Fonte: Portal Hoje em Dia/Portal Super Esportes. |
Atlético 1 x 1 América
Antes de me
adentrar nos meandros do jogo final, gostaria de fazer um singelo comentário a
respeito do Mineirão. Sem pestanejar acredito que se o Estádio falasse (como
naquelas utopias em que objetos inanimados ganham vida), ele certamente diria:
“Ah Galão, mas que saudade. Só você mesmo
para preencher o meu vazio”. Apenas o fato do galo jogar por aquelas bandas
faz o estádio sorrir, o concreto fica mais alegre, o cinza ganha cor, vida, o
futebol respira como deve respirar. Principalmente quando o ingresso é
democrático, acessível. Inegável que o perfil da torcida que esteve no Mineirão
hoje (ingressos de 20 a 40 reais), foi completamente diferente daquela que
esteve no Horto (ingressos a partir de 70 reais). A torcida estava vibrante,
participou de cada lance, apoiou, gritou até a garganta sangrar, principalmente
nos momentos mais delicados da partida. É interessante perceber como o ingresso
democrático abafa os clientes “select e personnalité na veia" (praga do futebol
moderno).
Fonte: Matheus Valle. Sim o Blogueiro Aqui é Torcedor de Arquibancada |
Feito este
breve preâmbulo, vamos à segunda perna da final começando pelo começo. O
Atlético foi escalado em um 4-4-2 inglês com duas linhas de quatro (Carlos Cesar, Erazo, Tiago e Douglas
Santos, Carioca, Urso, Rocha, Hyuri) e dois atacantes (Pratto pela primeira vez jogando na posição que mais sente à vontade,
de segundo atacante e Carlos como centroavante, posição que o consagrou como
artilheiro máximo das categorias de base do Atlético).
Não considere,
caro leitor, o blogueiro que vos escreve como profeta do acontecido, engenheiro
de obra pronta. Quando saiu a escalação nas minhas redes sociais já havia
opinado, que a opção de Diego Aguirre por poupar
Leonardo Silva, Donizete e Robinho (jogadores mais velhos do atual elenco) para
a partida de quarta; e escalar dois laterais pela direita (Carlos Cesar
e Marcos Rocha) para combater a dobra de Givanildo (Bryan e Danilo) pela
esquerda foi totalmente acertada. E pós-resultado mantenho minha opinião.
Os lances mais perigosos criados pelo Atlético saíram por aquele lado. E ainda sobre Marcos Rocha: eu considero o meio campo um caminho natural para o hábil lateral. Ele reúne visão de jogo necessária, precisão no passe e um drible curto certeiro para jogar mais avançado. Em termos de comparação, acredito que nosso atual camisa dois se aproxima de um jogador que assim como ele foi formado pela base do galo: Mancini. No início da carreira, o velho Mança era um lateral direito extremamente contestado, vaiado todo jogo pela própria torcida alvinegra (fim dos anos 90 e início dos 00) e foi achar seu futebol somente no ano de 2002, quando o técnico Geninho adotou um 3-5-2 possibilitando Mancini virar ala, sem tantas obrigações defensivas. O brilhante campeonato possibilitou a Mancini ter uma carreira europeia, e no velho continente com a camisa da Roma sob a batuta de Luciano Spaletti, Mancini virou ponta esquerda alcançando excelência em sua vida esportiva.
Os lances mais perigosos criados pelo Atlético saíram por aquele lado. E ainda sobre Marcos Rocha: eu considero o meio campo um caminho natural para o hábil lateral. Ele reúne visão de jogo necessária, precisão no passe e um drible curto certeiro para jogar mais avançado. Em termos de comparação, acredito que nosso atual camisa dois se aproxima de um jogador que assim como ele foi formado pela base do galo: Mancini. No início da carreira, o velho Mança era um lateral direito extremamente contestado, vaiado todo jogo pela própria torcida alvinegra (fim dos anos 90 e início dos 00) e foi achar seu futebol somente no ano de 2002, quando o técnico Geninho adotou um 3-5-2 possibilitando Mancini virar ala, sem tantas obrigações defensivas. O brilhante campeonato possibilitou a Mancini ter uma carreira europeia, e no velho continente com a camisa da Roma sob a batuta de Luciano Spaletti, Mancini virou ponta esquerda alcançando excelência em sua vida esportiva.
