TrĂªs tĂ©cnicos em menos de 12 meses (completamente
antagĂ´nicos), contratações midiĂ¡ticas e nada produtivas, uma defesa para lĂ¡ de
amadora (todas as peças, sem exceĂ§Ă£o) e principalmente: Erros graves de
planejamento (até uma criança que nada entende de futebol sabia que Douglas
Santos e os equatorianos seriam convocados à Copa América). O atleticano
poderia pensar que estou me referindo a 2004, 2005, 2008, 2010, 2011, anos
negros, terrĂveis, quando de joelhos atravessamos os sete portões do inferno.
PorĂ©m nĂ£o, Ă© 2016. SequĂªncia de um dos perĂodos mais vitoriosos da histĂ³ria do
clube (sendo que até a velha raça, presente nesses anos com times patéticos
estĂ¡ em falta).
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Fonte: esportes.opovo.com.br |
Eu esperava sinceramente aqui
hoje dizer que vencemos o ClĂ¡ssico que nos deu a liderança do BrasileirĂ£o, que
o time, mesmo com a classificaĂ§Ă£o para as finais da Libertadores, nĂ£o havia
baixado o ritmo; Que Levir, o burro com sorte, era considerado melhor técnico
do Brasil pelo futebol ofensivo que seu time apresentou no tĂtulo Mineiro e na
campanha invicta no torneio continental.
A mĂ¡quina alvinegra estava voando, Jemerson havia recusado a proposta
monegasca, era dono da defesa alvinegra, tido como futuro da seleĂ§Ă£o Canarinho
(inclusive com saĂda quase certa no meio do ano para o Manchester City, pedido
pessoal de Pep Guardiola).
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Fonte: Portal Superesportes. |
Esse meus amigos, era o presente
que eu esperava, um futuro que dava como certo. Mas nĂ£o passou de sonho, uma
sequĂªncia infindĂ¡vel de lambanças nĂ£o deixou acontecer, e o que temos aqui, pĂ³s
mais uma derrota para o Cruzeiro (e o que Ă© mais lastimĂ¡vel, pelo menos se
fosse para o Cruzeiro de TostĂ£o, de Nelinho, de Marcelo Ramos, de Alex, atĂ© era
compreensĂvel, mas Ă© para um time fraquĂssimo, o pior Cruzeiro dos Ăºltimos 30
anos, sĂ³ nĂ£o Ă© mais feio que aquele da dĂ©cada de 80, feito de gato e sapato por
Reinaldo e companhia) Ă© um cenĂ¡rio digno dos piores anos de nossa histĂ³ria. O
jogo de hoje foi didĂ¡tico, para enxergarmos a quantidade erros cometidos, nĂ£o
nesse domingo, mas desde novembro, dezembro do Ăºltimo ano.
A começar pela escalaĂ§Ă£o que foi
a campo. Marcelo Oliveira mandou a campo um 4-3-3 com Victor, Rocha, Gabriel,
L.Silva e Patric na linha defensiva; Carioca, era primeiro volante; Donizete e
Urso alinhados à sua frente; Robinho e Carlos nas pontas, e o recém chegado
Fred (que nĂ£o fez nem um treino com o time e jĂ¡ estava em campo dada tamanha
carĂªncia de jogadores) como centroavante.
O primeiro tempo começou com o
expediente de costume no Horto, grito da torcida, marcaĂ§Ă£o alta e pressĂ£o.
Robinho em um primeiro momento ocupava o centro do ataque, atrĂ¡s de Fred,
Carlos caia para a esquerda e entrava na diagonal fazendo uma dobra com Patric
(embora o jovem atacante tivesse ficado mais embolado com Fred do que desse
amplitude ao jogo), enquanto Urso se descolava da linha de volantes e era o
suporte para Marcos Rocha, que de lateral nĂ£o tinha nada, era um ponta, jogava
muito avançado. Os primeiros minutos foram de total domĂnio atleticano (talvez
os Ăºnicos). Logo aos 6 minutos em cobrança de escanteio pela direita, Urso
subiu sozinho e cabeceou para fora; aos 7 minutos, Carlos saiu cara a cara com
goleiro do Cruzeiro, porĂ©m deixou a bola escapar para as mĂ£os de FĂ¡bio; aos 13:
trama pela esquerda, fora do lance Lucas segurou Carlos na entrada da Ă¡rea –
falta. Carioca bateu com força, bola desviou na barreira morrendo no fundo do
gol. Atlético 1 x 0 Cruzeiro.
