Vencer a equipe do Atlético Mineiro não é uma tarefa nada
fácil. Vencer o Galo na sua casa é algo pouco convencional. Vencer o Atlético
no Mineirão lotado e ainda jogar bem é quase impossível. Derrotar o Galo em sua
casa, fazendo uma boa partida e golear o maior rival, tudo isso em um período de cinco dias, é, para muitos, utópico. E o Grêmio, como tantas vezes ao longo de sua história, tornou
reais os maiores devaneios de seus torcedores e teve uma semana perfeita.
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Alguns tolos ainda preferem acreditar que tudo isso foi sorte. Ou que um gênio da lâmpada apareceu e concedeu alguns desejos
aos gremistas. Estão enganados. Redondamente enganados. O Grêmio é um time
muito bem treinado e, consequentemente, organizado. Um time repleto de limitações e com um elenco
escasso, mas perfeitamente ajeitado, onde as imperfeições conseguem ser
superadas com a coletividade e comprometimento tático. Não dizem que é na
dificuldade que a criatividade aflora?
Nos gols marcados diante do Galo, é possível observar
claramente isso. Em contra-ataques fulminantes e semelhantes, o Tricolor venceu
talvez a equipe mais qualificada que enfrentou no ano e deu espetaculares gols
para a torcida e analistas táticos do mundo inteiro se deliciarem.
A jogada do primeiro gol começou no campo de defesa, depois
que Galhardo roubou a bola de Thiago Ribeiro na bandeirinha de escanteio. Uma
troca de passes fatal – foram 11 ao todo – e uma rápida transição, culminou no
gol de Douglas, que soube se posicionar muito bem. O Grêmio protagonizou uma
obra de arte.
O segundo gol, marcado por Luan, foi parecido. O número
de passes subiu para 13. Com, novamente, uma troca de passes envolvente, o gol
contou com a participação de oito jogadores: Douglas, Pedro Rocha, Luan,
Galhardo, Walace, Maicon, Geromel e Giuliano.
O Grêmio sem confiança, travado e lento de outrora, cedeu espaço a um time veloz, que
coloca a bola no chão, onde os jogadores se posicionam para receber a bola e
jogam com vontade. O esquema de jogadores fixos deu lugar a um quarteto de jogadores que não têm
posicionamento específico. Agora, o Grêmio ataca com Douglas, Giuliano, Luan e
Pedro Rocha e todos se movimentam extraordinariamente bem. Além disso, os
volantes possuem liberdade para chegar na frente e os zagueiros se adiantam
como volantes. Uma estratégia que vem dando certo graças aos incansáveis
treinos de um mestre chamado Roger Machado. Jogadas como as dos últimos gols,
só são possíveis com muito treinamento. Movimentação. Coletividade. Velocidade.
Treino. Repetição. Palavras chaves do atual Grêmio. Que, aglutinadas, são a
fórmula do sucesso Tricolor. Não há nenhuma magia. Tudo é fruto de um trabalho desenvolvido de forma competente.
O time vem tornando-se cada vez mais confiante – não
confunda com soberba. A equipe cresce justamente a medida que dedica-se de
forma plena as convicções de Roger, que recuperou um grupo desacreditado.
A sequência que o Grêmio tem pela frente, TEORICAMENTE, é
fácil: Joinville, Ponte Preta, Coritiba, Figueirense e Goiás. É preciso
conquistar bons resultados, somando o maior número de pontos possíveis, para chegar com moral nos confrontos diretos contra
Corinthians e São Paulo, que ocorrerão logo depois. Se quiser brigar realmente
pelo título, é a hora de mostrar força. Em campeonato de pontos corridos, quem
conseguir encontrar um equilíbrio ao longo dos dois turnos, sagra-se campeão. Obviamente,
é difícil manter esse nível dos últimos jogos até o fim do campeonato. Ah, se
futebol fosse apenas números e obviedades...
Janaína Wille | @janainawille
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