No dia 1/12/1988 Bahia e Criciúma se enfrentaram pela Copa
União no Heriberto Hulse. O Bahia vinha de um triunfo contra o Corinthians na
Fonte Nova onde um jovem atacante da base havia marcado belíssimo gol aos 45
minutos do segundo tempo. Com o jogo empatado em 0 X 0, o então técnico
Evaristo de Macedo decide dar nova oportunidade ao rapaz. Novo gol, novo
triunfo. Arrancada para o título do campeonato Brasileiro e a confirmação de um
nome que daria muitas alegrias ao torcedor tricolor: CHARLES FABIAN.
Esse pequeno FLASH-BACK – bem no espírito BACK TO THE FUTURE
– é apenas para demonstrar como o futebol, além de uma caixinha de surpresas, é
um ninho de coincidências. Charles acabou de ser efetivado como técnico do
Bahia com a tarefa de conquistar uma vaga na série A 2016. Em seu caminho, mais
uma vez, o Criciúma. Ano passado, na malfadada luta contra o rebaixamento,
Charles já havia enfrentado e vencido a equipe catarinense pelo placar mínimo. Era
necessário repetir a dose e seguir lutando para voltar à elite do futebol
brasileiro.
O Criciúma que veio a Salvador já não possuía muitas
aspirações. Com chances mínimas de conquistar acesso e de ser rebaixado, o
aurinegro já iniciou a reformulação do elenco para a próxima temporada. A
começar pela comissão técnica com a chegada de Roberto Cavalo e pela renovação
do time, que possui bons jovens valores como Barreto e Maicon. Um adversário
não menos perigoso por isso, pois jogava sem a pressão pelo resultado.
Imaginava-se um Bahia que pressionaria desde o início do jogo.
Isso até aconteceu, mas a equipe de Charles novamente mostrou uma postura
totalmente diferente da época de Sérgio Soares. Marcação forte, atrás da linha
da bola, encaixes individuais por setor, transições rápidas e velocidade nas
ações ofensivas. Um time REATIVO, porém com iniciativa no jogo e
atitude para enfrentar o adversário. Faltava paciência para trabalhar
a bola antes de chegar ao ataque, o que acabava forçando muitos lançamentos
longos – foram 38 até o final do jogo. Após controlar a ansiedade, com Eduardo
saindo do lado direito para o centro e Tiago Real e Paulinho Dias trabalhando mais a bola pelo meio a
equipe passou a criar oportunidades mais claras: Elas foram desperdiçadas em
sequência, sendo a maior nos pés de Eduardo, concluindo mal boa trama com
Kieza.
O time se ressentia de mais qualidade para concluir as
jogadas: João Paulo Penha fazia excelente trabalho de recomposição, mas pecava
quando chegava à frente, protagonizando até um lance BIZARRO ao tentar concluir
uma jogada. Maxi se esforçava e conseguia, no máximo, ganhar lances
esporádicos, desperdiçados logo em sequência por decisões erradas. O tricolor
também chegava bem pelo alto, em bolas paradas e no apoio sempre consistente de
João Paulo Almeida: Gol anulado e grande defesa de Luiz em conclusões de
Gabriel – que se destacava também na defesa pela solidez e seriedade. Kieza
jogando como referência era sempre o elemento mais perigoso, vencendo sempre os
confrontos individuais contra a zaga catarinense, o que motivou Roberto Cavalo
a substituir Joilson, amarelado, no intervalo.
Cavalo também tentou retomar o controle do meio campo no
segundo tempo com a entrada de Wellington no lugar do atacante Bruno Lopes.
Charles manteve o time da primeira etapa apostando no bom momento do final da
primeira etapa. Bahia seguiu forçando o jogo, mas não conseguia ser objetivo:
Pecava demais na finalização, foram 18 durante o jogo, com apenas 4 corretas. A
entrada de Roger e Tchô tentaram mudar o panorama, porém foi a única mudança
por contusão – Vítor no lugar de João Paulo Almeida – que acabou sendo
decisiva: Cruzamento perfeito do prata da casa e cabeceio de ALMANAQUE do
artilheiro Kieza aos 43 da etapa complementar. Gol sofrido, triunfo sobre a
agonia, um a zero, placar mínimo e suficiente para manter o Bahia firme na
briga pelo acesso. Ainda houve tempo para que Maxi protagonizasse um lance
espetacular: Dois banhos-de-cuia [é assim que se fala na Bahia] dentro da área
sobre os zagueiros e …conclusão que nos lembra que nem nasceu pra Biancucchi
nunca fará como Messi.
Kieza comemora seu gol decisivo Foto: Felipe Oliveira |
Triunfo que serve para consolidar como correta a opção de Charles
como técnico do Bahia. Em 1988 o jogo contra o Criciúma foi o último do garoto
Charles como reserva. A partir dali a arrancada do Bahia rumo ao título
brasileiro foi irreversível. Que as coincidências sejam um bom auspício ao
clube: Estrela é algo que não falta a Charles Fabian e ao Bahia.
0 Comentários