Faça Parte

Um novo campeonato: o que esperar do Santa Cruz?

Quem acompanha o Santa Cruz sabe como o percurso do Clube é, em sua maioria, árduo. Não seria diferente nesta terceira divisão do Campeonato Brasileiro da Série C. Cotada como uma das maiores equipes do grupo A, tendo em vista que tem torcida, casa e camisa, acreditava-se que o time encontraria o seu auge na competição, já que vinha de um péssimo início de temporada, com três eliminações.

Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press

Na primeira fase da Copa do Brasil, a torcida já sentiu o gosto amargo de uma desclassificação. Mesmo com a vantagem de precisar apenas de um empate — já que a primeira rodada foi disputada em jogo único e fora de casa —, o time perdeu e deixou a competição de forma precoce. As outras duas eliminações foram vexatórias, tanto na Copa do Nordeste quanto no Campeonato Pernambucano. Na disputa regional, foram duas derrotas para o ABC/RN em partidas válidas pelas quartas de final. A primeira, no Frasqueirão, por apenas 1 a 0, o que seria um placar facilmente reversível. No entanto, no jogo da volta, no Arruda, os corais perderam pelo elástico placar de 4 a 1. A derrota para o rival Sport, pelo campeonato pernambucano, foi por 3 a 0.
Na Série C, o Santa Cruz tinha a difícil missão de encarar logo um clássico, na Arena de Pernambuco, com o recém-campeão pernambucano Náutico. O empate em 1 a 1 em um jogo movimentando na segunda etapa foi considerado justo. Em seguida, duelou contra o Atlético/AC — até então desconhecido, o time do Norte despontou como a maior surpresa do grupo na competição. O Tricolor venceu e venceu bem. Essa partida ficou marcada também pela volta de Carlinhos Paraíba — que retornou através do projeto Camisa 12, iniciativa da torcida Coral. Depois de um início de ano ruim, com uma sequência de frustrações e desclassificações um tanto quanto vexatórias, acreditava-se que as coisas mudariam para melhor.
Na partida seguinte, o empate sem gols com o ABC/RN, na Arena de Pernambuco, não era o resultado esperado, mas considerando a boa fase do time potiguar, foi considerado normal. Os jogos que seguiram resultados de medianos a bons, como o empate sem gols com o Remo, no Mangueirão, e a virada sobre o Globo/RN, também fora de casa.
De volta ao Arruda, a equipe Coral enfrentou o Botafogo/PB. Um jogo movimento, com cinco gols ao final e com duas viradas. No fim das contas, os paraibanos levaram a melhor, vencendo o Santa Cruz por 3 a 2. No entanto, apesar da revira-volta, parte da torcida reconheceu o empenho do elenco, que saiu aplaudido.
Um empate com o Confiança fora de casa. Uma vitória simples sobre a Juazeirense no Recife. Mais um empate fora, dessa vez com o Salgueiro. Uma série de resultados que não eram ruins, mas preocupantes. O time não passava confiança à torcida, e o jogo seguinte pedia que o time chegasse forte, pois era o início do segundo turno.
Em mais um clássico, dessa vez no Arruda, o Santa perdeu para o Náutico — que estava com um jogador a menos (Ortigoza) desde o começo do primeiro tempo. O gol alvirrubro saiu no fim do jogo. Wallace Pernambucano marcou levou os três pontos para a Rosa e Silva. Depois do clássico, mais uma derrota. Fora de casa, o Atlético/AC — nesse momento líder absoluto da competição — virou a partida e terminou ganhando por 2 a 1.
O Santa Cruz se preparava para um jogo complicado. Mesmo precisando da vitória, ia encarar o ABC fora de casa. A derrota, caso viesse, seria normal. Mas, para a surpresa de todos, a equipe pernambucana voltou de Natal com os três pontos após vencer a partida por 3 a 0. De volta aos seus domínios, vendeu o Remo por 2 a 0. Embalado e ainda em casa, encarou o Globo, mas não saiu do empate. O detalhe do jogo ficou por conta da equipe do Rio Grande do Norte, que marcou o gol do empate no finzinho. Saiu e perdeu para o Botafogo/PB por 2 a 0 — poderia ter sido maior, mas Machowski defendeu um pênalti. Apesar do feito, o goleiro foi muito criticado após o fim da partida, e a revolta da torcida culminou na sua substituição. O resultado, apesar de frustrar parte da torcida, já era esperado.
Em casa e precisando vencer, o Santa Cruz recebeu o Confiança. Goleando, fez reascender as esperanças do torcedor, que voltou a ambicionar grandes feitos na competição. O destaque da partida vai para o goleiro Ricardo Ernesto, que assumiu a posição e realizou grandes defesas e não sofreu nenhum gol. Após o empate com a Juazeirense fora, o Santa Cruz já estava praticamente classificado para a próxima fase. Mesmo assim, busca uma vitória, já que a combinação de resultados poderia colocar o tricolor nas primeiras colocações, permitindo que realizasse os jogos decisivos dentro do seu domínio. Enfrentando o já rebaixado Salgueiro, venceu por 1 a 0 e sacramentou a classificação. A combinação de resultados necessária não aconteceu, visto que o Atlético/AC venceu fora, e o Náutico empatou. Dessa forma, o Santa Cruz terminou na terceira colocação do Grupo A e encara, na próxima fase, o Operário/PR.
OS OBSTÁCULOS: Durante a trajetória nesse início de Série C, o tricolor do Arruda precisou enfrentar alguns obstáculos. Logo após a estreia da Série C, o técnico Júnior Rocha deixou o cargo para assumir o comando do CRB. PC Gusmão assumiu o elenco, mas ficou à frente por apenas seis jogos. Anunciado em 19 de abril, o treinador foi desligado do Clube. A demissão aconteceu após a eliminação do Santa para a equipe do ABC. Na ocasião, os pernambucanos perderam de 4 a 1, em casa.
SALÁRIOS E ARTILHEIRO: Outro problema que assombrava o Santa Cruz, além dos salários atrasados, era a falta de um finalizador que pudesse converter as chances criadas em gol. A questão dos salários, apesar de ainda atrasar, vai, pouco a pouco, caminhando para a normalização. Segundo o presidente do Clube, Constantino Junior, esse é um compromisso que ele assumiu quando ocupou o cargo.

Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press

Já o homem-gol... Após um ano repleto de contratações e baixas, a chegada de Pipico foi uma grata surpresa. Quando foi contratado, junto com outros três nomes, ela era a cartada final para solucionar os problemas do ataque. E parece que foi a cartada mais certeira! Já são seis gols em sete jogos com a camisa tricolor. O homem está on fire. Quase sempre bem posicionado, ele já marcou gol de tudo quanto é jeito.

Conhecendo o adversário
Para muitos, o adversário que o Santa Cruz vai encarar é um dos mais cascudos da competição. Conhecido como “Fantasma”, o alvinegro fez uma campanha excelente, que só não foi a melhor dentre todos os 20 times da competição por um detalhe.
Antes da última rodada, quando perdeu para a Luverdense pelo placar de 1 a 0, em Lucas do Rio Verde, a equipe paranaense estava invicta há 11 jogos. Com a classificação garantida de forma antecipada, buscava a liderança (que terminou com o Botafogo/SP) e a melhor campanha.
Foram dez vitórias, sendo seis em casa e quatro fora. Cinco empates, três em casa e dois fora. E apenas três derrotas, todas longe do seu estádio.
Apesar de a capacidade máxima ser de 8 mil pessoas, o OFEC assombrou os seus adversários lá dentro. Somando Divisão de Acesso do Paranaense e Série C, ainda não perdeu no Germano Krüger e soma 15 vitórias e três empates.

TREINADORES: À esquerda, Roberto Fernandes. Foto: Marlon Costa/ Pernambuco Press. À direita, Gerson Gusmão. Foto: OFEC/Divulgação

Para o técnico coral, Roberto Fernandes, o adversário é “osso duro”. “É um adversário osso duro, contra quem o Santa precisa fazer os dois jogos do ano. Principalmente o primeiro, em casa, para equilibrar o fato de eles fazerem o segundo na casa deles”, disse.
Já Gerson Gusmão, comandante do Operário, está confiante no acesso do Clube. “Agora é nova etapa, vida nova, fase eliminatória. Vamos nos preparar para buscar esse acesso”, pontuou.
O primeiro confronto entre as duas equipes é no próximo domingo (19), no Arruda. A volta, que será decidida no Paraná, ocorre no dia 26, domingo seguinte ao do primeiro jogo.

Postar um comentário

0 Comentários