Uma boa equipe de futebol deve
possuir duas características fundamentais: Capacidade de se reinventar,
encontrando soluções para desfalques/problemas dentro do elenco e habilidade
para adaptar-se ao contexto de cada jogo, encontrando o melhor caminho para superar
o adversário. Neste post mostrei como o Bahia de Sérgio Soares encontrou boas
soluções para desfalques importantes. Semana passada a equipe deu provas de
como sabe modificar seu estilo de acordo com a proposta de cada rival.
Na quarta-feira a equipe
enfrentou o Luverdense na Fonte Nova pela Copa do Brasil. Precisava vencer por
qualquer placar após o empate de 0 X 0 no jogo de ida. Sem Maxi, Kieza e Bruno
Paulista, equipe adotou o 4-4-2 losango habitual da temporada, com Rômulo como
‘enganche’ e Souza/Real como ‘carrileros’. Iniciou a partida aplicando o modelo
padrão de Sérgio Soares no ano: Marcação alta, linhas avançadas, intensidade e
proposição de jogo. Nos dez primeiros minutos a posse de bola era de 80%.
Muitas chances de gols criadas até que Léo Gamalho abrisse o placar aos 14
minutos. A equipe não diminuiu o ritmo e ampliou o marcador aos 26 minutos com
Tiago Real. Apesar disso, não houve mudança de postura até o fim da primeira
etapa. O domínio foi completo: Imposição tática, física e técnica que poderia
ser traduzida em mais gols.
O time diminuiu o ritmo na
segunda etapa e viu o Luverdense diminuir o escore em lance de rara felicidade
do meia Paulinho: Cobrança de escanteio venenosa e primeiro gol olímpico da
Fonte Nova após a reinauguração. Apesar do placar perigoso – uma nova igualdade
classificaria a equipe de Mato Grosso – o tricolor não passou grandes sustos. E
acabou por definir a partida numa jogada que tem se tornado clássica: Gamalho
abre na direita e Wilians Santana avança no espaço vazio, vencendo a última
linha defensiva na velocidade: Armadilha criada e bem executada, evidenciando
padrão na formação do time. No scout final do jogo, o Esquadrão foi superior
nos principais indicadores de volume de jogo: Quase 60% de posse, 10 finalizações
certas, 390 passes certos e 8 escanteios. Venceu e convenceu.
Sábado à noite, Maceió, estádio
Rei Pelé. Pela série B o Bahia teria que enfrentar um velho conhecido na
temporada: o CRB, campeão alagoano de 2015. As equipes já haviam se encontrado
na primeira fase do Nordestão, com dois empates em jogos bastante disputados. A
equipe local – a despeito de já haver trocado de treinador nesta temporada,
como diversos times do Brasil – manteve o padrão e a estratégia usada nos jogos
anteriores contra o Bahia: Criar superioridade numérica no meio campo e negar
espaço aos armadores do Bahia, impedindo que a bola chegue ao ataque.
Estratégia que teve sucesso, em parte. CRB teve mais posse de bola [56%% X 44],
passes certos [314 X 209] e escanteios [5 X 3]. No entanto o Bahia foi mais
efetivo no ataque: Foram três finalizações certas – todas convertidas em gol –
contra duas do CRB que errou 9 conclusões contra 7 do tricolor. Ou seja: Apesar
do maior volume regatiano, o Bahia foi mais efetivo e objetivo, mantendo o
mesmo sistema tático do jogo anterior. Falta de efetividade que era um dos
defeitos do time na temporada.
Com o meio bloqueado, coube ao
maestro Pittoni abrir os caminhos com uma solução pouco utilizada no ano: Um
arremate perfeito de fora da área. Ele que sempre é o jogador com mais passes
certos no jogo, foi superado neste quesito pelos laterais Tony [31] e Marlon
[29]. A participação do lateral esquerdo merece destaque à parte. Na estreia se
tornou o primeiro lateral a marcar gol no ano e já igualou o número de
assistências dos outros [Carlos, Raul, Patrick]: UMA apenas. Bruno Paulista
fora dessa conta por ser meia de origem, lógico.
Pittoni acerta arremate perfeito de fora da área. Observa-se NOVE jogadores do CRB atrás da linha da bola no lance |
Marlon possui características que
se encaixam bem no jogo proposto por Sérgio: Boa saída de jogo, apoio
consistente, bom passe e cruzamento. Ainda é cedo para falar que a contratação
foi acertada, porém o início foi animador. Animadora também foi a volta de Léo
Gamalho após a contusão que lhe tirou das finais do Nordestão e Baianão. O
“Ibrahimovic do Sertão” está mais participativo, inclusive no combate da saída
de bola. E procurando os espaços vazios na defesa. Ao contrário do que muitos
pensavam, ele não tem jogado fixo na referência, tem procurado principalmente o
lado direito para criar amplitude para o ataque tricolor.
Ao contrário do imaginado, Léo Gamalho não tem ficado fixo na área. Abre bastante no flanco direito.[Fonte:Footstats] |
Finais de jogo, tramas idênticas: Gamalho abre à direita e Willians infiltra. repetição confirma padrão de jogo. |
Isso ficou mais uma vez evidente
no terceiro gol do Bahia em Maceió, em jogada quase idêntica à de quarta
passada. Uma prova de que o time tricolor possui modelo e padrão bem definido.
Mérito do bom trabalho de Sérgio Soares que consegue extrair o melhor de cada
jogador. Combinado isso com boas estratégias para vencer, o principal objetivo
do Bahia na temporada estará cada vez mais próximo: Conquistar uma vaga na
Serie A.
Alex Rolim || @rolimpato #BBMP
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