Erros, erros e mais erros. O 2017 Alvinegro foi
repleto de bobagens feitas pela diretoria que com decisões errôneas colocaram o
Figueirense em uma das situações mais deploráveis dos últimos anos.
Este foi o ano mais vergonhoso da história recente do Figueirense (Foto: Divulgação) |
O ano de 2016 já havia sido de um tremendo marasmo
para o torcedor do Figueirense. Após rebaixamento da Série A para a B do
Campeonato Brasileiro, a exigência era da montagem de um time competitivo para
a briga pelo título do Campeonato Catarinense, e para o acesso de volta à elite
nacional no ano seguinte.
As festividades do final do ano anterior passaram-se,
e as contratações começaram a desembarcar no Orlando Scarpelli. As chegadas de
Bill, Anderson Aquino, Everton, Dirceu, e entre outros, deram a falsa esperança
- sem jogar, veja só - de que 2017 seria maravilhoso. Mas como diz o velho
ditado, o futebol é jogado, e dentro de campo a coisa foi totalmente diferente.
Dentre as quatro linhas, o Figueirense deixou o seu
torcedor estarrecido com tamanha falta de combatividade de seus jogadores. Na
campanha no Catarinense, jogos ruins atrás de jogos ruins encaminhavam o clube
a um rebaixamento quase que certo. Salvo pelo gongo e por um pênalti totalmente
mandraque que deu a vitória frente ao Almirante Barroso, Figueirense livrou-se
daquilo que seria o seu maior vexame em 96 anos de história.
Figueirense terminou o Campeonato Catarinense a um ponto da zona de rebaixamento (Foto: Divulgação) |
Como já não bastasse a ridicularidade feita no
estadual, o Figueira, na Copa do Brasil, fez novamente o seu torcedor esconder
o rosto de tamanha vergonha. Comandados até então por Marcos Santos, o
Alvinegro entrou como franco favorito a avançar de fase enfrentando o modesto
Rio Branco-AC. Na partida disputada na Arena da Floresta em fevereiro deste
ano, o Figueirense pouco ameaçou a equipe acreana que nada a ver com isso,
tratou de fazer seu gol e classificando-se para a segunda fase da competição
nacional.
Uma das manchas do Figueirense 2017: a eliminação para o Rio Branco-AC (Foto: Duaine Rodrigues) |
Com o início da Série B a caminho, um novo time
estaria para ser montado com a chegada de Carlos Arini e a permanência de
Marcio Goiano no comando técnico, que havia chego à metade do Estadual.
Reforços vindo do interior paulista davam um tom de preocupação aos torcedores
do time do Estreito.
A Série B começou e partidas boas fizeram com que o
sorriso voltasse um pouco a esses rostos sofridos. Todavia, isso era só mais
uma das inúmeras ilusões do ano. Dá derrota para o Boa Esporte – com um frango
clamoroso do goleiro Fábio que saiu do Scarpelli de táxi no intervalo do jogo –
em diante, como dizem alguns, 'desandou a maionese'. Derrotas, derrotas e mais
derrotas. As insuficiências do Catarinense estavam de volta.
Apesar de um triste e doído campeonato, alguns
jogadores se destacaram, como Henan, vice-artilheiro da Série B; André Luis que
substituiu a altura o camisa 9; a dupla de volantes Pereira e Patrick que
apesar da pouca idade deu conta do recado quando exigidos; e Robinho, meia que
saiu para o Fluminense logo no início da competição, mas que era de importância
grandiosa.
Henan, um dos destaques da equipe em 2017 (Foto: Luiz Henrique/Figueirense FC) |
Em agosto, uma reviravolta na parte executiva do
Figueirense iria ocorrer. O até então presidente Wilfredo Brillinger iria
perder o seu poder após um grupo de investidores chegar a Florianópolis com uma
proposta de gerir o Figueira pelos próximos 20 anos. A proposta foi votada no
Conselho Deliberativo do clube, e aprovada, assim os investidores liderados
pelo francês Alex Bourgeois assumiram as rédeas alvinegras.
Uma das primeiras medidas tomadas foi a contratação
imediata do técnico Milton Cruz, substituindo Marcelo Cabo que havia sido
demitido semanas antes. Contratações de nomes como o volante Abuda, o meia
Xuxa, o lateral João Lucas, e o atacante André Luis, também foram articuladas
pela nova gestão.
Porém, uma das mais belas sacadas foi com certeza a
volta de um ídolo. Rodrigo Fernandes Valete. Ou simplesmente Fernandes,
Fernan10. O maior ídolo da história do clube estava afastado a anos do
Figueirense por não concordar com a gestão anterior de Wilfredo Brillinger.
Convidado por Alex Bourgeois após milhares de pedido nas redes sociais pela sua
volta, Fernandes aceitou e assumiu como uma espécie de coordenador das
categorias de base, até que no meio de dezembro, o clube anunciou Fernandes
como o seu novo Gerente de Futebol para 2018.
O abraço de Fernandes e Alex Bourgeois, um dos responsáveis por sua volta (Foto: Luiz Henrique/Figueirense FC) |
Dentro das quatro linhas, já com Milton Cruz, o
Figueirense até que voltou a reencontrar um pouco do seu futebol, ao menos
dentro de casa. Com as vitórias dentro de casa – a equipe emendou uma sequência
de seis vitórias dentro de seus domínios – o Figueirense conseguiu manter uma
distância suficiente para fugir do rebaixamento, e após um longo e tenebroso
inverno, o Figueira terminou o campeonato como 12° colocado com 48 pontos
ganhos.
Erguei as mãos pois graças ao céus o rebaixamento foi afastado do Scarpelli (Foto: Divulgação) |
Porém, voltando para assuntos fora das quatro linhas,
antes mesmo do Figueirense se livrar do rebaixamento, em outubro, Alex
Bourgeois foi demitido do clube. Isso mesmo, o homem forte do Figueira fora
demitido apenas dois meses após assumir a gestão. Bourgeois explicou a sua
saída alegando não concordar com opiniões e atitudes de outros investidores; já
o advogado e um dos investidores, Claudio Vernalha, disse que o francês não
cumpriu com o aporte financeiro prometido, tumultuava nos bastidores, e até
mesmo influenciava nas escalações do técnico Milton Cruz.
Lado a lado, Claudio Vernalha (esquerda) e Alex Bourgeois. Inicialmente parceiros de negócios, agora inimigos (Foto: Marcos Favero/ Agência RBS) |
E assim foi o ano mais vergonhoso da história do
Figueirense. Com inúmeros erros, picuinhas em geral nos bastidores, mudança de
gestão, cinco treinadores, um time que não descia pela garganta, e um torcedor
aliviado por não ter sido rebaixado – tanto em Catarinense quanto na Série B – porém,
magoado, machucado por tudo que passou. 2017 foi longo, e 2018 vem logo aí. A
esperança é sempre de que dias melhores venham para o alvinegro catarinense.
Patrick Silva | @figueiradepre
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