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O trabalho a longo prazo do Nice

A atual temporada francesa tem sido um tanto quanto atĂ­pica. Levando em conta a soberania imposta pelo time da capital nos Ăºltimos anos, muitos imaginavam mais um campeonato sem sustos para o PSG, que iniciou a competiĂ§Ă£o vindo de quatro tĂ­tulos consecutivos. PorĂ©m, passadas onze rodadas, vemos outro time na ponta e isso Ă© fruto de um trabalho feito a longo prazo.
Claude Puel plantou bons frutos antes de deixar o Nice (Foto: AFP)
Tudo começou a cinco temporadas, quando Claude Puel chegou e mudou a filosofia de futebol do Nice, antes de partir para a Inglaterra. AlĂ©m de "revolucionar" o jogo do time em si, o francĂªs tambĂ©m mudou a concepĂ§Ă£o das categorias de base do clube. Junto do Lyon, o Nice atualmente Ă© o clube que mais utiliza jogadores caseiros, sendo 30/42 dos seus atletas formados pelas categorias de base.

Vindo de um trabalho conturbado no Lyon, o tĂ©cnico chegou ao clube e rapidamente implantou seu estilo de jogo. Um time que jogava de forma rĂºstica atĂ© entĂ£o, passou a apresentar um futebol vistoso, dentro de suas possibilidades, Ă© claro. Sempre no 4-1-2-1-2, com zagueiros de bom passe e meios-campistas talentosos, a caracterĂ­stica mais marcante foi jogar em funĂ§Ă£o de um meia, que consequentemente assumia protagonismo na equipe.

Para a atual temporada, Claude Puel deixou o comando tĂ©cnico, dano lugar a Lucien Favre. Dentro de campo, o time tambĂ©m perdeu a sua principal estrela, o franco-tunisiano Hatem Ben Arfa, que se transferiu para o Paris Saint-Germain.


O presidente Jean-Pierre Rivere se mexeu no inĂ­cio da temporada (Foto AFP: Getty Images)
Em contra-partida, Aiglons se mexeram bem e o novo tĂ©cnico recebeu reforços, ao ponto de ter um time competitivo. Entre eles, estĂ£o nomes de peso, como Balotelli e Dante. AlĂ©m do talentoso Belhanda e do jovem promissor Cyprien. Somando o custo de todos, o Nice nĂ£o gastou mais do que 9 milhões de euros.

Falando taticamente, a equipe varia bastante suas formações, tendo utilizado onze formatações diferentes sĂ³ no campeonato nacional, do 5-3-2 ao 4-3-3. A reatividade tĂ¡tica de Favre impressiona. O time base, porĂ©m, estĂ¡ alinhado no 5-3-2: Cardinale; Ricardo Pereira e Dalbert; Danta, Sarr e Baysse; Koziello, Seri e Cyprien; Belhanda e Balotelli.

AnĂ¡lise: os laterais dĂ£o amplitude, sobem o tempo todo, tanto Ricardo Pereira como o brasileiro Dalbert, sĂ£o excelentes ofensivamente; Os trĂªs zagueiros, se diferem nas caracterĂ­sticas, Dano Ă© o menos veloz deles, Sarr o mais tĂ©cnico e o capitĂ£o Baysse o lĂ­der dessa zaga.

No meio campo, Koziello, Seri e Cyprien se completam. Mesmo com caracterĂ­sticas parecidas, ambos atuam de forma diferente: Koziello Ă© um passador, muitas vezes vemos o jovem recuando a defesa para executar a saĂ­da de bola, enquanto Seri Ă© o responsĂ¡vel pelo Ăºltimo passe. NĂ£o Ă© atoa que o marfinense possuĂ­ sete assistĂªncias na competiĂ§Ă£o. Cyprien, por sua vez, utiliza da sua força fĂ­sica e facilidade na chegada ao ataque, sempre como elemento surpresa.

No ataque, sem muita movimentaĂ§Ă£o por parte de Balotelli, cabe ao marroquino Belhanda exercer esse papel. Ora mais incisivo, ora caindo pelos lados.


O Nice Ă© o atual lĂ­der da Ligue 1 (Foto: Reuters)
Assim como o Leicester City na Inglaterra, o Nice tem surpreendido e tambĂ©m ganhou a simpatia de muitos em seu paĂ­s. O pĂºblico francĂªs estĂ¡ na torcida para que o clube, que jĂ¡ conquistou quatro tĂ­tulos franceses, vença o seu quinto e encerre a sequĂªncia de tĂ­tulos do poderoso PSG.

Na rodada passada, o time chegou aos 32 pontos e retomou a liderança da Ligue 1, depois da vitĂ³ria sobre o Saint-Ettiene, fora de casa, pelo placar mĂ­nimo. Se o tĂ­tulo virĂ¡ ou nĂ£o, Ă© outra histĂ³ria. Mas o planejamento e o trabalho feito na base do clube da Costa Azul da França, justificam o desempenho dentro das quatro linhas neste inĂ­cio.

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