O prosseguimento do jogo se deu
como um filme repetido, um disco velho. O Atlético se sentou na sua vantagem,
simplesmente parou de jogar e em apenas 5 minutos (aos 18 do primeiro tempo) o
Cruzeiro jĂ¡ empatara. SaĂda de bola com Patric, um destro que nĂ£o Ă© dos mais
habilidosos, jogando como lateral esquerdo e deu o Ă³bvio, uma atravessada
completamente torta, equivocada, de alguĂ©m que nĂ£o Ă© da posiĂ§Ă£o e estava
jogando em um terço crĂtico do gramado, onde nĂ£o Ă© permitido erro. Bola
roubada, esticada para Arrascaeta que livre encontrou Alisson, que sĂ³ teve o
trabalho de empurrar para as redes Atlético 1 x 1 Cruzeiro. Nesse lance duas
chagas desse elenco de 2016 ficaram nĂtidas, a falta de um lateral esquerdo de
ofĂcio e um zagueiro rĂ¡pido. Leo Silva do lado esquerdo saiu 10 metros antes e
chegou 10 metros depois de De Arrascaeta, mas também pudera, o zagueiro no auge
de sua forma nunca foi dos mais rĂ¡pidos, imaginem jĂ¡ veterano (foi, Ă©, e serĂ¡
preza fĂ¡cil para atacantes rĂ¡pidos).
O jogo ficou ruim para o Galo,
erros de passe em profusĂ£o atrapalharam demais o alvinegro que oferecia aos
celestes contra-ataque atrĂ¡s de contra-ataque. Em um deles, por exemplo, aos 30
minutos Elber saiu cara a cara com Victor, tentou um toque por cima, mas o goleiro
se recuperou bem; e no Ăºltimo lance de perigo do primeiro tempo (44 minutos)
Arrascaeta saiu livre nas costas de Patric, passou por Victor, mas foi abafado
por Leonardo Silva na hora do passe. O Cruzeiro sĂ³ nĂ£o virou o primeiro tempo
em vantagem porque seus atacantes foram muito incompetentes com a bola nos pés.
O Atlético jogou futebol por
apenas 10 minutos, o restante foram erros, erros e mais erros. Mesmo da
arquibancada minha impressĂ£o era que o castelo de areia se rompesse a qualquer
momento, o time nĂ£o atuava bem. Falhas grotescas e recorrentes foram repetidas,
e mais um filme de terror era previsto para os 45 minutos finais.
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Fonte: Portal Superesportes |
O segundo tempo começou com
Marcelo tentando resolver o problema da lateral esquerda com a entrada de
Carlos Cesar no lugar de Jr. Urso (que nĂ£o fazia boa partida). Na teoria a
mexida foi boa, Carlos Cesar defensivamente Ă© dos melhores jogadores do
Atlético, e sempre se mostrou seguro quando acionado, sendo pela direita, sua
posiĂ§Ă£o de origem seja pela esquerda. Contudo, como um cobertor curto, a saĂda
de Urso deixava o outro lado, o direito, mais exposto. Rocha nĂ£o teria o apoio
que precisava. Parecia que estava cantando a pedra do estĂ¡dio: Aos 3 minutos do
segundo tempo, Arrascaeta (sempre ele) passou pelos defensores que cobriam a
defesa da direita atleticana como se passasse por cones, Victor demorou a
reagir, demorou a abafar o uruguaio, que chutou a gol, a bola passou por
debaixo do goleiro (nĂ£o foi um frango, mas era uma bola defensĂ¡vel para o
goleiro do porte do nosso camisa 1) ficando Ă feiĂ§Ă£o de Riascos (aquele mesmo
que foi pra bola...que fase amigos). Atlético 1 x 2 Cruzeiro.
O caldo aĂ jĂ¡ tinha entornado,
todo arremete de esquema tĂ¡tico que havia sido pensado para o segundo tempo,
cairia com apenas 3 minutos. O AtlĂ©tico que nĂ£o estava bem, agora tinha mais um
fator complicador, os nervos e a tensĂ£o do horto atrapalhavam ainda mais o
desenvolvimento do time, passes e mais passes errados. O Cruzeiro sĂ³ nĂ£o foi
mais perigoso, pois também abdicou do ataque, recuando perigosamente. O Galo
meio que aos trancos e barrancos foi ganhando terreno até que aos 10 minutos da
segunda etapa, Robinho descobriu Patric solto na esquerda que cruzou bem para
dentro da Ă¡rea para Fred, fazer o que melhor sabe: empurrar a bola ao barbante.
AtlĂ©tico 2 x 2 Cruzeiro. Talvez esse tenha sido o ponto bom do jogo. O tĂ£o
falado centroavante (visto que todos concordaram que Pratto Ă© um excelente
segundo atacante), o cara que vai colocar a bola pra dentro, peça tĂ£o declamada
em verso e prosa desde o segundo semestre do ano passado (mas aĂ pergunto a
vocĂªs amigos torcedores, o AtlĂ©tico fracassou no negĂ³cio com Calleri, nĂ£o era o
caso de ter buscado outro nome ainda na pré-temporada? Todos sabiam da
dificuldade de Pratto em jogar de costas para o gol. NĂ£o seria o caso de buscar
esse cara - nĂ£o necessariamente o Fred, mas um 9 de ofĂcio?).
No minuto seguinte, confusĂ£o.
