O ritmo frenético da Série B ENGOLFOU o Bahia. Em 21
dias, SETE jogos e SEIS derrotas, com demissão de treinador, interino
comandando e Guto Ferreira assumindo sem tempo para conhecer elenco e ajustar time
Bahia despencou na tabela e pior, viu o desempenho atingir um nível tão
horroroso que a impressão é que caiu em um poço sem fundo.
A última dessas derrotas foi ontem à noite contra o
Vila Nova, em plena Arena Fonte Nova, pelo escore mínimo. Uma atuação para
envergonhar qualquer tricolor, uma das piores de uma temporada que, até aqui, é
desastrosa tanto em resultados quanto em desempenho. O Bahia entra no mês de
julho com uma equipe sem padrão, sem automatismo na forma de atuar e com um
modelo de jogo anacrônico e sem a intensidade necessária para competir de forma
satisfatória.
Diante da equipe goiana Guto tentou recorrer ao
4-2-3-1 de sempre, com Cajá centralizado e Junio/Danilo como extremos. Mas
falar de sistema de jogo é INÓCUO neste momento. Um amigo confidenciou: "esperava que Guto implantasse um esquema
tático revolucionário". Este é um erro de avaliação bem comum;
imagina-se que a simples alteração das posições iniciais dos jogadores trará um
impacto grande ao time, quando na verdade se os mecanismos, movimentações e
princípios de jogo não tiverem bem afinados, sistema nenhum funcionará. Futebol
não é TOTÓ.
O Bahia ainda se ressente das deficiências do modelo
implantado por Doriva: Time é reativo, mas incapaz de ter uma transição
ofensiva rápida o suficiente para encaixar bons contragolpes; não sabe propor
jogo quando o adversário se retrai; não aproxima, não cria superioridade numérica
por setor e não ocupa todos os espaços do campo; não possui intensidade nas
ações ofensivas e defensivas. Até a recomposição e compactação defensiva que
eram boas até mês passado sumiram com a falta de confiança do time. Na fase
ofensiva é uma equipe sem criatividade e velocidade, presa, que não infiltra na
área adversária e que não sabe criar volume ofensivo e possui péssimo
aproveitamento de finalizações.
Diante desse cenário é de LOUVAR
AOS CÉUS o intervalo de dez dias até o próximo compromisso contra o Sampaio
Corrêa. O clube já havia definido uma mini intertemporada em Porto Seguro - o
que calhou melhor ainda depois de declarações fortes no pós-jogo. O presidente
Marcelo Sant'anna deixou claro que haverá dispensas de jogadores e até mudanças
no departamento de futebol. Guto - que já havia falado na possibilidade de
contratações antes - foi mais enfático e disse que mudanças no elenco são
fundamentais, além de criticar o condicionamento físico da equipe [Doriva
também criticou quando demitido] o que deixa a situação o preparado Reverson
Pimentel bastante delicada.
O Bahia precisará RESETAR a
temporada de 2016 em pleno julho. A seu favor o fato de ter mais tempo entre os
jogos nesse mês [serão 5 nesse mês, foram 8 no mês de junho] e outra pausa de
quase 20 dias em agosto. A comissão técnica precisará adaptar os jogadores a um
novo modelo de jogo, inserir os elementos que faltam para fazer a equipe jogar
um futebol competitivo e recuperar a confiança dos atletas.
Que o Bahia tenha atingido o
fundo do poço após essa derrota. E use o fundo do poço para tomar impulso e
voltar a ter um desempenho que o credencie novamente a sonhar com acesso. A
realidade hoje não permite isso.
NOTAS
SOBRE O VEXAME
- Destaque e importantíssimo no
único triunfo nessa fase negra, Gustavo Blanco foi sacado do time para o
retorno de Juninho. Sem ele a dinâmica da equipe caiu muito. Juninho abusa dos
lançamentos longos e inversões, e tem sido displicente e lento na saída de
bola. O garoto da base merece mais oportunidades;
- Único destaque positivo da
noite foi Jean. O goleiro voltou a se destacar, assim como na derrota contra o
Ceará. Mostrando o potencial que possui e diminuindo a desconfiança que a maior
parte da torcida possui dele.
- Bahia conseguiu uma marca
HISTÓRICA e provavelmente ÚNICA. Perdeu as quatro partidas para os times que
subiram da Série C [Londrina, Tupi, Brasil de Pelotas e Vila Nova] em um mesmo
turno, duas em casa, em um intervalo de 15 dias. Digno de GUINESS BOOK.
- Bahia está em NONO, mas pode
terminar a rodada em 12º [nunca atingiu posição tão baixa na Série B 2015]. Com
a meta de conquistar 20 pontos a cada 30 disputados, se conseguir esse
desempenho até o fim do campeonato atingirá 66 pontos, no limite do acesso
segundo os matemáticos. Traduzindo: Não há mais espaço para erros.
Em 2015 Bahia se manteve próximo ao G-4 por quase todo campeonato. Em 2016 derrocada veio cedo. Mas tem tempo ainda |
ALEX ROLIM - @rolimpato - #BBMP
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