Faça Parte

Amor que dói.

    Onde começa o amor e termina a paixão? Essa é a pergunta que tenho feito a alguns anos sempre que penso na minha relação com o Sport Club do Recife. Devido a tantas frustrações e desencantos, sempre acho que é o fim "não vejo mais essa bosta de time", bloqueio das redes sociais, xingo no twitter e horas depois lá estou eu desbloqueando, seguindo novamente e fazendo cálculos e projeções para os próximos jogos.
 
     Uma loucura, ou seria amor? Paixão eu sei que não é, faz tempo que não sinto tesão em dia de jogo. Aquele calafrio ou a sensação eufórica em dia de jogo, me tornei frio até durante a partida, não comemoro mais, não grito mais, assisto ao jogo calado, em silêncio... após o fim da partida, se o resultado é positivo eu comemoro, abro minha cerveja e passo até o próximo jogo os dias serão felizes, mas se perdemos o jogo eu fico furioso... triste, mas em silêncio, o que é pior aparentemente. Vou no twitter, pontuo uma ou duas coisas, dou like nas reclamações dos meus amigos rubro negros e me distancio mais ainda do Sport, até o próximo jogo. Não me distancio por frustração apenas, mas sim por dor... é aí que entra o amor, é ele que me faz voltar no jogo seguinte e passar por esse ciclo novamente.

     Poderia passar horas relatando meus sentimentos, mas esse texto não é sobre mim. Na noite de ontem o Sport após empatar com o Náutico no tempo regulamentar e perder nos pênaltis, viu o rival levantar a taça do campeonato Pernambucano, quebrando um tabu de mais de 50 anos em que o time alvirrubro jamais havia vencido uma final diante do Leão da Ilha. Na minha não requisitada opinião, o titulo do futebol Pernambuco é obrigação para o Sport, visto que figura na elite do futebol brasileiro, tem a maior cota e a possivelmente uma melhor estrutura com relação aos rivais, ao menos é o que se espera de um time da série A.

     No entanto os problemas do Sport vão além de vencer ou não uma competição "obrigatória", a sensação é que nos últimos seis anos o rubro negro pernambucano sofreu com uma série de escolhas erradas, uma gestão unilateral para com o seu torcedor e também com uma alienação e ódio de jovens atletas por parte da torcida. Vamos por parte, começaremos sobre o torcedor rubro negro. É verdade que o Leão da praça da bandeira tem a torcida mais orgulhosa (e por vezes soberba), diante das condições dos colegas rivais é até justificável. Com isso, a impaciência e incoerência toma parte do torcedor leonino, atletas da base são os que mais sentem essa situação, o erro não é tolerado pela torcida, não é mesmo.

Adryelson, atleta da base do Sport.
 (Fonte: Twitter SportRecife

    Atletas ainda em formação sofrem uma perseguição desproporcional das arquibancadas, o exemplo mais recente é o goleiro Maílson, na noite de domingo (23), o jovem goleiro defendeu um pênalti que logo foi impugnado pela arbitragem, Maílson havia se adiantado na hora do lance, após a cobrança ser refeita toma o gol, e na sequencia o jogador do Sport, Marquinhos, isola a cobrança de pênalti dando a vantagem para o time alvirrubro. O jovem goleiro, de apenas 24 anos, no entanto acertou absolutamente todos os cantos e chegou a tocar na bola em duas cobranças realizadas com méritos pelos jogadores do Náutico. Desde ontem, nas redes sociais de torcedores rubro negros uma enxurrada de comentários negativos e desproporcionais contra o goleiro do Sport.


Deixado no banco, Mikael empata a partida após 8 minutos em campo
 (Fonte: twitter Sport Recife)


     É sintomático que ao procurar um culpado, o torcedor opte pelo atleta da base. Não se justifica. Principalmente em uma partida onde mesmo tendo Ronaldo (atleta da base do Sport) o técnico Louzer opte por  Marcão, que ao tentar um passe na defesa do Sport acaba entregando a bola nos pés do artilheiro do Náutico, Kieza, que abre o placar ou numa partida onde o mesmo Louzer também opta por deixar Mikael, artilheiro do Sport na temporada e no campeonato, no banco de reservas, e que quando entra em campo precisa apenas de 8 minutos para empatar a partida ou então que Gustavo, também atleta da base do Sport, encarado como jovem promessa do clube, por opção do treinador, sequer é relacionado para a partida. O torcedor do Sport odeia a base, o que por si só reafirma o que é essa gestão atual do clube. Um bando de velhos arrogantes e ultrapassados que somam eliminações, perda de títulos e a desvalorização dos nossos jovens atletas. Reflexo de uma torcida que "não cabe em Pernambuco", mas que sequer consegue fazer uma reflexão sobre seus jogadores e gestores.

     O fogo que arde em meu peito se esvai um pouco mais todos os dias, a dor de amar esse clube, passou de aguda e se torna cada vez mais crônica, forte e pesarosa. Saber que não conseguirei me livrar desse sentimento dói mais ainda, amar o Sport Clube do Recife machuca, e precisamos, torcedor, aprender a viver com isso. Infelizmente. 

 Saudações Rubro Negras, e PST!!


Linhacast no Ar!! Podcast de produção do Linha de Fundo. 

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