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Do sonho à realidade


Quero pedir um minuto da sua atenção, caro leitor, para contar a história de um clube com passado sofrido, mas de um povo apaixonado. A Associação Chapecoense de Futebol que nesses 41 anos de existência vem fazendo o Brasil conhecer o velho e querido Oeste Catarinense. 

Nascida de uma fusão de dois times amadores, o Atlético Clube Chapecó e o Independente Futebol Clube, em menos de quatro anos de existência já começava escrever seu nome no futebol nacional. Mais precisamente no ano de 1977, o título conquistado bravamente diante da equipe do Avaí fez o torcedor acolher a Chapecoense no seu coração. O bi-campeonato demorou um pouco, mas chegou em 1996 contra o fujão Joinville, pois no jogo da volta em Chapecó, na noite anterior à partida, um fato fez com que a equipe do norte do estado voltasse para casa antes da bola rolar, adiando a partida. Isso porque a torcida Chapecoense presenteou o time adversário com um show de fogos de artifício. Com isso o JEC alegou não ter dormido bem naquela noite e acabou deixando Chapecó. O jogo foi a julgamento e uma nova data para a grande final foi definida: 18/12/96. Desta vez o Joinville não fugiu, e com o coração na ponta da chuteira a Chape venceu no tempo normal e também na prorrogação, ficando com o bi-campeonato.


Em 1977 a Chapecoense conquistava o primeiro titulo Catarinense. Foto: Divulgação/Chapecoense.

O tri chegou apenas em 2007, ah que orgulho deste time, a vítima da vez foi o Criciúma. Neste jogo tive a oportunidade de assistir pela primeira vez um jogo do querido Verdão do Oeste, uma vitória de um time guerreiro que me fez sair emocionado e definitivamente apaixonado por este clube. A vitória deu confiança para o jogo da volta, fora de casa, com a equipe do Criciúma jogando apenas por uma vitória, já que havia conquistado a vantagem de jogar por dois resultados iguais. O Tigre vencia a partida até os 35 minutos do segundo tempo, até que uma bola cruzada encontrou Fabio Wesley, que mesmo pisando na bola conseguiu empurrar a bola livre para o fundo das redes, fazendo o torcedor da Chapecoense ir a loucura.

Time tri campeão Catarinense em 2007. Foto: Arquivo/Chapecoense.
Mas ainda era pouco para este torcedor, queríamos nos mostrar não apenas ao estado de Santa Catarina, e sim para o Brasil. Em 2009 foi onde todo o sonho começou, na sua primeira participação na série D do Brasileirão, a Chapecoense garantia seu primeiro acesso nacionalmente. 

Sofremos com o “rebaixamento” no estadual no ano de 2010, quando o Atlético de Ibirama, após desistir de jogar a série A do estadual por falta de investimento, “salvou” a equipe de jogar a segunda divisão do estadual. No mesmo ano, batemos na trave na série C do Brasileirão, após empatar em 1x1 em Chapecó contra o Ituiutaba, agora conhecido como Boa Esporte. Naquele momento tínhamos que vencer o adversário jogando em Minas, mas o resultado de 0x0 classificou os mineiros.

Até que chegou 2011 e o tetra campeonato catarinense, novamente diante do Criciúma. Na primeira partida disputada no Heriberto Hulse, a equipe da casa venceu pelo placar de 1x0. Para o jogo da volta uma vitória por qualquer placar dava o título ao Verdão do Oeste. O Criciúma chegou em Chapecó sem nenhuma vontade de vencer o jogo, até que aos 23 minutos do segundo tempo, Neném cobrou falta e Carlinhos Santos, o zagueiro do tigre, jogou contra o próprio gol e fez a Arena Condá pulsar de um jeito jamais visto, provando que o índio guerreiro valente NUNCA desiste.

