Allegri é um dos melhores
técnicos da itália. Se não for o melhor, deve estar, obrigatoriamente,
posicionado entre os dois ou no máximo entre os três melhores técnicos da Série
A. Concomitante a isto, Allegri é treinador da equipe que domina o país há
seis/sete anos, beneficiado pelo ótimo planejamento da diretoria bianconera.
Após essas pequenas considerações, Allegri não é o pior técnico do mundo após
Barcelona 3x0 Juventus de ontem, 12, no Camp Nou, mas tem grande responsabilidade
na derrota e na forma como ocorreu.
Todos que acompanham o
futebol têm uma opinião sobre determinada coisa relacionada a ele. Os
comentaristas, blogueiros, jogadores, técnicos, massagistas... Alguns têm uma
opinião mais bem fundamentada, outros menos. Quem escolhe é o interlocutor. Para mim, futebol em alto nível é
empírico, precisa de repetição e comprovação factual. Allegri é um trenador
que, definitivamente, não merece o apelido (no plano geral da sua carreira e na
Juve) de Professor Pardal (alcunha dada aos técnicos que costumam ‘inventar’ na
hora de escalar e posicionar o time).
Futebol é repetição. Após o
sorteio que definiu que Barcelona, Sporting e Olympiacos, os competentes
dirigentes da Juventus, juntamente com a comissão técnica devem ter pensado que
precisaríamos fazer uma muito boa fase de grupos (em todos os jogos) para
passar em primeiro. Passar em primeiro para que não enfrentemos, logo de cara,
um grandão nas oitavas da UCL.
Considero que fizemos um
mercado de transferências muito bom, dada a realidade. O principal
questionamento de todos foi o problema com a lateral direita. Dani Alves deixou
a Juventus após uma temporada chegando do Barcelona a custo zero, para ir ao
bilionário PSG (seu plano era se juntar a Guardiola no City, mas o dinheiro e a
parceria com Neymar falaram mais alto). Dani exigiu que a Juventus rescindisse
seu contrato. A Juventus não fez grande esforço para permanecer com o jogador,
pois tem temperamento difícil (com relatos de problemas nos vestiários), não
sendo tão adaptável ao estilo bianconero (e, por que não, ao estilo singular de
Torino).
O principal problema residia
não em perder a pessoa de Dani Alves, mas sim o lateral que ele é e a segurança
de o ter por mais uma temporada. De Sciglio já era bem cotado para chegar. Ele
seria o reserva de Dani, com uma provável saída de Lichsteiner. Entretanto, com
a saída do brasileiro e a chegada do italiano, Stephan não saiu e o mercado não
é tão fértil em nomes na posição. Ficamos com os dois
Ficando com Dani até o final
da temporada 2017/2018, seria possível observar por mais um ano nossos
emprestados Leonardo Spinazzola (um versátil ala/lateral que faz todas na
esquerda e possivelmente todas na direita) na Atalanta e Pol Lirola no Sassuolo
(lateral direito de nacionalidade espanhola). Nos sonhos, ambos continuariam
suas boas evoluções e chegariam para formar um time de laterais com Alex Sandro
e De Sciglio (Asamoah e Lichsteiner saindo). Na pior das hipóteses, um viria
para compor e a diretoria teria ganho mais um ano para observar alguém para a
posição. Entretanto, como sabemos, não foi isso que aconteceu.
Lichsteiner não só ficou,
como transmite mais segurança que o contestado De Sciglio (que pode vir a dar
certo). O suíço tem grande currículo de serviços prestados para o clube, foi
titular nas três partidas do campeonato, sendo bem consistente, até mais que em
alguns jogos da temporada passada. Para a surpresa de todos (até deste que vos
fala), não foi inscrito para a fase de grupos da UCL.
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Recém empossado ao cargo, Valverde levou vantagem sobre Allegri. Foto: Juventus.com |
Aproveito o momento para
amarrar o início do texto com este momento e concluir na derrota para o
Barcelona. Futebol é, novamente, repetição. Allegri conhece o elenco melhor que ninguém. Se
tinha o pensamento de não inscrever Lichsteiner (o que não concordo), tinha
que, obrigatoriamente, colocar De Sciglio para jogar. Junta-se isto ao fato de
Cuadrado estar suspenso (expulso injustamente na final em Cardiff), Chiellini, Khedira,
Marchisio e Mandukic lesionados e entramos em campo com um time que nunca jogou
junto. Prato cheio para um Barcelona mordido e bem consistente neste início de
temporada deitar e rolar.
Veja, Allegri não é o único
culpado pela derrota. Entramos com: Buffon, De Sciglio, Barzagli, Benatia, Alex
Sandro; Pjanic, Matuidi, Betancur, Douglas Costa; Dybala e Higuain. Muitos
desses jogaram as duas partidas contra os catalães, tem experiência suficiente
neste tipo de embate e Matuidi parece que joga na Juve há uns 5 anos. Todos
possuem responsabilidade, até Buffon e Dybala.
Para Allegri, a Juve deste
início seria: Buffon, De Sciglio, Barzagli, Chiellini, Alex Sandro; Pjanic,
Khedira (ou Matuidi), Cuadrado (ou Matuidi), Mandzukic; Dybala e Higuain. Por
cima, foram quatro desfalques. Estava 0x0 e De Sciglio saiu contundido para a
entrada de Sturaro. Então seriam cinco os desfalques e tomamos o gol antes do intervalo.
Individualmente não
rendemos, jogamos um bom primeiro tempo até o gol de Messi, mas quando o
coletivo não está ajustado contra um time como o Barcelona (e neste momento em
que estão), acontece o que ocorreu ontem. Poderia ter sido mais que 3x0. Não
perdemos porque Lichsteiner não jogou, ou porque Chiellini e Khedira não
jogaram. Foi uma soma de todos os problemas que desencadearam a derrota.
Chegamos a um ponto em que,
apesar de estarmos apenas no primeiro jogo da fase de grupos, precisaremos ser perfeitos
para classificar em primeiro, precisaremos ser muito bons (como normalmente
somos) para nos classificarmos em segundo (a não ser que o Barcelona perca pontos que normalmente
não perderia – e não parece que perderá) e, se formos de bom pra baixo, há
possibilidades sermos surpreendidos pelo Sporting.
Existem jogos onde o
adversário é/será igual ou melhor que nós, principalmente nos jogos contra os
grandes europeus jogando na casa deles. Para estes momentos, onde nosso volume
de jogo será menor, gostaria de ver Dybala como o homem mais a frente, como um
“falso 9”, tendo apoio nas pontas de Douglas Costa (Mandzukic) e Bernardeschi
(Cuadrado). Obviamente precisaremos ter as peças livres de contusões e
suspensões, pois o meio precisa ser formado por Pjanic, Matuidi e Khedira (com
opções de Marchisio e Betancour). Nada contra Gonzalo, mas a meu ver ele precisa de volume de jogo para que possa render da melhor forma, coisa que nem sempre podemos lhe proporcionar.
A temporada não está
perdida e caçar bruxas é errado. Começamos bem o campeonato, assim como Napoli e
Inter (os dois maiores adversários, na ordem, até o momento). Allegri sempre precisa de mais tempo para ajustar o time durante a temporada. Agora é hora de
dar rodagem aos rapazes, já pensando na próxima partida da UCL, que é contra o Olympiacos,
no Allianz Stadium.
Entender onde erramos será o
primeiro passo para construir algo diferente destes doídos 3x0.
Fino alla fine, FORZA
JUVENTUS!
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