguir porque no esporte você precisa viajar muito pra competir, precisa se um material específico. No vôlei de praia é até mais simples, uma rede, uma bola, na praia, uma coisa teoricamente mais simples, mas mesmo assim precisa de estrutura. Precisa ter uma equipe, precisa pagá-la, precisa ter uma boa academia, precisa viajar pra competir, precisa se alimentar bem. Realmente a parte financeira é muito importante em qualquer esporte, no vôlei de praia não seria diferente. Então espero que depois das Olimpíadas continue sim. Acho que vai ficar o legado da população conhecer mais os esportes, saber quem são os atletas que jogam, os que irão jogar e que vão se tornar ídolos porque vão estar na televisão, todo mundo assistindo. Espero que aí se torne referência e as pessoas gostem, simpatizem com o esporte, comecem a praticar. Acho que esse pode ser um dos maiores legados que podem acontecer para o povo brasileiro, o amor pelo esporte crescer cada vez mais nas pessoas, porque o esporte muda vidas”.

Com carinho, Cássia Moura e Mariana Sá (@cassinha_moura | @imastargirl)

Agradecimentos: Ágatha Bednarczuk, Bárbara Seixas, Guilherme Braga (assistente técnico), Ricardo de Freitas (técnico), Renan Rippel (preparador físico), Ricardo Seixas (estatístico), André Perlingeiro (auxiliar técnico), Jailson (montador), Hélio e Hamilton. 

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