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Luto pelos nossos meninos

 Na semana em que o futebol nacional entrou em revolta por conta dos erros da arbitragem, o mundo lá fora sofria uma dor maior. Dor maior no que se refere ao senso comum, pois nenhuma dor é menor que outra. Não pude deixar de lamentar a arbitragem, fiquei triste pelo nosso futebol - independente se time A ou B é prejudicado ou beneficiado -, mas ainda assim não tive tempo de sofrer por isso. As redes sociais e mídias se dividiam entre o show de horrores nacional do mundo da bola e o luto mundial pela morte de uma criança Síria, assassinada pelo mundo em uma praia Turca.  E isso de fato me derrubou.

 O cenário mental desse que vos escreve não poderia ser pior, a ponto de perder o sono, a ponto de querer apenas se trancar em seu quarto e esquecer tudo que viu, que leu, ouviu... A criança Síria nada tem com nosso futebol, eu sei. Mas me sinto na obrigação desse desabafo, eu que sou estudante das ciências humanas e sociais e amante do esporte não posso me conter... preciso desabafar e aqui é o melhor lugar para isso.

 Não pude deitar a cabeça e não pensar na desgraça que assola no nosso mundo. Pensei no menino Sírio jogado sem vida e no mesmo instante refleti sobre quem ele poderia ser, o que ele queria ser... tão pequeno e frágil, poderia ser um jogador no futuro, talvez. Não saberemos mais.

 Eis que, no momento de reflexão, penso nos nossos meninos que morrem em qualquer esquina, abandonados e sem nome, sem rostos e sem sonhos. Todos os dias eles são o menino Sírio. Todos os dias eles são mortos por conta do ego dos homens. Seja por fronteiras de arames farpado e cães de guarda ou seja por fronteiras de classe, cor e muros de prédios. Nossos meninos morrem todos os dias.

 Penso que a educação e o esporte seriam a saída. Quem sabe esses meninos não seriam Ronaldo's, Messi's e Cristiano's, quem sabe se o menino Sírio tivesse chegado à praia ainda com vida ele não ergueria o Ballon D'Or um dia. Quem sabe se nós olhássemos para esses meninos com amor e compaixão, ao invés de apenas olharmos para nossos umbigos, não teríamos mais sorrisos do que lamentos?

 O menino Sírio tinha nome. Ele era Aylan Kurdi e esse (imagem abaixo) foi o único registro que vi dele com vida. Ironicamente atrás de uma bola de futebol.


Aylan Kurdi
Apenas lamento por essa vida, apenas lamento pela crueldade do mundo, espero um dia poder ajudar as crianças e que ou futebol seja meu sócio nesse sonho. Que os homens de preto não interfiram no nosso esporte, assim como os homens de farda na Síria estão interferindo na vida.

Anderson Vinicius. || @andersonmviana.

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