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Santos e o "mito da caverna"

Cuca em conversa com elenco
Foto: Divulgação Santos FC

Por incrível que pareça o Santos conseguiu terminar a temporada 2020/21 com saldo positivo. Entre o chão gelado da caverna e as sombras proporcionadas pelo reflexo da fogueira, a equipe ficou com vice-campeonato na Libertadores e pescou uma vaguinha para disputar a próxima com oitavo lugar no brasileirão.  

O trabalho que começou com Jesualdo Ferreira, terminou com Cuca que de fato conseguiu engrenar bons resultados e surpreendeu boa parte da torcida santista. Mas também é um fato a quantidade de pessoas presas a caverna acreditando apenas na realidade que o treinador lhes vendeu ao longo da temporada.

A maior herança deixada pelo treinador é a excelente relação com os atletas, a união visível do grupo e os minutos aos jovens jogadores que convenhamos, acontece muito mais por falta de opção do que qualquer outra coisa.

Exemplo disso, é que antes de Sandry brilhar no meio campo santista, o treinador sugeriu a contratação do volante Elias, ex Corinthians, que meses depois proporcionou péssimas recordações ao torcedor do Bahia.

Outro mito que paira ao redor da Vila Belmiro nos últimos anos, é o do “time horroroso” mas que consegue bons resultados. Assim como aconteceu com Sampaoli, Cuca é colocado num patamar inexistente, como se tivesse tirando leite de pedra, quando na verdade ambos tinham vacas muito saudáveis no elenco.

Um time que contou com dois excelentes goleiros (João Paulo e John), um zagueiro recém vendido ao futebol europeu (Lucas Veríssimo) e uma dupla como Soteldo e Marinho, colocado por muitos como o melhor jogador do país na temporada, não pode ser considerado meia boca.

SAINDO DA CAVERNA E DESCOBRINDO UMA NOVA REALIDADE

A chegada de Ariel Holan despejou uma dose considerável de euforia e esperança no torcedor santista (e como razão). Após excelentes trabalhos na Universidad Católica do Chile e Independiente da Argentina, o treinador assina por dois anos com Peixe e deve ser o símbolo de uma nova mentalidade.

Mais do que os títulos conquistados ou sua experiência tática com hóquei na grama, Holan traz ao Santos ideias de jogo e características como treinador que se alinham exatamente com momento do clube e assim como prisioneiro que se liberta da caverna, pode nos levar a uma nova ideia de conhecimento.

O argentino de 60 anos, ficou conhecido por trabalhar em equipes com pouco orçamento e pela mescla perfeita entre jogadores da base e os mais experientes, com mentalidade ofensiva e muita intensidade. Hoje, é tudo que o Santos precisa.

Se os dirigentes vão se abster da comum preguiça intelectual e dar tempo e ouvidos ao que Holan terá a dizer e fazer após vir de fora da caverna é difícil dizer, mas que essa é uma oportunidade única e crucial ao futuro do clube, isso nem o mais ignorante dos prisioneiros pode negar.

Pedro Ramos  |  @peedrohramos

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