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Triunfo e liderança: Bahia embala no Nordestão

Vencer e convencer: Meta traçada por todos os times e que não é simples de atingir – principalmente em início de temporada. Diante da Juazeirense, adversário que já havia sido derrotado nesta temporada pelo Bahia, o Esquadrão de Aço cumpriu o que se dispôs. Com uma atuação coletiva que ainda não tinha apresentado em 2016, time fez uma primeira etapa digna de elogios [em que pese à fragilidade do adversário]. No segundo tempo administrou o resultado, de forma indolente até demais para o gosto da torcida, porém não correu riscos.

Apesar do triunfo domingo passado contra o Santa Cruz no Arruda, a equipe de Doriva foi alvo de muitas críticas – justas – pelo desempenho abaixo do esperado. Impressão é que os três pontos caíram no colo do tricolor baiano tal a mediocridade da postura em campo. À exceção de Lomba inspiradíssimo, Feijão eficaz e Éder seguro a maior parte do tempo, o restante do time foi de regular para péssimo. E quando tantos jogadores não rendem, em geral, é porque coletivamente nada funcionou muito bem.

Contra a Juazeirense a história foi diferente. Diante de um adversário bastante fechado, com a clara proposta de aproveitar as falhas tricolores e abusando das bolas longas pela direita – expediente que funcionou bem na derrota de 3 X 2 pelo Campeonato Baiano -  o Bahia soube ter paciência para rodar a bola até achar as brechas necessárias para vazar a meta do goleiro Tigre.

A ausência de Danilo Pires, com dores musculares, forçou Doriva a modificar o meio de campo que havia iniciado o jogo em Recife. Gustavo Blanco foi o escolhido para substituir Danilo, mantendo a mesma função e sem alterar o sistema de jogo. Com a diferença que provém das características entre os dois meias: Gustavo é mais passador e articulador, faz a bola girar no meio, busca e encurta espaços. Danilo é mais condutor de bola, ataca o espaço vazio e infiltra mais no terço ofensivo. Essa diferença foi fundamental no jogo: O Bahia foi um time que valorizou mais a posse, teve paciência para inverter o jogo e aguardar o momento certo para romper a última linha adversária.

Feijão, mais uma vez, destacou-se pela capacidade de desarmar, encurtar os espaços, pressionar o adversário com a bola, e também pelas boas inversões, passes longos e curtos. Muito à vontade jogando entre as linhas defensivas e ofensivas – como em 2013 quando teve sua melhor fase sob o comando de Cristóvão Borges – protegeu a zaga, apareceu para fazer a saída de bola e foi opção de retorno para os homens de criação. Atuação para embolar a briga com Yuri e Paulo Roberto [contundido] pela camisa 5. Ótima opção de Doriva que vai encontrando boas soluções para o time dentro do elenco.

O Bahia mostrou boas movimentações ofensivas: Hernane procurando a entrelinha - fazendo muito bem o movimento, arrastando o zagueiro, abrindo espaços e fazendo o pivô para ultrapassagens dos companheiros. Não é um cone, um simples finalizador como pode parecer à primeira vista. Edigar Junio quase sempre dando profundidade, em geral aberto à esquerda fazendo a diagonal para referência – como no lance do primeiro gol. Importante ressaltar esse tipo de movimentação porque explica o que Doriva quer ao escalar um jogador que não tem característica de ponta para jogar aberto.  Na direita Luisinho faz bem a variação entre dar amplitude e fechar para armar abrindo espaço para o apoio de Tinga – que teve uma estreia bem sólida, mostrando bem a força que tem no apoio e a segurança na composição da linha defensiva.

Construção do lance que abriu o placar: Movimentação inteligente e jogo coletivo para abrir espaços
Juninho tem sido tímido na armação, pode muito mais, mas tem feito bem a composição do meio. Blanco teve atuação soberba fazendo a bola circular, encostando bem no ataque e fazendo o time ser mais objetivo com passes verticais – algo que faltou à equipe nos jogos anteriores. 

Saída de bola rápida que gerou lance do segundo gol. Observe que recomposição do adversário não consegue parar ataque
A defesa, pouco exigida, ainda é um ponto de atenção. Juazeirense tentou repetir o expediente do jogo em Pituaçu – a bola longa esticada para Ebinho nas costas de João Paulo – mas não teve muito êxito. Em dois lances Éder fez bem cobertura e afastou. Éder que se contundiu num lance feio, e preocupante. Robson entrou em seu lugar e Gustavo voltou à esquerda. Continua sendo o elo fraco da defesa [individualmente], como ficou claro no lance do gol do time interiorano. Em alguns lances foi possível observar também uma falha de comunicação entre Lomba e os zagueiros. Algo que precisa ser acertado, especialmente pelo fato da defesa joga com a linha alta.

Lance do gol da Juazeirense: Mesmo com desvio no passe Gustavo está mal posicionado - erro básico de zagueiro experiente
O segundo tempo foi bem ruim, por motivos aceitáveis: Com a vantagem a equipe assimilou de vez o modelo reativo, induzindo a Juazeirense a pressionar para aproveitar-se de erros. Todas as substituições foram por motivos físicos, e sistema foi mantido, porém com Edigar na referência, Luisinho pela esquerda e Zé Roberto – que novamente entrou desligado no jogo – pela direita. A falta de iniciativa do time irritou um pouco a torcida, mas não comprometeu a atuação de forma geral.

Frame capturado no estádio: 4-1-4-1 mantido com Feijão entre as linhas e Junio na referência. Metade do segundo tempo
No próximo domingo o Bahia viaja até Ilhéus para enfrentar o Colo-Colo – em um jogo sempre complicado pelas condições, mas fundamental para a temporada. Um simples triunfo sela a classificação para a próxima fase do Baianão. Ter tranquilidade nas competições oficiais é essencial para as próximas semanas que incluirão uma viagem aos EUA para enfrentar o Orlando City, e jogos no mesmo dia e horário [?!?!?!] pelo Campeonato Baiano e Copa do Nordeste. Um imbróglio com selo da CBF e chancela da FBF. É rir e torcer para que o bom senso prevaleça e usem a data de 16/02 que está vaga.

FICHA TÉCNICA

Bahia x Juazeirense
Copa do Nordeste - 2ª rodada
Local: Arena Fonte Nova, em Salvador
Data: 18/02/2016
Horário: 19h (horário da Bahia)
Árbitro: Diego Pombo Lopez (BA)
Assistentes: José Carlos Oliveira dos Santos e Adailton José de Jesus Silva (ambos da BA)
Cartões amarelos: Rodrigo / Elvis (Juazeirense)
Gols: Edigar Junio, Hernane e Luisinho (Bahia) / Ebinho (Juazeirense)

Bahia: Marcelo Lomba; Tinga, Gustavo, Éder e João Paulo; Feijão; Gustavo Blanco (Yuri), Juninho, Luisinho e Edigar Junio; Hernane (Zé Roberto). Técnico: Doriva

Juazeirense: Tigre; Alex, Emerson, Rodrigo e Fernandinho; Capone, Naldo, Wanderson (Elvis) e Manteiga (Diego Teles); Ebinho e Nino Guerreiro (Sassá). Técnico: Sérgio Araújo

Alex Rolim - @rolimpato - #BBMP

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