A Premier
League, o campeonato nacional considerado mais rico, organizado e equilibrado
do mundo, deu o que falar em 2015 e vem fazendo jus a esses epítetos que sempre
a acompanham. Com a renegociação pelos direitos de transmissão do torneio, no
valor de 5,1 bilhões de libras (cerca de R$ 27,7 bilhões) por três temporadas,
a competição passou a ser ainda mais valiosa. Para se ter uma ideia, só na
última janela de transferências, no meio do ano, os clubes ingleses gastaram em
torno de 740 milhões de euros, quase 40% a mais que as equipes de outros
campeonatos europeus. E, ao contrário do ocorre no Brasil, por exemplo, a
divisão da verba de TV é feita de forma praticamente igualitária (base 50%, desempenho
25% e audiência 25%), o que contribui de forma significativa para que a Premier
League seja, de fato, um campeonato extremamente disputado e repleto de
surpresas.
Antes do
início da temporada 2015/2016, pelo menos quatro times eram tidos como
favoritos para levantar o caneco da Premier League (um número maior que de
todos os outros campeonatos nacionais da Europa): Arsenal, Chelsea (atual
campeão), Manchester City e Manchester United. Decorrido pouco mais da metade
da competição, algumas apostas já foram por água abaixo e a grande sensação do
campeonato é um time totalmente inesperado e por trás do qual há uma história
bastante curiosa.
Considerado um
dos favoritos, o Arsenal não decepcionou e virou o ano na liderança do
campeonato. Onze anos depois do último título inglês, os Gunners podem levantar
o troféu outra vez. Para isso, é preciso, principalmente, aproveitar o bom
momento e, sobretudo, não subestimar as partidas contra adversários
considerados fracos. A equipe perdeu quatro jogos até agora, contra West Ham,
West Bromwich, Southampton e o conturbado Chelsea. O segredo da Premier League
(que de segredo não tem nada) é a regularidade. Só assim, o Arsenal poderá
livrar-se do estereotipo de “eterno 4º colocado”.
O Leicester,
time que há pouco tempo disputa a Primeira Divisão Inglesa, vem sendo o grande
destaque da temporada. Os "Foxes", que chegaram a passar o Natal na
liderança da competição, estão superando todas as expectativas, hoje são
vice-líderes, e já deixaram muitos gigantes para trás.
Qualificado
dentro de campo, o time também se mostra unido fora dele. O técnico Claudio
Ranieri, além de estrategista, é também um grande motivador e sabe reconhecer
os esforços do grupo. Quando a equipe atinge um determinado objetivo, o técnico
recompensa seus atletas com pizza. Foi assim no primeiro clean sheet
conquistado pela equipe, diante do Crystal Palace, em outubro. O comandante
justifica a escolha da premiação: “Pizza
tem carboidratos, o que é bom para os músculos". A principal meta do
treinador, chegar o quanto antes aos 40 pontos, foi alcançada diante do
Bournemouth e também foi comemorada. Além da pizza, Ranieri prometeu um novo
atrativo para essa conquista: Champagne. Resta saber se a equipe terá fôlego
para manter-se no topo até a última rodada.
O terceiro
colocado, Manchester City, está apenas três pontos atrás do líder Arsenal e é o
único dos outros favoritos ao título que faz uma campanha boa o suficiente para
seguir brigando pela taça. Os Citizens tiveram um início de temporada
arrasador, com cinco vitórias, 11 gols marcados e nenhum sofrido até a 5ª
rodada. Contudo, acabaram caindo de produção à medida que os demais times
passaram a evoluir. Ainda assim, continuam sendo considerados um nome forte
para ficar com título.
Completando o
grupo que garante vaga na Champions League, está o Tottenham. A equipe não era
considerada postulante ao título, mas também não é nenhuma surpresa. Mesmo sem
ter nomes de peso como os favoritos a levantar o caneco, os Spurs têm um time
bem organizado. E, como algumas das grandes apostas andam decepcionando, não é
um absurdo que a equipe acabe terminando a competição entre os quatro melhores
colocados.