Ataque do Cruzeiro, Bryan e Marcos Rocha se desentenderam, uma chinela voou a
campo e confusĂ£o armada. Os dois atletas supracitados foram expulsos. Fred e
Henrique amarelados. Ă“bvio que a confusĂ£o favorecia aos visitantes, Marcos Rocha
Ă© muito mais jogador que Bryan deram um jeito bom de desacelerar o jogo, que
ameaçou ficar como nos primeiros minutos do primeiro tempo.
Como previsto o Atlético perdeu
totalmente concentraĂ§Ă£o, e em uma sequĂªncia de faltas laterais e corners, o
Cruzeiro foi ensaiando o que seria o gol da vitĂ³ria, bateram umas trĂªs bolas do
mesmo lado, atĂ© que na Ăºltima delas Arrascaeta (trĂªs assistĂªncias), encontrou a
cabeça de Bruno Rodrigo na primeira trave. Atlético 2 x 3 Cruzeiro aos 18
minutos do segundo tempo.
Os treinadores usaram o banco de
reservas: para segurar o jogo Paulo Bento colocou em campo Allano no lugar de
Alisson, Bruno Ramires no lugar de Elber e o zagueiro FabrĂcio no lugar de
Riascos. Enquanto Marcelo Oliveira sacou Robinho dando lugar a Clayton, Carlos
para a entrada de Carlos Eduardo. O
Cruzeiro obviamente queria segurar o resultado, recuou novamente para tentar
matar um jogo em um contra-ataque, e o Galo tentava atabalhoado o gol de
empate, entretanto as alterações pouco surtiram efeito. Clayton, badalado pelo
dinheiro investido em uma concorrĂªncia vencida a duras penas contra os gigantes
de SĂ£o Paulo nada acrescentou pelo lado direito, jĂ¡ Carlos Eduardo, esse eu nĂ£o
sei nem porque foi contratado, jogo simplesmente nĂ£o evolui quando chega ao seu
pĂ©. SĂ£o toques laterais apenas, muito pouco para um cara que deveria ser ao
menos criativo.
Nessas horas me pergunto porque
nĂ£o subiram das categorias de base os meias Thalis e Felipinho. Os dois sĂ£o da
posiĂ§Ă£o, sĂ£o meias-centrais, sabem fazer a movimentaĂ§Ă£o da posiĂ§Ă£o, sabem
distribuir o jogo. Se as categorias de base devem suprir as necessidades
imediatas do profissional, por que nĂ£o uma chance a um dos dois ou aos dois?
Junior Urso nĂ£o Ă© meia, Donizete nĂ£o Ă© meia, Patric nĂ£o Ă© meia, Robinho nĂ£o Ă© meia.
Os dois sĂ£o. Pelo que acompanho, ambos podem ser muito Ăºteis a um time carente
de ideias atĂ© a volta do selecionĂ¡vel Cazares e do frequentemente contundido
DĂ¡tolo.
NĂ£o aconteceu muita coisa entre o
terceiro gol do Cruzeiro e o final da partida, apenas mais do mesmo jĂ¡
descrito. Erros de passe, erros de posicionamento, erros de escolhas (mesmo com
a expulsĂ£o de Lucas Romero, nada mais poderia ser feito, era apenas um bate e
volta na frĂ¡gil defesa celeste, que mesmo sendo fraca nĂ£o foi vazada). O AtlĂ©tico
tem o pior inĂcio de campeonato em pelo menos uns 10 anos, e olha que fizemos
campanhas pĂfias nesse meio tempo. Como coloquei nos primeiros parĂ¡grafos, era
difĂcil imaginar um começo de temporada assim, entretanto uma sucessĂ£o de erros
de planejamento jogou o ano do Galo no lixo, desde a ruptura de um trabalho
vitorioso; a escolha de uma nova metodologia tĂ©cnico e tĂ¡tica (Ultraofensivo
Levir pelo defensivista Aguirre), erros de prioridades em contratações (um
grande zagueiro para o lugar de Jemerson seria mais Ăºtil que Robinho; um
centroavante logo de inĂcio, um lateral esquerdo decente para a reserva, e
cabeças pensantes para o meio campo – havĂamos perdido Guilherme e Giovanni
Augusto, que querendo ou nĂ£o, faziam a funĂ§Ă£o, e para o lugar de ambos chegou
apenas Cazares, selecionĂ¡vel, todo mundo sabia que o Equatoriano nos
desfalcaria por seguidas rodadas por conta da Copa América).
Remetendo a uma metĂ¡fora do
automobilismo: carro mal nascido, mal pensado pelos engenheiros raramente ganha
corridas, e muito menos campeonatos (um desses inclusive matou Ayrton Senna). O
AtlĂ©tico de 2016 foi um time mal nascido, mal pensado e estĂ¡ sendo mal gerido.
A bola pune incompetĂªncia.
Estamos vivendo dias de um
passado esquecido. Um passado de NĂ©lio Brant, Ricardo GuimarĂ£es, Ziza
Valadares. Espero acordar logo desse pesadelo.
Por:
@Mhfernandes89
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