Pode
tudo isso parecer um sonho sem fim, desde 2013 a Chapecoense vive uma
fase incrível, o vice-campeonato da Série B e o acesso, no ano
seguinte muito sofrimento, mas também de vitórias sensacionais
contra gigantes do futebol brasileiro. Em 2015 além de voltar
aprontar nacionalmente, foi também a vez de estrear
internacionalmente, foi na Copa Sul-Americana que começou levar seu
nome para a América do Sul, a eliminação nas quartas de finais
para o River Plate ficou em segundo plano, o até então campeão da
Libertadores da América sentiu a pressão e a força da torcida na
Arena Condá, a vitória sobre os Argentinos deu moral e muita
experiência.
Fernando
Remor/Mafalda Press/Gazeta Press
|
Chegamos
então em 2016, no primeiro semestre imbatível, ficando até 14
jogos invicto, foi inevitável e indiscutível a conquista do
Campeonato Catarinense sobre o Joinville, debaixo de um dilúvio que
caiu em Chapecó durante a partida de volta da grande final. Ainda
era pouco para o Verdão, pela primeira vez avançou para as oitavas
de finais da Copa do Brasil, momento difícil, escolher seguir na
competição nacional ou ser eliminado e voltar a viver um sonho
novamente Internacionalmente?
Escolhemos
novamente pela Sul-Americana, o sorteio ajudou o Verdão, primeiro na
escolha do adversário brasileiro, o Cuiabá foi a primeira vítima,
depois o Independiente, maior campeão da Taça Liberadores da
América, uma classificação sofrida, como é a vida Chapecoense.
Chegamos
novamente as quartas de finais, o adversário uma das equipes mais
tradicionais da Colômbia, dona do estádio que a seleção
Colombiana leva suas partidas, e a mais de 7 mil quilômetros de
Chapecó, o Júnior de Barranquilla.
A
partida de ida na Colômbia foi desgastante, o plano da diretoria em
fretar um voo não deu certo, entre o desgaste do empate contra o
Cruzeiro em Minas, os atrasos em aeroportos durante a viagem, e o
calor de 40°C, fizeram os jogadores sentir em campo, mas a derrota
por 1x0 não abalou a comissão técnica, jogadores, diretoria e
muito menos os torcedores.
No
duelo da volta, uma união que fez realmente a diferença, a torcida
fez a diferença, na recepção a rua de fogo passou aos jogadores
uma energia positiva, e comigo vendo tudo isso de perto, tive a
certeza antes mesmo da bola rolar, que sairíamos classificados.
O
sonho de ser o primeiro semifinalista catarinense em uma competição
internacional se realizou, em campo os jogadores ouviam uma torcida
apaixonada, louca, que mostravam que se a bola não quisesse entrar
por bem, entraria pelo grito, pelo incentivo de mais de 13 mil
torcedores.
A
Chapecoense foi aniquiladora, o clima era de final, e por incrível
que pareça, assim como foi na final do Catarinense, um dilúvio caia
em Chapecó bem durante a partida. O gramado cheio de poças de água
poderiam prejudicar o futebol veloz do Verdão? Não, hoje nada nos
impediria, era uma noite Chapecoense.
Era
uma partida de ataque contra defesa, um verdadeiro bombardeio verde e
branco, logo aos 10 minutos uma chance incrível desperdiçada por
Tiaguinho, que após cabeceio de Neto e defesa de Viera, mas o
atacante não conseguiu finalizar bem, e o goleiro uruguaio voltou a
salvar os visitantes.
Aos
23 foi a vez da trave salvar, após cruzamento da direita, Gimenez
como centroavante apareceu em meio a zaga e finalizou, a bola
explodiu no travessão. O gol era questão de tempo, os Colombianos
estavam perdido em campo, e ele chegou aos 35 minutos, depois de
cruzamento de Bruno Rangel, Ananias estava lá para empurrar para o
fundo das redes e explodir a Arena Condá.
O
resultado levava a decisão para os pênaltis, mas não, Gil acabou
com essa possibilidade ainda no primeiro tempo, aos 43 minutos
aproveitou a bola sobrar livre, bater de primeira, rasteiro, a bola
passou por todo mundo e morreu dentro do gol de Viera.
No
segundo tempo nada mudou, o Verdão queria mais, buscava liquidar de
vez a partida, Cléber Santana quase fez isso logo com 3 minutos,
após cobrança de escanteio ensaiada, chutou de primeira, passando
raspando da trave. Depois foi a vez de Rangel quase marcar, a defesa
falhou e caiu nos pés do artilheiro, que de esquerda chutou em cima
de Viera.
Laion
Espíndula
|
O
relógio ia passando, o torcedor não parava nenhum minuto de cantar,
e pode comemorar a classificação aos 31 minutos, quando Gil cruzou
e Thiego, o zagueiro artilheiro de cabeça desviar e marcar o
terceiro, liquidando a partida. Foi só esperar o apito final do
árbitro para a Arena Condá enlouquecer de vez.
Foi
assim que escrevemos mais uma página na história da Chapecoense,
muita luta, e união, fazendo aquele time que saiu da falência, que
buscava um calendário para toda temporada, e que era desrespeitado
pela imprensa Catarinense, chegar a uma semifinal da Copa
Sul-Americana, aguardando o duelo desta quinta-feira entre San
Lorenzo e Palestino, os argentinos levam vantagem pela vitória por
2x0 na Argentina.
Não
existem palavras para descrever o amor que sinto pela Associação
Chapecoense de Futebol, feliz de quem está vivendo para ver de perto
e ter histórias para contar a seus filhos e netos, momentos
históricos que estamos vivendo e ainda vamos viver. As lágrimas que
escorrem pelo rosto de felicidade mostram que a Chapecoense não é
só um clube como os outros, é uma família, é o verdadeiro ORGULHO
DA REGIÃO!
Marcelo
Weber || @acfmarcelo
0 Comentários