Fonte: Flávio Tavares. Jornal Hoje em Dia |
O jogo em si
começou de acordo com o esperado. O América se entrincheirou na defesa e o
Atlético com posse de bola, e no grito da torcida foi para cima. Conforme já adiantei no parágrafo anterior, a
dupla de Aguirre: Rocha e Carlos Cesar foi muito mais efetiva que a dobra
americana. Rocha foi um grande assistente, com cruzamentos precisos e passes
certeiros, enquanto Carlos Cesar deu o suporte defensivo necessário, e inclusive
teve uma chance clara de gol, obrigando o excelente João Ricardo a fazer uma
defesa de altíssimo grau de dificuldade. Outro ponto forte do primeiro tempo
foi o perigo que o Atlético proporcionava em faltas laterais e
escanteios. Em vários momentos, aquela “bola vadia” cruzou a área do Coelho
ficando a feição dos atacantes alvinegros que foram incompetentes na conclusão.
Inclusive em uma dessas bolas o arqueiro americano (sempre ele) fez a defesa do campeonato
em uma conclusão a queima roupa do Zagueiro Erazo.
O primeiro
tempo se desenrolava e a sensação no estádio é que seria questão de tempo até o placar se
abrir em favor do Galo. A marcação pressão funcionava, o América não tinha os
contra-ataques; Pratto jogando mais recuado como ponta de lança foi fantástico,
sua presença física era marcante frente aos volantes adversários e seu posicionamento
fora da área confundiu a titubeante zaga Americana, que por vezes saia à caça
do Urso deixando espaços às costas para lançamentos em direção a Carlos.
Entretanto, no
futebol quando você tem às chances, você tem que fazer. E talvez este tenha
sido o pecado alvinegro. A partir dos 30 minutos do primeiro tempo o Atlético
deixou de apresentar a concentração defensiva ideal. Victor Rangel em um lance
completamente fortuito quase fez um golaço de bicicleta, puxeta, pedalinho, ou
seja, lá o que foi aquilo. No lance seguinte, aos 33 do primeiro tempo em um
contra-ataque muito bem puxado, o atacante obrigou o zagueiro alvinegro Tiago a
parar o lance, cometer uma falta necessária e por consequência ser amarelado.
Passaram-se 10 minutos para acontecer o lance mais importante da partida.
Rafael Carioca recua uma bola morta, Tiago errou o tempo, a batata quente
queimou nos pés do desengonçado zagueiro, propiciando todo campo para Victor
Rangel. Em um movimento extremamente infantil Tiago agarrou o atacante, levou o segundo cartão amarelo e foi expulso, deixando o Atlético ainda no primeiro
tempo com 10 homens.
Terminaria assim o primeiro tempo com um zero a zero, com gosto de derrota pela expulsão do zagueiro.
Terminaria assim o primeiro tempo com um zero a zero, com gosto de derrota pela expulsão do zagueiro.
Na volta para
o segundo tempo o técnico Diego Aguirre foi ousado: Robinho entrou no lugar do
apagadíssimo Hyuri. Na defesa Carlos Cesar se transformou em zagueiro, Rocha
voltou a lateral e o time alvinegro havia partido para o tudo ou nada com 10
jogadores (importante pontuar que Carlos lesionado havia dado lugar a Clayton
ainda aos 41 minutos do primeiro tempo).
O incrível dessa história que o time ocupou tão bem os espaços que parecia que o jogo era 11 contra 11, inclusive pela marcação pressão empreendida pelo Atlético. Os jogadores se desgastaram, e muito. Fazer o que fizeram com um a menos por pelo menos 25 minutos no segundo tempo é digno de nota. Foi dos melhores comportamentos de um time com um jogador a menos que vi na minha vida como expectador de futebol. Robinho, Pratto e Clayton foram fantásticos, os três atacantes se multiplicaram em campo, gerando chances uma atrás da outra. A torcida entendendo a gravidade da situação protagonizou, talvez, uma de suas participações mais insanas. A Galoucura amigos, não parou de cantar, a torcida entrou em campo e foi o jogador faltante. Tal insistência foi premiada com o gol de Clayton, que surgiu em uma trama de Robinho com Pratto, que deixou Leandro Guerreiro com a bunda no chão para depois concluir em gol. O brilhante João Ricardo salvou mais uma, porém no rebote Clayton só teve o trabalho de empurrar para as redes. Galo 1x0, Mineirão em chamas, como há muito tempo não sentia – balançando.
