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Derrota. 0 a 3. A Islândia perdoa, o México não.

Halldorsson, goleiro islandês que também é cineasta, assistiu no banco um roteiro no mínimo cruel nesta noite de sexta-feira

Se tem uma seleção que não se permitirá o menor luxo nessa Copa do Mundo, essa seleção é a Islândia. E o jogo desta sexta contra o México comprova isso.

Engana-se quem observa o placar e imagina um jogo fácil para o esquadrão mexicano do profe Juan Carlos Osorio. A Islândia, que poupou alguns nomes como o goleiro titular Haldorsson e o zagueiro Ragnar Sigurdsson, líderes do selecionado, veio no seu costumeiro 4-4-2. Simples, pragmático e "quase sempre" eficiente. Digo "quase" porque Heimir Halgrimsson, o treinador, já sabe que este esquema, com os jogadores que tem (pouquíssimos disponíveis para convocação devido ao baixíssimo número de atletas profissionais no país) é o mais adequado para que possam sonhar. A trajetória recente na Eurocopa, com uma geração iluminada de restritos, mas guerreiros, jogadores da "Terra do Gelo", prova o quanto uma organização tática somada a um trabalho psicológico bem feito pode fazer com qualquer time. A Islândia que chegará a Copa da Rússia é uma seleção que chegou onde chegou sabendo dos seus limites e tirando o seu melhor à partir disso, sem um pingo sequer de excesso ou invenção, em uma disciplina comovente de jogo reativo e direto.

Mas a Islândia que jogou contra o México se permitiu um algo mais, se permitiu agredir além do costume e testar uma nova forma de abordagem de jogo dentro do seu esquema tático 4-4-2 supracitado. Os dois Gudmundsson, Johann e Albert, deram muito trabalho pelo setor direito ofensivo dos islandeses, aproveitando um certo espaço deixado pelo esquema 3-4-2-1 de alas da seleção mexicana, que no entanto respondia com o mesmo ímpeto nos setores de meio-campo e ataque, onde tinha superioridade numérica em relação ao time de Halgrimsson. Um jogo de espaços que convidou a Islândia a sair do seu jogo habitual e ousar. Arnason, de fora da área, e Ingason, perdendo gol embaixo da trave após sobra de chute de Johann Gudmundsson, este que ainda perderia outra chance de gol cara a cara com o goleiro Corona no lance imediatamente após o anterior, assustaram muito o México. Marco Fabián também levava perigo com seus chutes de longe nesse início de jogo.

O primeiro golpe de eficiência em um jogo equilibrado foi em uma falta boba do experiente Halfredsson, atingindo Guardado com um pé alto na altura da meia-lua da grande área, que Fabián não perdoou, tirando o zero do placar aos 37 minutos. A Islândia não se abateu e seguiu até o fim da primeira etapa criando chances como o chute para fora de Johann Gudmundsson logo após o gol.

No segundo tempo, mais lances de perigo como a cabeçada de Bjorn Sigurdsson em cobrança de falta da intermediária mostravam o ímpeto islandês, agora mais que justificado por estarem perdendo, de partirem para cima e buscarem o jogo. Foi justamente aí que a proposta do México deslanchou. Sem necessariamente ficarem na retranca, mas atacando os espaços deixados pela Islândia, o time de Osorio conseguiu o segundo gol com Layún, aproveitando falha no setor defensivo esquerdo dos islandeses, se projetando e vencendo o goleiro Rúnarsson em chute cruzado com o pé direito, no minuto 64.

Daí para frente era uma tentativa desesperada de ataque contra defesa que rendeu vários lances perigosos em sequência, com Skulason exigindo boa defesa de Corona em chute rasteiro de 30 metros, e uma cabeçada que caiu na rede por cima do gol de Ingason. Aos 76, após finalização na trave de Kjartansson, um gol que pareceu legal foi anulado por impedimento do próprio Kjartansson no lance seguinte, quando daria a assistência para o gol de Eyjólfsson.

Depois desse lance, o México soube controlar os ânimos da Islândia nos últimos minutos de jogo, sendo ainda brindado com outro gol do ambidestro Layún, em cruzamento com a perna esquerda que surpreendeu Rúnarsson com a curva e morreu no fundo da rede, colocando números finais a uma partida mais parelha do que o placar sugere, mas que premiou a eficiência do time que melhor sabe jogar para frente, contra outro em que a ofensividade se mostra um luxo caro demais para se usar.


FICHA TÉCNICA:

MÉXICO: 3-4-2-1 - José Corona; Salcedo, Araújo e Moreno; Jesús Corona, Reyes, Guardado e Gallardo; Layún e Fabián; Jiménez (TÉC: Juan Carlos Osorio)

ISLÂNDIA: 4-4-2 - Rúnarsson; Saevarsson, Árnason, Ingason e Skúlason; J. Gudmundsson, Gunnarsson, Halfredsson e Bjarnason; A. Gudmundsson e B. Sigurdsson (TÉC: Heimir Halgrimsson)

ÁRBITRO: Armando Villarreal.
ASSISTENTES: Apolinar Mariscal e Jeff Hosking
QUARTO ÁRBITRO: Karen Abt

CARTÕES: Layún do México e Halfredsson, Skúlason, Bjarnason e Ingason da Islândia

PÚBLICO: 68.917 espectadores




*Melhores momentos da partida:



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