Mais um ano
vai acabando e nessa época paramos para lembrar do que fizemos no ano
todo. Quem vive de futebol, como eu, passou por altos e baixos. Normal, pois é
um esporte e isso tudo faz parte dele. Alguns sofrem mais que outros vendo seu
time perdendo um campeonato importante, sendo rebaixado, mas acontece. Todos
nós sabemos que dias melhores virão, seja para o torcedor, ou para o
jogador que dá o sangue em campo para honrar a camisa que veste.
Mas, se muitos
vivem dias ruins no esporte, porque é quase impossível largar o futebol?
Simples. Por uma coisa chamada ideologia.
Todos seguem uma. A ideologia de seguir torcendo pelo clube em que seu pai lhe
ensinou a torcer, de sempre ir com a mesma camisa para a arquibancada, de
sempre sentar naquele "lugarzinho da
sorte" no estádio e até aquela ideologia de sempre cantar as mesmas
músicas sem perder a vontade.
O futebol é
feito de ideologias, mas não é só nele que existe isso. Existe na religião, na
sua casa, na suas características e na vida de todos. Sabe por que a religião
muçulmana é a que mais cresce no mundo? Eles seguem a ideologia de seguir
corretamente a religião que é ensinada e, assim, passam para seus filhos que é desta forma que deve ser feito, e seus filhos seguem aquilo, para que no futuro
também possam passar para seus filhos. No cristianismo também é assim, mas
infelizmente, vivemos uma época no ocidente de muita "liberdade" e com conceitos que ferem a religião e seus
princípios, ferem a família e ferem a própria sociedade, fazendo com que muitos
"brinquem" de ser cristãos,
mas nem sequer praticam o cristianismo.
Mas qual a
ideologia da criança que nasce com o futebol em sua vida? Não tem nada mais
bonito que ver uma criança brincando de bola nos gramados, com suas chuteiras
novas e sonhando grande, sonhando em fazer aquilo pra sempre, pois é como diz a
música do Skank: "Quem não sonhou em
ser um jogador de futebol?". Mais bonito que isso é ver uma criança
no estádio com o seu pai, aprendendo como é aquele esporte e como é gostoso
crescer e viver daquilo, viver a emoção desde cedo.
Quando vejo
uma cena dessas, sempre abro um sorriso, pois foi assim que comecei. Meu pai me
levava ao Serra Dourada, sempre nas cadeiras velhas e enferrujadas, e sempre
guardo na cabeça que um dia terei de agradecer a ele por ter me ensinado isso e
me levado para esse caminho, que me fez ser uma pessoa melhor (Sim,
melhor!), pois no estádio que fiz amigos, passei a ver o que era ter
sentimentos por algo, aprendi coisas simples como comprar um amendoim, não
descer a rampa correndo, a cantar, a vibrar e a viver momentos incríveis. O
estádio se tornou uma segunda casa para mim. Isso se tornou a minha ideologia.
Foi vendo
futebol que também me senti à vontade de jogar futebol e não só é um esporte
qualquer, pois nele, jogam crianças pobres, carentes, que passam por
dificuldades em casa, na escola e em todos os lugares, e que a única distração
que eles vêem é o futebol. É um caminho para que crianças assim não entrem no
mundo do roubo, das drogas, e podendo, com muita garra e força vontade, se
tornar grandes pessoas.
Mais um ano
está por vir e cada vez mais tenho vontade de um dia ter um filho para levá-lo
ao estádio, ensinar a ele como é viver, como é torcer, e, com certeza, dar um
par de chuteiras para ele, para que assim possa colher os frutos da prática
desse esporte maravilhoso que liga várias pessoas do mundo todo, e que faça
disso uma ideologia para o resto de sua vida. Espero que 2016 venha com mais
estádios lotados, menos violência, mais crianças e papais torcendo juntos, mais
futebol para todos nós e, principalmente, mais ideologias.
Wagner Oliveira || @wagneroliveiraf
Linha de Fundo || @linhadefuundo
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