O incrível dessa história que o time ocupou tão bem os espaços que parecia que o jogo era 11 contra 11, inclusive pela marcação pressão empreendida pelo Atlético. Os jogadores se desgastaram, e muito. Fazer o que fizeram com um a menos por pelo menos 25 minutos no segundo tempo é digno de nota. Foi dos melhores comportamentos de um time com um jogador a menos que vi na minha vida como expectador de futebol. Robinho, Pratto e Clayton foram fantásticos, os três atacantes se multiplicaram em campo, gerando chances uma atrás da outra. A torcida entendendo a gravidade da situação protagonizou, talvez, uma de suas participações mais insanas. A Galoucura amigos, não parou de cantar, a torcida entrou em campo e foi o jogador faltante. Tal insistência foi premiada com o gol de Clayton, que surgiu em uma trama de Robinho com Pratto, que deixou Leandro Guerreiro com a bunda no chão para depois concluir em gol. O brilhante João Ricardo salvou mais uma, porém no rebote Clayton só teve o trabalho de empurrar para as redes. Galo 1x0, Mineirão em chamas, como há muito tempo não sentia – balançando.
Fonte: Flávio Tavares. Hoje em Dia |
Na sequência,
o Atlético se trancou. Aos 19 minutos da segunda etapa, o bom Carlos Cesar, que
mesmo na zaga teve boa participação, com muita entrega, deu lugar ao experiente
Edcarlos. O América havia se enervado, a dupla de zaga estava amarelada,
pedindo para ser expulsa, fato que aconteceu aos 36 minutos do segundo tempo. O
jogo estava 10 contra 10, uma falsa impressão de alívio tomou o Mineirão, tanto
dentro de campo quanto na arquibancada. Os jogadores já extenuados por correrem
boa parte do jogo com um homem a menos (quem joga bola sabe da pressão física e
psicológica de ter que correr dobrado, correr por um companheiro ausente) deixavam mais espaço para um América desesperado.
E em um lance que claramente deu para notar a queda física do Atlético, o
Coelho empatou. Aos 38 minutos do segundo tempo, os jogadores já se
encontravam distantes, o alviverde avançou pela esquerda com Osman, que caminhou livre (Clayton, Rocha e Urso marcaram muito de longe, dava
para ver que ninguém tinha mais perna para uma marcação encurtada, todos
estavam extenuados) e encontrou Borges que fez o pivô para Danilo, o melhor
jogador da final, carimbar o título americano. Silêncio de uns 20 segundos seguido pelo último fio de esperança, materializado no imortal: "Eu Acredito"
Nos minutos finais puxando as últimas gotas de combustível o Atlético ainda teve duas oportunidades, a primeira com Pratto, que da marca do pênalti tentou acertar o ângulo de João Ricardo e acabou mandando para fora; e Edcarlos que no último lance chegou atrasado a mais um daqueles cruzamentos vadios, que estiveram à feição do Atlético.
Nos minutos finais puxando as últimas gotas de combustível o Atlético ainda teve duas oportunidades, a primeira com Pratto, que da marca do pênalti tentou acertar o ângulo de João Ricardo e acabou mandando para fora; e Edcarlos que no último lance chegou atrasado a mais um daqueles cruzamentos vadios, que estiveram à feição do Atlético.
Fonte: Flávio Tavares. Jornal Hoje em Dia |
O jogo
terminou, o América venceu o Campeonato Mineiro com méritos, a partir de uma
defesa sólida. O adversário foi extremamente feliz ao explorar as fragilidades dos rivais da capital: A ruindade do
Cruzeiro (que é time para brigar contra rebaixamento) e a falta de foco do Galo
(Aguirre e os jogadores se perderam nessa coisa de administrar duas
competições: o comandante com escalações questionáveis, e os comandados pela falta de
espírito de final, principalmente na primeira perna do confronto, que de fato foi determinante para a derrota no agregado).
Como analista
e principalmente como torcedor, tenho total consciência que a derrota não veio
por acaso, o Atlético apresentou falhas, e seu treinador deve ser
responsabilizado por algumas decisões equivocadas (principalmente o time do
primeiro jogo, e algumas escalações ao longo da primeira fase, como
no vexame contra o Tricordiano). Contudo, tomando uma licença poética da
bíblia: a Cesar o que é de Cesar e a Aguirre o que é de Aguirre.