Em 2011 o tetra campeonato, com uma equipe que mostrou amor a camisa. (Foto: Divulgação/Chapecoense)
Como não lembrar de 2012, quando a Chapecoense começou escrever seu nome no futebol brasileiro definitivamente? Enfrentamos o Luverdense, um dos times com melhor campanha até então, dizendo que chegando em Chapecó que sairiam daqui classificados, mal sabiam eles do poder da Arena Condá, sem tomar conhecimento vencemos pelo placar de 3x0, ironicamente o primeiro gol do jogo foi marcado por Julio Terceiro contra, o sonho cada vez mais ficava próximo de ser realizado. Podendo perder até por 2 gols de diferença, foi até Lucas do Rio Verde e sem nenhuma dificuldade, mesmo com um pênalti convertido no final do jogo pela equipe da casa, a Chapecoense garantiu seu nome entre os 40 melhores times do futebol brasileiro.

Em 2012 foi o ano em que todo o torcedor sempre esperou, o acesso a série B do Brasileiro, ano muito especial também para Rodrigo Gral (11), o jogador marcou seu gol de número 500 da carreira vestindo a camisa do Verdão na goleada de 5x0 sobre o Tupi-MG. Foto: Arquivo/Chapecoense.
A série B sempre foi o sonho do torcedor, que acordou para a realidade no dia 17 de novembro de 2013, após o empate em casa contra o Bragantino, a Chapecoense garantia mais um acesso, e até então a maior conquista do clube nos seus 40 anos de existência. Além do acesso, a Chapecoense cravou seu nome na história da competição, ficando todas rodadas entre os 4 primeiros e ainda com maior artilheiro de todas edições da série B vestindo a camisa verde e branca, Bruno Rangel, com 31 gols.


Gilmar Dal Pozzo, esse foi o nome do treinador que levou a Chapecoense da série C para a elite do futebol brasileiro. (Foto: Marcelo Silva)
A história sofrida mostra sim que jamais devemos desistir dos nossos sonhos, não desista na primeira dificuldade, erga a cabeça, vá em frente. Eu, como torcedor Chapecoense me sinto parte dessas conquistas, estive lá em cada momento desde 2007. Vestir pela primeira vez a camisa da Associação Chapecoense de Futebol fez com que eu me apaixonasse de vez pela equipe, quem nunca fez uma loucura pelo seu time? Quem nunca chorou, tanto com lágrimas de felicidade, quanto de tristeza?

Quando visto a camisa da Chapecoense muitos podem achar coisa normal, mal sabem eles que vestir essa camisa é como estar carregando seu bem mais precioso, além de muito amor, carrega o maior orgulho do mundo. Lembrar da época de vacas magras e ver hoje nosso rebanho forte e corado, me faz entender que nada é impossível. Esta é a magia do futebol, é algo extraordinário, por isso quando me falam que tudo isso é doença eu não perco tempo, respondo “se for doença, que jamais exista cura”. 


Torcida apaixonada, sempre empurrou a equipe do começo ao final de cada jogo. Foto: Barra da Chape.
2015 começou com contratações que animaram a todos torcedores em busca do titulo Catarinense, perdemos muitos jogadores importantes por contusão no decorrer da competição, terminamos a primeira fase em 1° lugar. Com vários desfalques, a equipe caiu de produção e  hoje ocupa a 3° colocação no hexagonal, 5 pontos a menos que o Joinville e 3 do Figueirense. Nesses 41 anos de história, conquistamos tudo com muito sofrimento e raça, não vai ser agora que iremos desistir. Como diz a música do Engenheiros do Hawai “Não vim até aqui pra desistir agora”. Lutar sempre e desistir JAMAIS, isso é ser Chapecoense. 

Vista a camisa, vá a Arena e grite "Sou CHAPECOENSE com muito orgulho com muito amor", Somos mais que onze, somos CHAPECOENSE.

Marcelo Weber | @afcmarcelo

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1 Comentários

  1. Muito bom saber a história dos clubes brasileiros, principalmente quando são contadas com amor e paixão. Parabéns, Marcelo.

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