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Bode atropela Bahia no interior

Equipe do sudoeste tem grande atuação e reverte vantagem tricolor na final

A dúvida antes da escalação era grande. Qual Bahia entraria em campo? Com uma sequência de decisões pela frente e jogadores visivelmente desgastados, a expectativa é que Sérgio Soares pudesse poupar algum atleta para a semana mais decisiva do semestre. Não foi isso que aconteceu. Comissão técnica optou pela força máxima, respeitando o adversário que o derrotara na estreia do campeonato no mesmo estádio Lomanto Júnior. Única novidade era a escalação de bruno Paulista – uma decisão mais técnica do que médica – a julgar pela inconstância das atuações de Patrick com a camisa seis, a despeito do tornozelo baleado.

O Esporte Clube Primeiro Passo – doravante chamado pela sigla ECPP – foi quem, de certa forma surpreendeu. A equipe interiorana imprimiu um ritmo forte desde o início do jogo, acelerando a partida e usando os atalhos do gramado ruim a seu favor – ainda que o relvado tenha apresentado uma melhora em relação a jogos anteriores naquela praça. Com uma semana de descanso e conhecimento sobre as fragilidades do adversário, o Bode dominou o meio-campo com a dupla Fausto e Maicon na volância e o trio André Beleza, Diego Aragão e Carlinhos municiando Tatu no ataque, e chegando com liberdade para concluir. Por ali, desde o início, se apresentavam generosos espaços que por onde desfilavam as camisas verdes reluzentes como Kriptonita.

O Esquadrão de Aço apresentava problemas em todos os setores. A última linha defensiva estava extremamente insegura e Bruno Paulista levava um passeio do lateral Apodi. Sem conseguir trabalhar a saída de bola, por inúmeras vezes os zagueiros de área estiveram em situação de confronto direto com o atacante Tatu. Perderam todas. Rômulo André Lopes - nome de batismo do dianteiro – teve três chances para marcar, mas falhava sempre na hora do capricho final para estufar as redes.  Carlinhos só não fez o dele porque Titi salvou depois de saída errada de Jean para cortar cruzamento. Em outra jogada, novamente Carlinhos concluiu por cima do gol. Com a torcida inflamada pela boa atuação o time da casa empilhou chances desperdiçadas. O Bahia, entre atônito e desorganizado, teve duas chances com Maxi que não soube finalizar com precisão. No mais, nada a declarar. Time completamente dominado. O empate era um resultado a ser comemorada pelos tricolores, tamanha a apatia do time.

Espaços demais na defesa desde cedo. Bruno não encurta, meio não acompanha e zagueiro precisa abrir para cobertura. Jogada termina em cabeceio perigoso de Carlinhos
Não houve mudanças para a segunda etapa. Em nenhum aspecto. Em menos de meio minuto o ECPP já estava dentro da área, martelando contra a atabalhoada defesa tricolor. E em uma cobrança de falta lateral Fausto estufou as redes, aproveitando-se de uma conhecida deficiência da defesa adversária: O jogo aéreo. O volante, de passagem marcante pelo time do capital, cabeceou sem ser incomodado por ninguém. Bola no canto de Jean, uma a zero no placar e início do calvário do Bahia.

É bem verdade que Maxi chutou a melhor chance da equipe na trave, que Léo Gamalho acertou uma cabeçada [aleluia!] no gol e que Kieza foi travado no momento de um chute que parecia perigoso. Nada disso era sinal de qualquer melhora na atuação medonha do Bahia. O ECPP esteve sempre senhor da partida e aproveitando não apenas da tarde infeliz dos defensores adversários, mas também da demora de Sérgio Soares em modificar a equipe. Em outra bola lançada na área, Thales rebateu mal de cabeça e entregou nos pés de Diego Aragão, que cortou o afobado zagueiro e acertou um potente chute na baliza defendida por Jean. Sem chances. Dois a zero justo e inapelável.

Só neste momento, após o caldo ter entornado e com o time mais enrolado que rabo de porco, que o professor Soares resolveu agir. Tirou Pittoni, único com pinceladas de lucidez em campo, pois o paraguaio pedira para ser substituído. A entrada de Zé Roberto era para tentar aumentar o volume ofensivo do Bahia, com quatro atacantes de ofício na cancha. Entretanto, a defesa queria mesmo entregar a paçoca: Contragolpe rápido e André Beleza dominou a bola acossando por dois defensores que apenas marcaram com os olhos, cortou para o lado e finalizou forte: Três a zero. E ainda faltavam quinze minutos de jogo.

