Se tornou comum achar que o melhor deveria ser o goleador, mas o futebol é muito mais que um toque na bola, mesmo que este toque na bola seja decisivo para uma vitória, ou título. Não tão longe desta atual década, o futebol nos trouxe jogadores que conseguiam a bola de ouro com atuações não tão brilhantes em relação a gols, mas sim com o poder de um jogo mais rápido, mais hábil e objetivo. Foi assim com Zidane, mostrando técnica absurda, tornando o jogo mais rápido sem que ele precisasse ser veloz. Faturou três prêmios de forma incontestável, não por ser um artilheiro, mas por ser decisivo para sua equipe.

Modric começou a temporada 2017/18 de forma diferente. O Real Madrid não tinha sorte com a camisa de número 10, James não mostrou o suficiente, e coube a Modric receber a camisa e começar a fazer uma bela história. Não foi decisivo como Cristiano Ronaldo ou outros jogadores, já que não é um goleador. No meio-campo mostrou versatilidade para construir jogadas, teve uma média considerável em interceptações e desarmes na La Liga, e participou gradativamente na criação das jogadas e trouxe qualidade ao meio-campo da equipe ao lado de Kroos.
No começo da década, Iniesta e Xavi mereciam ter ganho pelo menos uma vez o prêmio de melhor do mundo. Diferente de Modric, os dois jogadores contribuíam bem mais nos números de gol. Porém, vale salientar que o papel de Modric no Real Madrid não é tão necessário estar no ataque contribuindo para a armação das jogadas, é apenas uma consequência do que ele faz. Seu papel além de chegar ao ataque, é a distribuição do jogo, ser o coringa entre defesa, meio e ataque, além de ser o encarregado de quebrar a marcação no meio com dribles, passes e lançamentos. No Real Madrid não há tanto a necessidade de que tenha um "meia clássico" esperando a bola na intermediária para servir os atacantes, de jeito algum. O que acontece é de ter dois bons meio-campistas que fazem todo o papel de distribuição de jogo, quebrar a marcação adversária com passes, e fazer com que os atacantes tenham liberdade para criar as jogadas, e as vezes sim poder ter um Modric ou Kroos chegando no ataque para dar o último passe.
A temporada dos sonhos de Modric
Receber a camisa 10 no início da temporada já era um sinal de gratidão da diretoria madrilenha a contribuição de Modric pelo que o jogador fez no clube. Porém, o croata foi além. No final do ano, no Mundial de Clubes, Modric foi eleito o melhor jogador da competição no título do clube. Na Champions League recebeu o prêmio de melhor jogador da Europa, mas este prêmio tendo um peso maior por conta do jogador ter chegado na final da Copa do Mundo com a Croácia, onde foi vice-campeão e também recebeu o prêmio de melhor jogador.
Após ter ganho os prêmios de melhor jogador do Mundial de Clubes, melhor jogador da Copa do Mundo, melhor jogador da Europa, era certo que o jogador mereceria levar o prêmio de melhor do mundo. Sem dúvidas, a temporada dos sonhos para o croata. Ganhando a camisa 10 do maior clube do mundo, sendo eleito melhor jogador de uma Copa Mundial de Clubes e depois ser eleito melhor jogador da Copa do Mundo de Seleções, já estava ótimo. Mas ir além e conquistar prêmios que nos últimos anos só cabiam a jogadores artilheiros, foi melhor ainda. A temporada foi fantástica, Modric mostrou sua importância no meio-campo do maior clube do mundo, foi habilidoso, foi técnico, foi tático. A Copa do Mundo teve uma importância enorme, aliás, levar uma seleção que de longe não era favorita para uma final, só faz engrandecer mais o nome deste jogador.
Sim, a melhor trajetória derrubou o protagonismo. E Luka Modric quebrou uma hegemonia de dez anos.
0 Comentários