Numa partida de futebol podemos enumerar diversos atores principais do espetáculo, mas sempre estão lá os jogadores que envergam camisas de times centenários, brigam por cada bola, fazem lances plásticos e deixam sangue e suor no relvado. Como também o torcedor que está na arquibancada, de olho nos atletas que vestem a camisa do seu clube de coração, torcendo, vibrando e, principalmente, sofrendo a cada lance durante os noventa minutos de jogo. Só que nesse sábado no Barradão, a arbitragem resolveu ser o antagonista do espetáculo numa noite desastrosa e de erros grosseiros no apito. Foi assim que começou o Campeonato Brasileiro para Vitória e Flamengo.
Foto: Staff Images / Flamengo |
A partida tinha tudo pra ser muito emocionante, com o jogo lá e cá durante todo tempo. E os primeiros 16 segundos já mostravam isso com o Flamengo abrindo o placar com Lucas Paquetá. Porém, a peleja ficou marcada pelos erros inescrupulosos da arbitragem. Embora melhor na partida, Flamengo leva o empate após um pênalti inexistente em que Éverton Ribeiro é nocauteado por um chute de Rhayner depois da bola acertar em cheio a cabeça do jogador rubro-negro. Mas para o juiz e seu assistente de linha da fundo - que estavam bem posicionados no lance - a bola bateu na mão. Penalidade e chuveiro mais cedo para o meia do Flamengo. No segundo tempo mais um lance polêmico que a fraca arbitragem se omitiu em marcar pênalti em Diego aos 21 min da etapa complementar. E se a arbitragem errou clamorosamente a favor do Vitória, o Flamengo também se beneficiou da noite infeliz. O gol de desempate de Réver foi irregular porque Arão participa da jogada em posição irregular depois do levantamento de Diego. Alguns minutos depois, em falha da zaga rubro-negra, o Vitória chega de novo ao empate e o placar de 2 a 2 seguiria até o final da partida. A arbitragem no geral foi um lixo, mas não se compara o peso e as consequências dos erros. Um penal mal marcado com uma expulsão aos 10 minutos de jogo tem consequências muito maiores do que um gol com impedimento no lance inicial. E quem viu a partida pode perceber um árbitro inseguro e que hesitava até pra marcar um simples lateral.
Flamengo, com dez em campo, segurou o Vitória como podia. Se antes do desastre acontecer dominava a partida, com a expulsão de Éverton Ribeiro, o Flamengo viu o time baiano crescer e ocupar os espaços do campo, mas que acabaram por não ameaçar de forma clara a meta de Diego Alves. Flamengo buscava se organizar e tinha dificuldades, principalmente no sistema defensivo e na composição dos espaços, sobretudo o deixado pelo jogador expulso. O técnico interino Maurício Barbieri fez alterações no mínimo contestáveis, como por exemplo, ao sacar Henrique Dourado, única referência ofensiva dentro da área do adversário, e colocar em campo William Arão na tentativa de arrumar o meio campo. Até certo ponto surtiu efeito mas o Flamengo não tinha um jogador que agredisse a defesa do Vitória. E também ao tirar Paquetá que estava muito bem na partida.
Enfim. No calor do jogo um rubro-negro mais ávido ao cornetar a partida dever ter pensado, "dane-se se o gol tava impedido, já roubaram a gente. É bom que compensa". Mas não é nosso caso. Sempre fazendo o esforço de deixar as vaidades clubistas de lado, nosso intuito não é dar respostas, até porque não as temos, mas sim trazer questionamentos que possam construir no mínimo, nesses casos, um debate em prol de um futebol melhor e mais justo. Dentre essas questões, podemos levantar a seguinte: por que a arbitragem nacional é tão fraca? Erros categóricos são vistos em quase todos os jogos do futebol brasileiro e se num jogo seu time é favorecido, no seguinte tem grandes chances de ser prejudicado. Erros sempre vão existir, até poque o futebol é feito por humanos, mas o que se tem feito pra melhorar a qualidade da nossa arbitragem e diminuir esses erros? A aplicação do VAR ajudaria? Sem sombra de duvidas que sim! Mas aí esbarramos num outro problema, já que nem todos os clubes aceitaram a implementação do sistema de vídeo por suas próprias custas. O que a CBF tem feito pra diminuir esse problema sintomático? Vale lembrar que ninguém tem telhado de vidro e uma hora ou outra seu clube foi favorecido ou prejudicado. Esse papo de que time A ou time B só "ganha roubando" é de um moralismo muito hipócrita. Ficam essas perguntas e se você tiver alguma sugestão de resposta, deixe nos comentários.
Flamengo agora tem compromisso marcado quarta feira contra o Independiente Santa Fé pela Libertadores, no Maracanã ainda sem torcida. O time colombiano vem de uma crise interna e teve seu treinador demitido nesse sábado. O Rubro-Negro tem quatro pontos, é líder isolado do grupo e mais uma vitória deixaria o time numa situação bem confortável.
No mais, saudações rubro-negras!
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