Os “Red Devils”
chegaram para atual temporada, como um dos postulantes ao título e confiantes
de que o trabalho do técnico Louis Van Gaal engrenaria, mas as coisas não
andaram tão bem assim. Mesmo com chegadas importantes como a do meia alemão
Bastian Schweinsteiger e o promissor atacante holandês Memphis Depay, o time
não deu liga e colecionou uma série de resultados negativos durante a primeira
metade da competição, o que culminou na amargosa quinta colocação e iminentes
dúvidas sobre a saída do técnico Van Gaal. O treinador também conseguiu a
proeza das eliminações na primeira fase da Copa da Liga Inglesa e na Uefa
Champions League ainda na fase de grupos e não tem garantia alguma no cargo até
o final da temporada.
Outra equipe
que esteve em um segundo plano de favoritos é o Liverpool. O time da terra do
Beatles teve um começo de campeonato horroroso e ainda não conseguiu justificar
os valores exorbitantes gastos na última janela de transferências,
principalmente no ataque, onde Benteke e Firmino custaram, respectivamente,
£32.5M e £29M. Brandon Rodgers foi substituído por Jurgen Klopp, no meio da
temporada, e, apesar de ter melhorado a situação, ainda não empolgou. Tudo
indica que o time, que é 8ª colocado, deverá deixar a Premier League de lado e
focar nas outras competições que ainda disputa.
Decepcionante
mesmo é a situação em que o atual campeão, Chelsea, se encontra. A equipe fez
um primeiro turno pífio e ocupa a 14ª posição, a 13 pontos do G4 e seis acima
da zona de rebaixamento. Querido pela torcida, o técnico José Mourinho acabou
não resistindo aos maus resultados e foi outro que acabou demitido no meio da
competição – o que não é nada comum na Inglaterra. Contratado depois da
demissão de Mourinho, o holandês Guus Hiddink terá que ir ao mercado para
buscar peças que contribuam para a reabilitação dos Blues.
DESTAQUES INDIVIDUAIS
O líder
Arsenal tem como seu maior destaque na liga, o meia Mesut Ozil. O alemão voltou
a encontrar o bom futebol, relembrando sua época de Real Madrid e já distribuiu
16 assistências até aqui, um número incrível, levando em conta que o líder da
temporada passada foi Cesc Fàbregas com 15.
Outro grande
destaque é Kevin de Bruyne. O belga recém-chegado nos Citizens, já anotou cinco
gols e deu oito assistências na temporada, além dos 15 desarmes até então, e
mostra que o clube acertou em cheio na sua contratação. E por falar em belga,
Romelu Lukaku vem carregando o ataque do Everton nas costas, e já deixou 15
bolas nas redes adversárias se postulando como grande candidato a artilheiro da
competição.
O time
sensação da temporada nos reservou excelentes atuações de seus jogadores. Não
apenas por Jamie Vardy que divide a artilharia da liga com Lukaku e Riyad
Mahrez, autor de 13 gols e sete assistências até aqui. Mas também por atuações
impecáveis dos meio campistas Gokhan Inler e N´golo Kante, que comandam o setor
criativo da equipe.
A dupla
Chelsea e Manchester United claramente são as maiores decepções na temporada e
muito por isso, dois de seus principais jogadores exemplificam em números as
campanhas pouco produtivas de suas equipes. Diego Costa tem apenas seis gols na
competição e não consegue repetir as atuações da última temporada. Por outro
lado, Wayne Rooney tem míseros três gols e a pior média de sua carreira desde
que chegou ao United.
Ainda nos
restam 18 rodadas para o desfecho do campeonato e podemos esperar grandes
jogos, muita emoção e com toda certeza, uma grande cobertura do Linha de Fundo
no maior campeonato nacional do mundo.
Pedro Henrique | @peeedrito17
Janaína Wille | @jaanaw_
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