Antes do
início da competição, o Linha de Fundo trouxe o Guia do Campeonato Mineiro 2016, apresentando cada um dos times, além das pretensões e a preparação de
cada um. Em todo campeonato temos as surpresas, decepções, os destaques
individuais e, claro, o grande campeão. Com o término da competição no último
domingo (08), detalhamos o balanço, cujos principais pontos permeiam o que aconteceu
de melhor em um dos principais estaduais do nosso país.
A primeira
fase, que se iniciou no dia 31 de janeiro e contava com doze times, tinha como
objetivo, definir quatro classificados para às semifinais, três classificados
para a Série D e dois rebaixados para o Módulo II. Com a exceção dos dois
maiores da capital - principalmente o time azul - as onze rodadas foi marcada
pelo grande equilíbrio entre as equipes.
Força do interior: apenas em Patos de Minas
Principalmente
pela grande tradição na competição, Tupi, Caldense e Villa Nova, eram
teoricamente os três favoritos no interior a chegarem às semifinais, mas não
foi o que aconteceu. O Tupi (9º), que disputará a Série B do Brasileirão, não
brigava por vaga na Série D, mas decepcionou ao ficar de fora da segunda fase.
A Caldense (5º) e o Villa Nova (6º), ainda ficaram nas melhores colocações
entre as equipes que não se classificaram, garantindo suas vagas na Série D.
Com campanhas
já esperadas, Tricordiano (7º) e Tombense (8º) ficaram no meio da tabela,
assim, escaparam do rebaixamento. Após conquistar o Módulo II na temporada
passada, o Uberlândia (10º) teve um início espetacular - foram quatro vitórias
nas cinco primeiras rodadas - e surgiu como o grande candidato a representar
bem o interior na elite. Porém, perdeu o embalo e foi apenas ''fogo de palha'',
ficando uma posição acima da zona da degola.
O Boa Esporte
com certeza foi a maior decepção. O clube que vinha de um rebaixamento na Série
B em 2015 tinha o Campeonato Mineiro como grande chance de dar a volta por
cima, mas segurou a lanterna. Nas últimas duas participações, o Guarani-MG
vinha lutando contra o rebaixamento e permanecendo na 10ª colocação. Porém,
nessa temporada não repetiu o feito, o time de Divinópolis se juntou ao de
Varginha e ambos foram os rebaixados.
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URT mostrou a força do interior mineiro (Foto: URT/Divulgação) |
Entretanto,
quem surpreendeu positivamente foi o URT, que bateu de frente com América-MG,
Atlético-MG e Cruzeiro. A campanha na primeira fase - cinco vitórias, quatro
empates, duas derrotas e a invencibilidade contra os times da capital - deu ao
clube a terceira colocação e, consequentemente, a classificação para às
semifinais. Além do título do interior e uma das vagas na Série D do
Brasileirão.
Capital não convence na primeira fase, mas confirma
favoritismo
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O Cruzeiro teve a melhor campanha da primeira fase (Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press) |
Na primeira
fase, a Raposa teve o melhor desempenho, conquistando o maior número de pontos
e se classificando com grande tranquilidade na liderança, sem ter se quer uma
derrota. Apesar da vantagem construída, a torcida pôde ver um time mal treinado
e sem um bom entrosamento, e falhas grotescas recorrentes. Enquanto os jogadores contavam com a sorte, a cada partida
a paciência dos cruzeirenses era menor, diante de um time sem criatividade,
vontade e praticamente sem um técnico. ''Cruzeiro
vence, mas não convence'' essa foi à frase mais usada durante os confrontos
vencidos pela equipe, o que era seguido de um “Fora Deivid”. Ficou provado que o comandante tinha de tudo para poder mostrar para
todos que servia mais que um auxiliar, entretanto não mostrou o serviço que
tanto garantiu.
O Galo, -
priorizando a disputa da Libertadores - foi outro grande que não convenceu, mas
também não decepcionou. Tal contraste se estabeleceu por uma questão
estratégica. Diego Aguirre tratou a primeira fase do estadual como uma extensão
da pré-temporada e até mesmo como uma espécie de laboratório - o famoso
rodízio. Nesse sentido, trinta e três jogadores tiveram a oportunidade de
mostrar serviço ao longo dos onze jogos da fase inicial. O Campeonato Mineiro
foi de estatísticas dominantes para o Atlético-MG, porém o estilo de jogo mais
“frio” e alguns tropeços - seja por conta de uma escalação mais frágil, seja
pela falta de compreensão dos jogadores ao jeito de ver futebol do novo técnico
- foram um fator de preocupação, principalmente para a torcida, que questionou
muito o trabalho de Diego Aguirre. Certamente a primeira fase foi positiva para
treinador, jogadores e diretoria conhecerem o modelo que tentam implantar, a
consequentemente fazerem os ajustes necessários tanto para o restante da
Libertadores quanto para o Campeonato Brasileiro.
