Antes
de iniciar o texto é necessária uma breve advertência aos meus estimados
leitores. O escrito em questão trata-se de um volume especial, um Raio
X a respeito do primeiro adversário do Galo neste mata-mata da
Libertadores, o Racing Club. Nesse sentido, para facilitar a
leitura (sem perder a ternura) trago dois volumes em um. O primeiro item trata-se um
apanhado histórico do escrete blanquiceleste – signos, títulos, heróis.
Enquanto o segundo refere-se à uma análise de detalhe do estilo de jogo do
nosso adversário – esquema tático, características do técnico, principais
jogadores e estatísticas mais relevantes.
Desse
modo fica a critério dos amigos a ordem da leitura. Ambos os trechos são
independentes. Então se você gosta da histórica, da cultura de cada clube e acha o “tatiquês”
chato, fique à vontade em só ler o primeiro item. O mesmo vale para os
apreciadores do jogo tático, ou seja, se quiserem apenas ler a segunda parte,
também não há problema.
Enfim,
espero que gostem e aproveitem as informações.
História
- O Primeiro Grande, a Formação da Academia de Futebol
O Racing Club de Avellaneda foi fundado no dia 25 de Março de 1903, coincidentemente mesma data de fundação do Clube Atlético Mineiro (25 de março de 1908). O Blanquiceleste certamente é dos clubes mais tradicionais do futebol argentino, se não o mais tradicional (lembrando que o conceito de tradição pouco tem a ver com o número de taças conquistadas, conforme já discutido em crônicas anteriores). Culturalmente o Racing sempre foi um time tipicamente argentino. Foi o primeiro a utilizar uma escalação 100% nacional, adotou as cores da bandeira da república, além de ter políticos ilustres em sua hinchada, como o Presidente Juan Domingo Perón, que inclusive nomeia o estádio Racinguista (carinhosamente chamado de Cilindro) – erguido em 1950.
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Estádio Presidente Juan Domingo Perón - El Cilindro. Fonte: Wikipedia.ar |
Assim, devido à precocidade das taças, o clube foi apelidado de El Primer Grande, ou o Primeiro Grande (tradução óbvia ao nosso português).
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Plantel Racinguista Campeão em 1913, o primeiro dos sete títulos consecutivos na era Amadora. Fonte: www.racing.com.ar |
Além disso somado às conquistas, este período foi marcante para a história blanquiceleste e para o futebol portenho de modo geral, visto que ali seriam lançadas as bases do jeito argentino de praticar o jogo – cadência, toque de bola e o controle.
O Racing, dessa maneira, justificaria a fama de ser a principal “escola” do futebol argentino, uma verdadeira Academia, ou simplesmente a Acadé, como os torcedores gostam de chamar.
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Plantel Racinguista Campeão em 1949, o primeiro do tricampeonato. A Academia de Futebol. Fonte: www.racing.com.ar |
De certo a seca de títulos ajudou a aumentar a sinergia entre torcida
Racinguista e o próprio time. A Guarda Imperial (nome da principal organizada)
se acostumou a sofrer, estreitou laços, aumentou seu fanatismo, se tornando uma das mais aficionadas (se não a mais) da América do Sul.
Contudo faltava uma fagulha, faltava o input técnico para o Racing voltar ao trilho. Fato que acabou chegando nos anos atuais, no recente 2014, através de uma diretoria arrojada e um técnico visionário – Diego Cocca – que com um olho clínico pinçou importantes jogadores em clubes menores como Bou, Lollo e Hauche, e velhos conhecidos como o agora experiente Diego Milito, herói do título de 2001, para se juntar a crias das canteras blanquicelestes. Tal processo culminou no título nacional de 2014, e nas recentes participações na Libertadores em 2015 e 2016.
O Racing de 2016 e a Campanha na Libertadores da América
Contudo faltava uma fagulha, faltava o input técnico para o Racing voltar ao trilho. Fato que acabou chegando nos anos atuais, no recente 2014, através de uma diretoria arrojada e um técnico visionário – Diego Cocca – que com um olho clínico pinçou importantes jogadores em clubes menores como Bou, Lollo e Hauche, e velhos conhecidos como o agora experiente Diego Milito, herói do título de 2001, para se juntar a crias das canteras blanquicelestes. Tal processo culminou no título nacional de 2014, e nas recentes participações na Libertadores em 2015 e 2016.
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Racing Campeão de 2014. Fonte: www.espn.com.ar |
O Racing de 2016 e a Campanha na Libertadores da América
Agora falando do presente, uma característica que aproxima o Racing do
Atlético é o fato de ambos estejam passando por uma fase de transição provocada por troca de comissão técnica as portas do maior torneio da América.
Se o Atlético trocou Levir Culpi (quase dois anos de Clube) por Diego Aguirre. O Racing trocou Diego Cocca, técnico campeão em 2014 e responsável direto pela montagem do atual time pelo jovem Facundo "el Colorado" Sava (ex atacante do próprio Racing).
Como consequência do câmbio, a temporada 2016 do Racing é marcada por altos e baixos, o que é normal, visto que mudou-se drasticamente a metodologia de trabalho e a forma da equipe jogar.
Se Cocca privilegiava uma defesa mais forte e um ataque mais intenso, sem tanta troca de passes, Sava já gosta de um jogo ofensivo, um super povoamento do ataque e consequentemente um jogo onde a posse da bola é mais importante do que o preenchimento do espaço.
