Avellaneda, El Cilindro. A Fortaleza racinguista foi um verdadeiro caldeirão.
Torcida próxima, que cantou, pulou, reverberou todas as emoções desse jogaço de
bola – Racing 0 x 0 Atlético – pelos quatro cantos da nossa América do Sul (Soy louco por tí América, como é bom jogar
a Libertadores). Tal espetáculo foi uma aula de como torcer. Espero que a festa argentina nos ajude a
recuperar nossa essência (um tanto quanto perdida dado excesso de “cornetagem”
por parte dos torcedores consumidores), pois somos tão vibrantes quanto.
Sobre o jogo,
ninguém em sã consciência acharia que seria fácil. É Libertadores amigo!
Trata-se de guerra. Cada palmo de campo
tem que ser conquistado, e haja caneladas, safanões, cotoveladas. Imaginem um
jogo que nosso General Donizete (grande
figura do nosso meio campo diga-se) apanhou mais do que bateu. Difícil de
pensar né, mas foi o que aconteceu na cancha blanquiceleste.
Sabia-se que o
Atlético seria acuado como foi. Sabia-se que a Academia pressionaria a fórceps,
até pelo fato do time argentino não ter uma técnica muito apurada. Desse modo
seria importante para o nosso Galo saber
se esquivar, saber bloquear, saber se defender e sobretudo meus amigos: o Galo
precisaria saber sofrer. E como sofreu.
Fonte: Atlético/Bruno Cantini; Portal Hoje em Dia |
Engraçado que o ato de defender em si, é um tanto quanto contraditório e de difícil compreensão,
principalmente para o brasileiro, visto que cultuamos muito mais o ataque do que a defesa, seja no
futebol, seja na vida. Ao contrário da cordialidade às vezes vendida aos
estrangeiros, nós somos extremamente agressivos,
às vezes até ignorantes por conta disso. Nosso cenário político atual está
aí para não me deixar mentir. A ponto de provocações e cusparadas serem desferidas
por aí por conta de uma simples divergência de opinião (mas enfim, deixemos
esse assunto para outra hora).
Voltando ao
futebol (perdão pelo pequeno desvio no rumo do texto), talvez apenas no Brasil
uma grande defesa não seja valorizada. Times que optam por se defender às vezes
são chamados de covardes, técnicos de retranqueiros e até de burros. "POR QUE NÉ? ONDE JÁ SE VIU? TEM QUE
IR PARA FRENTE; TEM QUE AGREDIR, NÃO PODE DEIXAR BARATO, PRA CIMA DELES".
Inclusive grande parte da birra da torcida Atleticana com o atual treinador, é
o fato do mesmo se preocupar excessivamente com a defesa, e o
Atleticano ter se acostumado com times ultraofensivos, envolventes, às vezes
desorganizados, mas que sempre atacaram o tempo inteiro.
Ironicamente,
o sistema defensivo e a preocupação do time em se comportar como uma unidade foi o grande
trunfo do Galo de Diego Aguirre para arrancar este valioso empate no primeiro
round do mata-mata. O resultado em questão, é até uma novidade, visto que nos últimos tempos o alvinegro se
acostumou a ser corajoso, atacar como índio e sair com um 2x0 no lombo longe de
casa.
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Fonte: Atlético/Bruno Cantini. Portal Hoje em Dia |
Como Aguirre (gênio para poucos, louco para alguns e
burro para tantos) montou essa defesa? Melhor dizendo: como, de modo geral,
se monta uma defesa sólida? Engana-se você, caro leitor, que a cozinha, como
diriam os mais velhos é feita apenas de zagueiros, laterais, volantes e o
goleiro. No futebol moderno uma grande defesa tem que ter a participação dos 11 jogadores,
sobretudo da solidariedade das peças
ofensivas.
E o Atlético de
hoje foi sim um time solidário. Victor, Rocha, L.Silva, Erazo, D.Santos, Carioca,
Donizete, Urso, Dátolo, Robinho e Pratto as vezes alinhados em um 4-2-3-1, as vezes em um 4-1-4-1 se
colocavam sempre atrás da linha da bola, preenchendo e atacando os espaços. O
alvinegro alternou entre uma marcação média, a partir do meio campo (meia
pressão) e uma marcação mais baixa, povoando a entrada da área. O Galo meus
amigos, estacionou o ônibus no Cilindro obrigando o Racing a abusar dos
chuveiros e chutes de longe. Foram raríssimas as oportunidades claras dos
argentinos (me lembro apenas do chutaço na trave desferido por Lisandro e da
cabeçada do zagueiro Vitor Sanchez).
