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A Classe de 92: 1992 a 1996


“Você não pode ganhar nada com crianças”, disse Alan Hansen no programa Match Of The Day há exatos 20 anos. O ex-jogador do Liverpool afirmou isso logo após a derrota do Manchester United para o Aston Villa por 3-1 no primeiro jogo da temporada 1995-96. Hansen ainda não sabia que aquelas crianças fariam parte de uma das gerações mais incríveis da história dos Red Devils.

O ano de 1992 foi conturbado no mundo todo. Além de vários acontecimentos políticos e sociais, ele também marcou a mudança do futebol inglês para sempre. A Premier League mudava seu modelo de competição e começava a ser como é hoje. O Manchester United começava a formar o elenco vitorioso que se consagraria em 1999 e iniciaria a hegemonia na Inglaterra.

Tudo começou com a chegada de Sir Alex Ferguson em 1986. Em seu primeiro mês, o treinador arrumou a forma como o clube trabalhava com a base e aumentou o número de olheiros principalmente em Manchester. Olhando para trás, é possível enxergar que a visão de Sir Alex transformou tudo.

Adotando a antiga política seguida por Matt Busby, Ferguson começou a mostrar grande interesse pela base e o clube passou a tentar encontrar mais jogadores para desenvolver e transformar em “crias” do United. Muitos eram recrutados com apenas 14 anos, incluindo alguns nomes bem conhecidos.

Nicky Butt, Paul Scholes, Ryan Giggs, David Beckham, Gary Neville e Phil Neville. Jogadores que inspiram e inspiraram gerações e escreveram seus nomes na história de um dos maiores clubes do mundo. Sendo torcedores fanáticos do Manchester, dar a vida ao time não era suficiente para eles. Os seis sempre queriam mais.

Em 1992 os Red Devils tentavam, finalmente, vencer uma Youth Cup (Copa Juvenil) após tantos anos sem o título. Naquela época, Giggs já fazia alguns jogos pelo time principal, mas mesmo assim esteve com Gary Neville, Beckham e Butt na partida. A vitória por 3-1 em Old Trafford (agregado: 6-3) consagrou aquela equipe. Depois do fim da partida, o narrador da televisão disse “Quantos desses rostos veremos no time principal do Manchester United?”. A escalação: Pilkington; O’Kane, Casper, Neville e Switzer; Beckham, Butt, Davies (Savage) e Thornley (Gillespie); Giggs e McKee. No ano seguinte, Paul Scholes e Phil Neville se juntaram aos titulares.

Três anos depois, em 1995, os experientes Paul Ince, Mark Hughes e Andrei Kanchelskis foram vendidos e Alex Ferguson surpreendeu todos com a decisão de não fazer contratações. Ao invés disso, ele promoveu Butt, Beckham, os irmãos Neville e Scholes. Giggs já era membro do primeiro time.

Eric Cantona era um dos mais experientes da equipe e, depois de retornar de uma suspensão de nove meses por dar uma voadora em um torcedor do Crystal Palace, ele foi um dos principais nomes junto com os novatos. Juntar os mais meninos e os mais velhos deu muito certo e não é a toa que nos lembramos de seus feitos até hoje. Além de Cantona, Steve Bruce, Roy Keane e Peter Schmeichel também faziam parte daquele elenco.

(Foto: Daily Mail)
Com média de 24 anos, o United pode ter começado a temporada 1995-96 com derrota, mas fez uma virada espetacular no Campeonato e, no Natal, o Newcastle viu sua vantagem de dez pontos ser anulada por “crianças”. O time de Manchester conquistou mais uma Premier League, a terceira em quatro anos.

Além disso, como forma de coroar a genialidade de Sir Alex Ferguson, o time ainda bateu o Liverpool por 1-0 na final da FA Cup com gol de Cantona aos 85 minutos. Antes da conquista, eles eliminaram Sunderland, Reading, Manchester City, Southampton e Chelsea.


Esses foram os primeiros títulos de um elenco que conquistaria o mundo poucos anos depois.

Mariana Sá || @imastargirl

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