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Uma Capital, Duas Histórias: Dinamo Zagreb e NK Zagreb

(Divulgação: Wikipedia)

Em Zagreb encontram-se duas equipes centenárias. O NK Zagreb e o Dinamo Zagreb dividem o mesmo espaço, porém, um desses clubes é o mais vitorioso do país e o outro amarga uma vaga na terceira divisão croata.

O NK Zagreb é o mais antigo clube em atividade no país de Luka Modric. Fundado no ano de 1908, os Pjesnici ("Os Poetas", apelido do NK Zagreb) contam com apenas 8 taças em sua sala de troféus, apenas um desses canecos é fruto de uma conquista de primeira divisão. Essa glória ocorreu na temporada de 2001/2002, o craque daquele time era o jovem Ivica Olic (ele mesmo, atacante ex-Bayern de Munique que agora está aposentado).

Já o Dinamo Zagreb foi fundado, primeiramente, no ano de 1911 com o nome de  HSK Gradanski Zagreb ("Primeiro Clube de Esportes dos Cidadãos Croatas, em tradução literal). Em 1945, o clube foi obrigado a mudar de nome e foi refundado com o nomenclatura atual. O Dinamo é o clube mais vitorioso do futebol local. Mais de 45 conquistas nacionais e participações frequentes na fase de grupos da UEFA Champions League reforçam o seu papel como principal equipe daquele país.

Os currículos dessas duas equipes são desiguais, não há como comparar as glórias futbolísticas dessas duas agremiações. Porém, o modesto NK Zagreb nos mostra que futebol não se resume a campo e bola, o esporte bretão também é uma forma de se posicionar politicamente.

Os Pjesnici são conhecidos por formarem uma torcida multetnica, essa característica foi importante se considerarmos que a Iuguslávia (Estado Nacional que contava com a atual Croácia como uma das suas integrantes) era um verdadeiro caldeirão cultural desde a sua fundação em 1918. A postura da torcida desta equipe da capital croata, buscava amenizar os conflitos que borbulhavam no cenário político da época, o lema era acolher e buscar entendimento entre as diferenças. Já o seu rival local não encarava a situação da mema forma.

O Dinamo de Zagreb, desde a sua primeira fundação em 1911, é reconhecido por ter uma boa parte da sua torcida ligada a um partido de extrema-direita com grupos paramilitares chamado de Ustaše. A doutrina que guiava esse grupo era uma mistura do Nazismo com o Fascismo adaptada ao cenário iugoslavo entre guerras.

Ustaše ascendeu ao poder em 1941, nesse ano a Iugoslávia foi ocupada pelas tropas nazistas, e os extremistas de direita foram levados a governça de uma "Croácia Fantoche" por Hitler. Até o ano de 1945,  muitos sérvios foram convertidos ao catolicismo forçadamente, outros foram mortos. Ciganos e judeus foram perseguidos e campos de concentração foram criados em diversas partes daquele país.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o HSK Gradanski Zagreb era tão identificado com essa doutrina perversa que foi obrigado a fechar as portas. Os dirigentes desse clube não se deram por vencidos e criaram uma nova agremiação: o Dinamo de Zagreb.

Os anos passaram mas as  posturas das torcidas dessas duas equipes não mudaram. O principal grupo de "Ultras" do NK Zagreb é o "White Angels", eles são conhecidos por apoiaren temas como: imigração, luta contra a homofobia e o que eles chamam de "antifascismo".

Já os membros dos "Ultras" do Dinamo de Zagreb são os "Bad Blue Boys". Facção da torcida que defende abertamente temas fascistas e ostentam simbolos que pertenciam a extinta Ustaše. Em 1990 uma briga generalizada entre essa parte da torcida croata e membros dos "Ultras" do Estrela Vermelha da Sérvia no estádio Maksmir em Zagreb foi um dos eventos que agravou a tensão entre sérvios e croatas na Iuguslávia culminando em conflitos entre essas duas regiões.

Duas equipes, duas histórias muito distintas entre si.  O NK Zagreb não conta com muitos troféus em sua galeria e luta pela tolerância, o Dinamo Zagreb tem uma vastidão de títulos e defende uma ideologia fascista.

Futebol não é só campo e bola. O NK Zagreb nos mostra que para ser gigante não é necessário ter títulos e o Dinamo de Zagreb nos mostra que só os títulos não lhe tornam um gigante.

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