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Aquecimento Olímpico: Vela – entrevista com Samuel Gonçalves

Paixão a primeira velejada

Aos 13 anos, Samuel Gonçalves conheceu a Vela através de uma palestra dos professores do Projeto Grael na escola em que estudava em Niterói. O jovem, que tinha o mar como diversão nas idas à praia ou para relaxar quando pescava, encantou-se pela possibilidade de flutuar sobre aquela imensidão azul. Depois da primeira aula, Samuel velejou e encarou grandes mares, como na conquista do Campeonato Mundial de Vela de 2015 na Argentina.

O Projeto Grael, um programa social que desde 1998 oferece aos jovens uma oportunidade educacional e de socialização através de uma experiência náutica, tem extrema importância no crescimento profissional e pessoal do velejador campeão mundial Samuel. As novas experiências o mostraram outros horizontes. O menino que começou a conduzir as embarcações a vela na praia de Charitas, onde hoje está alocada a estação das barcas do estado do Rio de Janeiro, não imaginava que um dia velejaria ao lado do grande campeão Lars Grael.

Samuel Gonçalves e Lars Grael. (Foto: Fred Hoffmann/Arquivo pessoal)
Até agora, depois de alguns meses, ainda não sei o tamanho do significado de ter ganhado um Campeonato Mundial da Classe Star. Fico pensando que para o Lars, que já é um velejador consagrado foi um feito inédito, o que será para mim? Essa classe foi criada em 1911 e até 2015 apenas cinco títulos mundiais brasileiros, como Robert Scheidt e Torben Grael, e agora eu posso fazer parte desta história ao lado do Lars... ainda não sei expressar como é grande minha alegria e satisfação", Samuel tenta colocar em palavras toda emoção de ser campeão Mundial da Classe Star de 2015 ao lado de seu ídolo Lars Grael.

Tão impulsionados pela alegria desta conquista, o título mais alto desta categoria, a Classe Star, não faz mais parte do programa olímpico. Assim, a dupla, filho e padrinho do Projeto Grael, não poderá participar dos Jogos de 2016. O Conselho da Federação Internacional de Vela decidiu retirá-la do calendário.

Com certeza, a classe Star fará falta, poderíamos dizer que era uma medalha garantida. Pois se fizermos uma retrospectiva, esta sempre foi certeza de pódio para o Brasil na Olimpíada”, triste Samuel lamenta a ausência da Classe Star que soma seis medalhas olímpicas no quadro brasileiro.


O velejador campeão mundial da Classe Star exalta a importância de ser o país sede, pois o Brasil terá representantes em todas as classes da Vela: “Pode-se investir em qualidade de todos os velejadores para conseguirmos achar o melhor representante para participar dos Jogos. Dessa maneira, o esporte cresce como um todo no país, porém, ainda precisamos de mais estrutura e investimento nas bases e nas escolas”.

Assim, é necessário pensar nos Jogos Olímpicos e o legado desses para população. O Brasil está se preparando para um grande evento do esporte, mas não cumprirá com todas as promessas. Uma delas seria a despoluição total da Baía de Guanabara, águas das regatas da Vela. Para o velejador Samuel, o tratamento da Baía de Guanabara é um assunto que deve permanecer em destaque além dos Jogos, pois é uma questão de saúde pública e educação. Por outro lado, o campeão Mundial acredita que a região da Marina da Glória, espaço destinado a Vela, atenderá aos requisitos solicitados para a realização da competição durante a Olimpíada do Rio de Janeiro.

Com carinho, Cássia Moura (@cassinha_moura)

Agradecimentos: Samuel Gonçalves, Ronald Ricardo Gomes e Nymue de Medeiros.

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