Tal oscilação é justificada pelo desempenho blanquiceleste no Torneio de Transición 2016, vulgo Argentinão. Em seu grupo, a agremiação de Avellaneda ocupa apenas o sétimo posto, e o décimo primeiro lugar geral. Atrás de clubes modestos, para não dizer pequenos como o Defensa y Justicia, Godoy Cruz, Arsenal de Sarandi, Atlético de Tucumán e Gimnasia de la Plata (Se Atleticanos até hoje chiam pela defesa de Levir Culpi tomar mais gols que a do Joinville, e o time "reserva" de Aguirre ter tomado quatro do Tricordiano, imaginem a situação do torcedor racinguista).
É notório o desequilíbrio entre os setores do campo, visto que o Racing detém o ataque mais poderoso da Argentina, com 25 gols marcados, contudo a defesa é até agora a mais vazada do torneio - tomou incríveis 24 tentos.
Na Libertadores tal quadro se manteve, o Racing tem o segundo melhor ataque competição (14 gols marcados), e a décima quarta defesa (9 gols sofridos). Em termos de organização, destacam-se as estatísticas de passes: O Racing é o quinto que mais comete erros de passes, o quarto que mais erra lançamentos, o oitavo que mais erra viradas de jogo, o quarto que mais perde a posse de bola e o segundo em chutões. Ou seja, o time pode até propor o jogo, mas o faz de forma desorganizada, muito desorganizada eu diria (faço aqui uma meia culpa para o gramado para o gramado do Cilindro, que já esteve em condições muito melhores para a prática do futebol). Mas enfim, desculpas a parte, esse Racing de 2016 não honra a tradição da Academia de Futebol, como um time Clássico. Esse Racing ainda com traços de Cocca se impõe pela força, pela intensidade.
Se o Atlético trocou Levir Culpi (quase dois anos de Clube) por Diego Aguirre. O Racing trocou Diego Cocca, técnico campeão em 2014 e responsável direto pela montagem do atual time pelo jovem Facundo "el Colorado" Sava (ex atacante do próprio Racing).
Como consequência do câmbio, a temporada 2016 do Racing é marcada por altos e baixos, o que é normal, visto que mudou-se drasticamente a metodologia de trabalho e a forma da equipe jogar.
Se Cocca privilegiava uma defesa mais forte e um ataque mais intenso, sem tanta troca de passes, Sava já gosta de um jogo ofensivo, um super povoamento do ataque e consequentemente um jogo onde a posse da bola é mais importante do que o preenchimento do espaço.
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Facundo Sava, o atual comandante. Fonte:www.espn.com.ar |
Tal oscilação é justificada pelo desempenho blanquiceleste no Torneio de Transición 2016, vulgo Argentinão. Em seu grupo, a agremiação de Avellaneda ocupa apenas o sétimo posto, e o décimo primeiro lugar geral. Atrás de clubes modestos, para não dizer pequenos como o Defensa y Justicia, Godoy Cruz, Arsenal de Sarandi, Atlético de Tucumán e Gimnasia de la Plata (Se Atleticanos até hoje chiam pela defesa de Levir Culpi tomar mais gols que a do Joinville, e o time "reserva" de Aguirre ter tomado quatro do Tricordiano, imaginem a situação do torcedor racinguista).
É notório o desequilíbrio entre os setores do campo, visto que o Racing detém o ataque mais poderoso da Argentina, com 25 gols marcados, contudo a defesa é até agora a mais vazada do torneio - tomou incríveis 24 tentos.
Na Libertadores tal quadro se manteve, o Racing tem o segundo melhor ataque competição (14 gols marcados), e a décima quarta defesa (9 gols sofridos). Em termos de organização, destacam-se as estatísticas de passes: O Racing é o quinto que mais comete erros de passes, o quarto que mais erra lançamentos, o oitavo que mais erra viradas de jogo, o quarto que mais perde a posse de bola e o segundo em chutões. Ou seja, o time pode até propor o jogo, mas o faz de forma desorganizada, muito desorganizada eu diria (faço aqui uma meia culpa para o gramado para o gramado do Cilindro, que já esteve em condições muito melhores para a prática do futebol). Mas enfim, desculpas a parte, esse Racing de 2016 não honra a tradição da Academia de Futebol, como um time Clássico. Esse Racing ainda com traços de Cocca se impõe pela força, pela intensidade.
Em termos de montagem, a escalação da Acadé gira em torno da
disponibilidade do tridente composto por Gustavo Bou, Diego Milito e Licha
Lopez (de péssimas recordações ao Atleticano, ê Marcos Rocha....ê Dátolo). Embora a presença dos três
atacantes juntos não tenha ocorrido muitas vezes na temporada, principalmente
por Milito estar “virando a serra”. O experiente centro avante já não reúne
condições físicas para participar em alto nível de todos os jogos da temporada.
Assim, Sava tende a escalar o Racing com dois dos três definidores, alinhado em um 4-4-2 tradicional, e devido a contusão de Bou, com Milito e Licha no comando de ataque, Acuña e Romero abertos, com o paraguaio tendo a incumbência de se deslocar da esquerda para o centro com o intuito de ajudar na construção de jogadas. Desta feita acredito que a equipe base da próxima quarta deverá ser: Saja; Pillud, Sánchez, Grimi e Voboril; Videla, Aued, Acuña e Oscar Romero; Milito e Lisandro López. Uma segunda opção, menos provável ao meu ver, está na possibilidade de Facundo Sava optar por um time mais agressivo. Nesse caso entraria o atacante Roger Martínez (que pede passagem há algum tempo) no lugar de Acuña.
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Provável disposição tática do Racing para o jogo de quarta. |
Sou mais nosso Galão da Massa
Por Matheus Henrique Fernandes Valle
Twitter: @Mhfernandes89
Por Matheus Henrique Fernandes Valle
Twitter: @Mhfernandes89
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