Especificamente no jogo de hoje, o Uruguaio fez o que devia ser feito. O time jogou bem, é bom que se diga.
Especificamente no jogo de hoje, o Uruguaio fez o que devia ser feito. O time jogou bem, é bom que se diga.
Concluindo essa crônica de fechamento, nem tanto ao
mar nem tanto à terra caros Atleticanos. Tanto no 11 contra 11 quanto no 11
contra 10, diria que foi uma das melhores partidas do Atlético no ano, tanto na
execução da ideia proposta quanto na entrega dos jogadores em campo (e
comportamento da torcida). Todo mundo queria ganhar, eu, vocês, os jogadores, o
Aguirre. Todo mundo sabe que o segundo colocado é o primeiro dos perdedores,
mas vamos com calma Massa, temos duas guerras contra um
adversário tradicional do futebol brasileiro, e sinceramente com o espírito e a
torcida de hoje, acho que temos tudo para bater o São Paulo.
Por: @MhFernandes89
7 Comentários
Sua melhor análise enquanto blogueiro, Mad! Excelente! Excepcional! Complementando: 1. Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar mas.. A BOLA PUNE. Faço de suas palavras as minhas em relação à Comissão Técnica, porém, no Esporte que mais se transpira suor e resultados, uma hora a casa cai. Acredito que o confronto contra o SPFC será decisivo na sequência de Aguirre no clube. 2. O lateral direito com a alcunha Paulo César seria o Bayer, não? Nao me lembrava disso sobre o velho Mança! Rs Grande Abraço e parabéns pelo trabalho!
ResponderExcluirera o Baier mesmo, eu iria citar como segundo exemplo, mas acabei cortando. Aquilo foi um errinho de edição ja corrigido. Muito obrigado meu caro!
ExcluirÉ uma utopia tentar ser um crítrico imparcil tendo como alvo da analise o futebol do time pelo qual torcemos. Mas apesar dos deslizes ate que você chega perto Matheus.
ResponderExcluirSem duvidas que o atlético era o melhor time do campeonato mineiro de 2016. Porém umas das maiores graças do futebol é justamente a inexistência da prerrogativa do antropocentrismo que se difunde em outros esportes. Nos nao somos o dono da verdade e talvez ela nem exista e o futebol é um forte indício dessa pseudoteoria.
Os dois jogos da final foram burocráticos com qualidade tecnica discutível. Houve emocao de fato apenas nos instantes finais do jogo de ontem, principalmente depois do gol do atlético.
Tudo indica que teremos um brasileirao fraco com boas partidas isoladas e sem previsão, ou seja, será sorte conseguir assitir alguns bons jogos de futebol dentre as 380 partidas que iram se desenrolar.
A respeito do parênteses que dita sobre o Cruzeiro, vamos ponderar que se o Deivid continuasse as previsões eram pessimistas sim, mas acredito que qualquer outro treinador consiga estabelecer um mínimo de padrão de jogo e teremos um campeonato razoável com a SORTE de quem sabe chegar a brigar por uma vaga na libertadores no fim do ano. O elenco de fato é limitado mas se compararmos aos adversarios nao vejo muitos times superiores e pelo contrario vejo varios em situação bem pior.
Espero que esse Mineiro seja um alento ao time do América para que possa ao menos se manter na elite do futebol nacional. Pata isso assegurar a permanencia do otimo goleiro Joao Ricardo é primordial.
Nó Militão! Grande intervenção meu caro. Assim, ninguém é dono da verdade, inclusive cada sujeito tem um olhar diferente da coisa. Agradeço demais a participação tendo em vista que você, como grande cruzeirense e entendedor de futebol que é. Certamente tem uma visão mais panorâmica da coisa.
ExcluirConto com a sua presença, e principalmente com a sua crítica em outros textos para que em momentos futuros, até numa relação mais dialética da coisa, tanto eu quanto os demais blogueiros possamos aprimorar nosso argumento.
Grande Abraço meu caro!
Excelente análise quanto a final do Campeonato Mineiro. Parabéns pelo texto, Matheus!
ResponderExcluirmuito obrigado novamente pela visita meu caro! conto sempre com a leitura de grandes atleticanos como vc!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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