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Entre o sucesso e a lama: O 2020 do Peixe

Marinho com punho cerrado
Imagem: Ivan Sartori/Santos FC

O torcedor santista viveu uma montanha russa de emoções, sensações e situações em 2020. Num ano marcado por uma pandemia global, calendário completamente reformulado e jogos sem público no estádio, pode se dizer que o Peixe nadou em mares agitados, ficou submerso em lama mas conseguiu um último suspiro para sobreviver.

O time que encerrou 2019 como vice-campeão brasileiro, viu o treinador Jorge Sampaoli ir embora após uma relação conturbada com ex-presidente Peres e promessas não cumpridas sobre investimentos no elenco. Ficava aqui, aliás, o primeiro sinal sobre o que seria o 2020 santista.

A atual temporada começou com o português Jesualdo Ferreira no comando técnico. Foram 15 jogos com apenas seis vitórias, quatro empates e cinco derrotas, a última, dentro de casa para Ponte Preta nas quartas de final do Paulistão, culminou na saída do treinador que não venceu e não convenceu.

O escolhido para comandar o time no restante da temporada foi Cuca. O último trabalho dele havia sido no São Paulo e teve duração de cinco meses. Dentro de campo o time até engrenou mas acabou sendo eliminado pelo Ceará nas oitavas de final da Copa do Brasil.

Se dentro de campo as coisas estavam tomando rumo, fora de campo estavam péssimas. O ex-presidente Peres cortou 70% dos salários dos atletas durante a pandemia (quando a promessa era de apenas 30%). O clube esteve em atraso dos direitos de imagens por meses. Eduardo Sasha e Everson acionaram a justiça para poder assinar com Galo e como se não bastasse, a Fifa puniu o Santos de contratar graças a dívidas com outros clubes.

E só para exemplificar o que significa o “submerso em lama” dito no início desse texto, os elencos masculinos e femininos passaram por um surto de contaminação pelo novo corona vírus, deixando as equipes com número reduzido de jogadores.

O mandado do ex-presidente Peres se encerrou num processo de impeachment em setembro e um mês depois o presidente em exercício Orlando Rollo e seus comparsas conseguiram a proeza de realizar a mancha mais tenebrosa da história do clube aprovando e anunciando a contratação do atleta Robson de Souza, condenado por estupro.

Vestiário em festa
Imagem: Ivan Sartori/Santos FC

O último suspiro de um Peixe afogado em desgraça veio em águas internacionais. Surpreendentemente, a equipe fechará o ano como semifinalista da Libertadores, após uma goleada categórica contra o Grêmio dentro da Vila Belmiro.

A campanha no Brasileirão já foi muito melhor, mas o oitavo lugar a 5 pontos do disputado G6 é bastante decente vindo de um time recheado de garotos que jamais haviam jogado uma partida profissional. John, João Paulo, Sandry, Alex, Lucas Braga. Todos liderados por Marinho. Que temporada do camisa 11.

Autor do último gol do Peixe no ano, Marinho vive a melhor fase de sua carreira e encerra 2020 como artilheiro do time com 22 gols em 35 jogos. Aos 30 anos de idade, mostrou não só bom futebol, mas liderança, posicionamento sociais e não se escondeu das críticas nos momentos ruins em campo.

Se olharmos friamente para os números, foram 21 vitórias, 16 empates e 15 derrotas em 52 jogos. Mas num aspecto geral, é preciso olhar além dos números para analisar a temporada do Santos.

Em meio a tanta notícia ruim, o torcedor ainda viu a diretoria e alguns jogadores agirem de maneira pitoresca no apagar das luzes em 2020. Há pouco mais de uma semana para o jogo mais importante da temporada, uma partida beneficente na Vila Belmiro contou com a presença do atual presidente da república e vários jogadores do clube, inclusive Marinho, apareceram no evento sem máscara.

Além de pífia e incompetente, a cúpula de dirigentes do Peixe conseguiu fazer com que o time termine o ano odiado por quem ama futebol. Um jogo sujo em que nem a história do clube nem a torcida se encaixa, parafraseando Brown em Negro Drama outra vez.

Aliás, pelo clima de festa que se viu, vale destacar que o ano terminou, mas a temporada não. Com presidente novo e 11 jogos de Brasileirão para disputar, o Peixe também segue vivo na Libertadores e já no dia 06 de janeiro enfrenta o Boca Juniors em La Bambonera.

O brilho dos garotos vindo da base, o título paulista sub-17 das Sereinhas da Vila e os resultados dentro de campo do elenco masculino só evidenciam aquilo que qualquer um que entenda minimamente de futebol já sabe: O Santos é gigante! E nenhum presidente ou dirigente pode apagar ou se esquecer disso.

Que venha 2021 e que o Santos volte a ser sempre aquele Santos que o mundo do futebol se apaixonou. Dentro ou fora do alçapão!

Pedro Ramos  |  @peedrohramos  

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