Já o Coelho,
foi o que mais sofreu para se classificar, chegando à última rodada com chances
de ficar de fora das semifinais. Recém-promovido a Série A do Brasileirão, o
time teve algumas perdas importantes em relação aos jogadores da temporada
passada. Com a chegada de muitos jogadores e a indefinição do esquema tático em
alguns momentos, a equipe de Givanildo Oliveira se alternou entre atuações boas
e ruins, o que é normal quando acontecem mudanças. Apesar de alguns tropeços
contra times menores, o América-MG chegou fortalecido e com um esquema definido
para o mata-mata, já que havia feito dois bons clássicos contra Atlético-MG e
Cruzeiro, onde empatou com ambos na primeira fase.
Contudo, o
favoritismo prevaleceu e os três clubes avançaram de fase, restando apenas o
URT para representar o interior. Com a chegada da fase decisiva, ficaram
definidos os confrontos entre o 1º x 4º e 2º x 3º, como era previsto pelo
regulamento. Portanto, Cruzeiro x América-MG e Atlético-MG x URT, eram o
duelos.
Fase decisiva
A invencibilidade
da Raposa não durou o bastante, o primeiro deslize veio acontecer no primeiro
jogo das semifinal, onde o Coelho conseguiu uma boa vantagem ao vencer por 2 a
0 no Independência. No jogo da volta, o time estrelado parou na boa marcação do
América-MG, que veio com uma proposta de jogo defensiva e segurou o 0 a 0 no
Mineirão. Pelo segundo ano consecutivo não participou de uma final do
Campeonato Mineiro.
Na outra
semifinal, o URT novamente foi um adversário difícil de ser derrotado, onde
enfrentou de igual para igual o Atlético-MG no jogo de ida e ficou duas vezes
na frente do placar, que terminou em 2 a 2. Porém, no horto ocorreu a primeira
derrota da veterana para um time da capital na competição, onde o Galo venceu
por 2 a 0. A possibilidade de ''zebra'' chegou ao fim após a eliminação do time
de Patos Minas para o de Belo Horizonte, que avançou para a final.
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América-MG e Atlético-MG decidiram o Campeonato Mineiro (Foto: Bruno Cantini/Flickr do Atlético-MG) |
A reedição da
final de quatro anos atrás se repetiu: América-MG e Atlético-MG se enfrentaram
em duas partidas para decidir o campeão. O Coelho, que não conquistava a
competição desde 2001, tinha a chance da revanche de 2012 e quebrar o longo
jejum de quinze anos sem o título. O Galo, por sua vez, buscava defender o
título para chegar à sua 44ª conquista e abrir ainda mais vantagem como o time
que mais levantou a taça na história da competição.
América-MG fica com o título
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O América-MG chegou ao seu 16º título estadual (Foto: Moisés Silva) |
Após fazer uma
campanha melhor que o adversário na primeira fase, o Atlético-MG começou a
decisão em condições mais favoráveis, jogava por dois resultados iguais e decidiria
como mandante - o Mineirão foi o local escolhido pelo Galo. Porém, o América-MG
conseguiu reverter o revés logo na primeira partida, onde venceu no
Independência por 2 a 1 e abriu vantagem na final. Na segunda partida, o
adversário saiu na frente, mas o Coelho buscou o empate e ficou com o título.
Desde 2005, quando o Ipatinga conquistou o campeonato em Minas Gerais, não
tínhamos um campeão que não fosse Cruzeiro e Atlético-MG.
Artilharia
O ataque do
Atlético-MG foi avassalador (destaque para as goleadas frente ao Villa Nova e a
Tombense): foram marcados 31 gols em 15 jogos, distribuídos entre 10 jogadores.
Porém, individualmente, o maior destaque foi para o mais novo ''xodó'' da
torcida do Galo. Robinho (Foto: Bruno Cantine/CAM) foi artilheiro do time e da
competição com nove gols marcados.
Por: Marcelo Júnior || Twitter: @marcelinjrr
Com colaboração de Matheus Fernandes || Twitter: (@MhFernandes), Paula || Twitter:(@Paulinha_CEC) e Francisco Borja || Twitter: (@BorjaFrancisco_)
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