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Barcelona pinta Europa de azul grená e conquista tríplice coroa.

Berlim, Roma, Paris e Wembley duas vezes, esses foram os destinos do time catalão em seus respectivos títulos desse clube pentacampeão e único time a conquistar dois tríplices na história. A capital alemã, no estádio Olímpico, assistiu a mais um bom futebol de dois times, que fizeram por merecer para chegar aonde chegaram. A Juventus chegava com o desfalque do guerreiro Chiellini, já o Barcelona chegou completo, sintonizado por música, classe, com seus respectivos títulos no Campeonato Espanhol e na Copa do Rei. A equipe catalã marcou com Rakitic, Suárez e Neymar. O time de Turim descontou com o ex-madridista Morata.

Festa catalã em Berlim.
O sonho de Neymar

Como todo garoto em sua infância, na maioria das vezes segue um modelo, ou seja, seus familiares, ou alguém que admiramos muito. Neymar tinha um sonho, esse era de jogar no Barcelona ao lado de Lionel Messi. Aquele garoto franzino que jogava uma peneira ou outra em busca de uma oportunidade no futebol assistia aos jogos do time catalão e jogava vídeo game com o mesmo ganhando Champions League. Hoje (06) ele realizou este sonho de criança, ao lado de Messi e Suárez desmontou a defesa da Juventus. Um sonho que virou realidade para ele que é "100% Jesus".

El Pistoleiro matador

O único do tridente que demorou a estrear, por causa de uma punição na Copa do Mundo voltou com fome de bola e em pouco tempo se adaptou ao futebol do Barcelona. Uma estréia que teve início em um dos clássicos mais badalados do mundo, em Outubro, no Santiago Bernabeu, foi discreta com uma assistência para o gol de Neymar. No primeiro jogo deu demonstrações como seria a temporada, serviu os companheiros por 21 ocasiões. Ajudou o time catalão com suas assistências, gols, jogadas, sua garra e entrega dentro de campo.

O jogo

Sem ter tempo para respirar e olhar o placar, o murro da Juventus foi abaixo aos 3 minutos de jogo. Na primeira jogada do Barcelona ao ataque, Messi foi acionado no meio, virou o jogo para Jordi Alba, que tabelou com Neymar; o brasileiro viu Iniesta entrando na área, e o espanhol com a calma tocou para o meio, Ivan Rakitic, de primeira, fez 1 a 0. O placar deixou os torcedores eufóricos e confiantes pelo resultado positivo.

Como de costume, o Barcelona tocava bola, tinha mais posse, mais toque e levava mais perigo à meta de Buffon. O segundo gol poderia ter saído com Dani Alves, porém a mão divina do arqueiro de Turim, numa defesa espetacular poderia ter ampliado, ou se não fosse à falta de pontaria de Suárez na primeira oportunidade, ou se não houvesse um grande goleiro para defender o segundo chute.

O Barcelona seguia trocando passes como se estivesse jogando uma partida qualquer, por ser sua quarta final de Liga em menos de 10 anos. A Juventus, por sua vez era a personificação do Arturo Vidal, cometendo muitas faltas e atordoadas em campo. Das 15 faltas cometidas da equipe de Turim, 5 foram do volante da Juve. Com naturalidade o time do Barcelona fazia a bola rodar e o cronômetro passar, 45 minutos se passava e a equipe de Massimiliano Allegri pouco criava. Morata e Marchisio foram os que chegaram perto, de finalizar e jogar para fora.

O fim do primeiro tempo chegava e o Barcelona caminhava para mais um título, enquanto a Juventus se afundava em apatia, muito desespero e pouca efetividade.