Bahia perde jogada aérea no ataque e zagueiros estão fora - Titi nem foto. Desvantagem numérica no contra-ataque puxado por Apodi, time sem forças para parar a jogada.Tony permite finalização e André Beleza fecha o placar.
Um Bahia cansado e desorganizado ainda tentou amenizar o estrago. Houve tempo para uma grande defesa de Viáfara, para as entradas de Yuri e Rômulo, para alguns amarelos e para uma última chance desperdiçada por Kieza.  A essa altura, na arquibancada, já era ensurdecedor o carnaval da torcida da casa. Juiz apitou o fim do jogo e encerrou a agonia tricolor, que agora se concentra na viagem para Fortaleza onde decidirá o Nordestão contra o Ceará. Algo ficou claro nesta tarde de domingo no sudoeste baiano: Se quiser reverter o quadro e conquistar o 46º título estadual da história, o Bahia precisará fazer muita coisa diferente domingo que vem. A primeira: Entrar, de fato, em campo.

Procurei uma foto que provasse que eu não mentia: Léo Gamalho esteve em campo.                     [Fonte: ECBahia oficial]
ATUAÇÕES BAHIA:

JEAN:  Mostrou insegurança em alguns momentos e falhou bisonhamente ao cortar um cruzamento. Titi salvou o lance. Não podia fazer nada nos gols: 4,5
TONY: Engatou uma sequência de atuações tão ruins que esgotou a paciência de parte da torcida. Falhou muito na marcação do terceiro gol: 4,0
THALES: Que nota merece um zagueiro que não ganha nenhum lance, erra todas jogadas que tenta e falha nos três gols do adversário? Sim, é ZERO [estou generoso hoje]
TITI: Voltou ao normal: Erra tudo por cima e não acerta nada por baixo. Salvou um gol em cima da linha e entregou algumas bolas no pé dos adversários: 4,0
BRUNO AVENIDA PAULISTA: O trocadilho com o nome não é justo. A Avenida Paulista quase nunca tem trânsito livre. Já a lateral do Bahia hoje... 3,5
PITTONI: O melhor, disparado, da equipe. Sua saída foi equivalente a Sansão derrubando as últimas colunas do templo de Dagom. Tudo ruiu em volta: 5,5
SOUZA: Entrou cansado, cansado correu e cansado acabou o jogo. Até eu me cansei do cansaço dele: 3,0
TIAGO REAL: Marcou pouco, armou menos, correu para o gasto e não achou nada em campo. Ninguém perdeu pertences durante o jogo: 4,0
KIEZA: Correu e lutou como o habitual, mas não conseguiu produzir muita coisa. Teve duas chances no jogo: 5,0
MAXI: Foi quem teve mais oportunidades na partida, mas não conseguiu marcar. Também não ajudou na armação. Abaixo do que se espera: 4,5
GAMALHO: Geralmente eu o vejo na hora da substituição. Como não foi substituído hoje então eu tive que checar na ficha do jogo se ele esteve em campo: 2,0
YURI/RÔMULO: Sem tempo para fazer algo. Precisariam de poderes mágicos para isso, inclusive.
SÉRGIO SOARES: Espero que tenha acertado na escolha do par de meias para o jogo. Porque seria o único acerto da tarde: 4,0

FICHA TÉCNICA

VITÓRIA DA CONQUISTA 3 x 0 BAHIA – FINAL DO BAIANO [ JOGO DE IDA ]

Local: Estádio Lomanto Júnior, Vitória da Conquista (BA)
Data: 26 de abril de 2015, domingo.
Horário: 16h 
Árbitro: Lúcio José Sílvio de Araújo
Assistentes: José Raimundo Dias da Hora e Jucimar dos Santos Dias
Cartões Amarelos: Viáfara, Fernando Belém e Tatu (Vitória da Conquista); Wilson Pittoni e Léo Gamalho (Bahia).
Cartões Vermelhos: Não houve
Gols:Fausto (Vitória da Conquista), aos 2 minutos do segundo tempo, Diego Aragão (Vitória da Conquista), aos 10 minutos do segundo tempo e André Beleza (Vitória da Conquista), aos 28 minutos do segundo tempo.

VITÓRIA DA CONQUISTA: Viáfara; Apodi, Fernando Belém, Sílvio e Matheus; Fausto, Maicon, Diego Aragão e André Beleza; Tatu (Erivelton) e Carlinhos. 
Técnico:Evandro Guimarães

BAHIA: Jean; Tony (Yuri), Thales, Titi e Bruno Paulista; Wilson Pittoni (Zé Roberto), Souza e Tiago Real; Kieza, Léo Gamalho e Maxi Biancucchi (Rômulo).
Técnico: Sérgio Soares

#BBMP


Alex Rolim || @rolimpato

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