Lá estava
eu, andando como dono do mundo no meio de tanta gente e vestido com as cores do
time que defendia – pelo menos era isso que meus pais diziam. Olhei para todos
os lados tentando entender o que ali acontecia. Porque aquelas pessoas pareciam
tão felizes se a atração principal ainda nem havia começado? Porque tinha tanta
gente vestindo as mesmas cores que eu?
Tudo
era novidade. Mesmo que meus pais me colocassem na frente da TV e me
explicassem tudo sobre aquele jogo, que para mim era fascinante, tudo ainda era
muito... novo. Fui no colo de minha mãe, que olhava para mim a cada cinco
segundos para garantir que estava tudo bem. E, para falar a verdade, estava
tudo ótimo. No auge dos meus três anos, eu estou vivendo minha primeira
aventura.
Entramos
todos juntos, eu, papai e mamãe, naquele lugar enorme que eles chamavam de
"Maraca". Estava impressionado. Andando pelos corredores, me
perguntei quando chegaríamos naquele enorme tapete verde que a televisão
mostrava. Perguntei-me se ficaríamos tão próximos aos jogadores, mas meus
pensamentos foram quebrados em apenas um segundo. "Olha ali, filho. Olha o
Maracanã". Parei.
Quem
observava de fora devia estar achando que eu começaria a chorar a qualquer
minuto, mas a verdade é que era tão bonito que isso literalmente podia
acontecer. Meus olhos brilharam e meu sorriso não podia ser contido. Aquele mar
de pessoas, aquele lugar imenso, as luzes e o tão esperado tapete - que, devo
confessar, me deu vontade de correr para ele e "bater uma bolinha".
Meus pais pareciam tão felizes quanto eu, se é que isso é possível. Eu estou
cada vez mais animado.
As
dúvidas ainda pairam em minha cabeça, mas a vontade de explorar tudo é muito
maior. Começo a querer correr de um lado pro outro, descer aquelas escadas,
observar as pessoas ao redor. E aquelas enormes bandeiras? O máximo que eu
tinha visto era a bandeira que papai deixava na janela. Queria muito
balançá-las como aqueles homens faziam, mas sabia que demoraria um pouco até
ter tamanho (e força) o suficiente.
O
jogo começou e a torcida cantava e batia as mãos. Queria participar de todas as
formas, então tentava acompanhar. Muito divertido, devo dizer. Enquanto estava
sentado em minha cadeira, observei todos que estavam por ali. Alguns rezavam,
outros gritavam e outros pareciam estar malucos. Talvez todos ali fossem um
pouco loucos. De repente as pessoas começaram a levantar e todas gritaram e
pularam ao mesmo tempo. Ouvi um sonoro "GOL" e ali entendi. Elas
estavam comemorando e até eu, que nem tinha visto nada, comemorei junto.
Naquele momento, o ato de celebrar parecia incrivelmente familiar.
Comecei
a perceber que estávamos indo embora, então chorei. Ninguém entendeu, mas era apenas
porque eu não queria ir. Estar ali era surpreendentemente bom. Olhei para os
lados e percebi que todos estavam saindo como uma grande família, juntos e
felizes. Acalmei-me e entendi que era hora de sair. Virei-me para meus pais e
perguntei "podemos voltar amanhã?". Os dois riram e se olharam
sorrindo. O que era tão engraçado?
Minha
mãe se virou para mim e disse com aquele olhar cheio de amor: "você pode
voltar quando quiser. O Maracanã é a sua casa".
Mariana Sá (@imastargirl)
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