Estatísticas do primeiro tempo.
O segundo tempo recomeça e que se desenrola ao longo dos lances é um Deja vi de Suárez e Buffon, os quais dão notas a uma frase de "quem não, leva". Suárez recebeu de Rakitic e de três dedos chutou e Buffon defendeu. Messi fez boa jogada com Neymar e Suárez bateu para fora. Aos 9 minutos, Marchisio fez o que a equipe de Turim em 45 minutos não fez, um passe para deixar até o Xavi com inveja, de calcanhar o italiano tocou para Lichtsteiner rolar para Tévez sair da marcação e bater para boa defesa de Ter Stegen. No rebote, Morata livre fez o gol do empate, acordando aos italianos e seus gritos ensurdecedores.

A equipe de Allegri ficou animada, se lançou ao ataque na base da força de vontade e calor da torcida. Tévez teve uma oportunidade de marcar, Pogba ficou reclamando de pênalti com Dani Alves, contudo o árbitro nada assinalou. De tanto se lançar sem organização deixaram o tridente solto, Messi carregou a bola do meio de campo até perto da área, bateu para boa defesa de Buffon e na volta o gol estava escancarado para o pistoleiro, dessa vez ele não perdoou, fuzilou as redes e saiu para o abraço. Era o Barcelona passando a frente novamente, 2 a 1.

Dois minutos após o gol, a Juve parecia ter sentido o golpe, saiu jogando errado nos pés de Jordi Alba, o lateral cruzou na cabeça de Neymar, ele cabeceou, mas a arbitragem assinalou irregular, pois bateu na mão dele. "Eu daria gol. A mão não influenciou em nada. A bola triscou na mão dele. Ele cabeceia livre, e ele está tirando o braço da frente. Aí os jogadores do Juventus reclamaram, e o assistente atrás do gol anulou o gol." - Arnaldo Cezar Coelho.

O gol tendo valido ou não, o jogou seguiu e Marchisio ainda levou perigo a Ter Stegen que teve de se esticar todo para defender a finalização. O técnico da Juventus trocou Morata por Llorente, 6 por 12, Luis Henrique chamou Mathieu e pós no lugar de Rakitic, o paredão estava formado e quem há de invadir? Os italianos tentaram, mas o que conseguiram foram tomar um gol. Um gol para a consagração de um craque. Um jogador decisivo nesse mata-mata. Um jogador que saiu dos campos de areia para brilhar nos gramados de Berlim. Neymar puxou contra-ataque com Pedro, o brasileiro recebeu de volta e mandou um míssil para estufar as redes, 3 a 1.

O brasileiro tirou a camisa, foi para a galera, foi à consagração de uma tríplice coroa de uma equipe que passou da desconfiança para as vitórias, esse time entra para a história com o trio goleador de 122 gols. Com todas suas imperfeições na defesa, que tantos criticavam.

Mas também por um meio-campo que conseguiu dinamizar um estilo de jogo que já era visado pelos rivais, por um treinador que conseguiu tirar o melhor de seus craques, mesmo que jamais tenha tido a melhor das relações com nenhum deles. Afinal, a perfeição no futebol admite sua licença poética. E o Barcelona, mesmo com todas as suas imperfeições, termina a temporada 2014-15 como um time que ganhou tudo. E que, se não foi invencível durante todo o tempo, foi perfeito quando precisava ser.



FICHA TÉCNICA
JUVENTUS 1X3 BARCELONA
Final da Liga dos Campeões da Europa

Local: Estádio Olímpico de Berlim, na Alemanha
Data: 6 de junho de 2015 (sábado)
Árbitro: Cuneyt Cakir (TUR)
Assistentes: Bahattin Duran e Tarik Ongun (ambos TUR)
Cartões amarelos: Arturo Vidal, Paul Pogba (Juventus)

Juventus: Buffon; Lichtsteiner, Bonucci, Barzagli e Evra; Pirlo, Pogba, Marchisio e Vidal; Morata e Tévez. Técnico: Massimiliano Allegri.

Barcelona: Ter-Stegen; Daniel Alves, Piqué, Mascherano e Alba; Busquets, Rakitic e Iniesta; Luis Suárez, Messi e Neymar. Técnico: Luis Enrique.