Portanto caro
atleticanos, acredito que sofremos com esse 0 a 0 (pois têm adversário do outro lado, e é cachorro grande), mas saímos
de Buenos Aires com um grande resultado, daqueles maiúsculos, de um time que vem ganhando casca, vem ganhando maturidade. Muito por conta dos conceitos de um
técnico que tem na organização defensiva o ponto forte de seu trabalho. E sim, merece respaldo da arquibancada por
isso (por favor, atleticanos, sem vaias ou gritos de burro – é mata-mata de
Libertadores e essa crítica desmedida só atrapalha o desempenho em campo).
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Fonte: Atlético/Bruno Cantini; Portal Hoje em Dia |
Racing 0X0 Atlético - Avaliação jogador a jogador: o goleiro Victor foi seguro, quando acionado
esteve presente; a dupla de zaga foi firme, tanto o capitão Leo quanto Erazo foram simples e eficientes, soberanos pelo alto e precisos em
bolas rasteiras. Os laterais talvez tenham sido os jogadores do sistema
defensivo que mais sofreram na partida. Acuña e Romero (que paraguaio bom de
bola) obrigaram Marcos Rocha
(surpresa positiva pelos desarmes certeiros) e principalmente Douglas Santos (que cometeu faltas
demais, problema a ser corrigido) a trabalhar com intensidade; entre os
volantes destaco Leandro Donizete. O jogador nasceu para jogar a
Libertadores, incrível como o volante cresce em jogos brigados. O general foi
dominante, não se intimidou às pancadas, retribuiu na medida do possível. Não
deixou a peteca cair, na medida em que o técnico Rafael Carioca e o
versátil Junior Urso (desperdiçou um dos contra ataques do jogo, mas acontece o goleiro
Saja estava bem posicionado) pareciam um pouco intimidados no início da
partida, embora ambos tenham crescido gradativamente, sendo fundamentais para a
engrenagem; Dátolo, único meia em
campo talvez tenha sido a figura mais apagada ofensivamente, contudo não o
culpo, visto que o mesmo jogou deslocado pela direita e ajudou muito na
recomposição, perfeita diga-se (o reserva Clayton
se perdeu um pouco na marcação, perseguindo seus rivais de maneira
desnecessária, fato que desarticulou a concisa marcação por zona executada
pelos alvinegros; além de ter sido pouco efetivo ofensivamente); Robinho talvez tenha sido o cara do
ataque, enquanto teve fôlego segurou a bola, distribuiu passes certeiros,
sofreu faltas, irritou os argentinos, enfim demonstrou a razão de sua
contratação, o cara é referência. Outra grata surpresa que tive foi a vontade
do camisa 7 em ajudar seus companheiros da defesa. Robinho não foi alheio, deu
combate no campo defensivo, inclusive roubando bolas importantes (Cazares que “entrou” em seu lugar se
escondeu do jogo apesar dos poucos minutos, de fato o jogo físico não favorece
ao pequenino equatoriano, técnico Aguirre
acertou em deixa-lo no banco). Por fim, Lucas
Pratto não foi brilhante, mas não se
pode negar que o argentino é um verdadeiro lutador. Correu, participou, incomodou a defesa, não
se omitiu, abriu espaços seja dentro, seja fora da área. De fato não concluiu
bem sua única oportunidade de gol, porém apenas sua presença ali impôs certo
respeito, visto que o mesmo conseguiu segurar os dois zagueiros adversários em
seu encalço, abrindo espaços ao outros jogadores.
Lembrem-se: Caiu no Horto ta Morto e Aqui é Galo!
Vamos ter Fé que a vaga será nossa!
Texto por: @Mhfernandes89
7 Comentários
Muito bem colocado, Mad. Belo texto! E Parabéns, Galo, pela postura ontem! De fato, nós brasileiros, pouco reconhecemos um trabalho de estrutura tática defensiva. Sobretudo Alvinegros, acostumados nos últimos anos com times extremamente ofensivos. Nossos cânticos (porque a Massa entoa ritos e louvores) expressa bem isso: "Vai pra cima deles, Galo!" Mas prefiro encarar a Libertadores como um jogo franco porém de pegada, estratégia, luta, entrega. É a guerra contemporânea sulamericana! E que seja um novo estilo, uma nova era dentro de campo pro Galo e tão vitoriosa quanto antes. #VamosGaloganharLibertadores
ResponderExcluirmuito obrigado meu caro!
ExcluirMuito bem colocado, Mad. Belo texto! E Parabéns, Galo, pela postura ontem! De fato, nós brasileiros, pouco reconhecemos um trabalho de estrutura tática defensiva. Sobretudo Alvinegros, acostumados nos últimos anos com times extremamente ofensivos. Nossos cânticos (porque a Massa entoa ritos e louvores) expressa bem isso: "Vai pra cima deles, Galo!" Mas prefiro encarar a Libertadores como um jogo franco porém de pegada, estratégia, luta, entrega. É a guerra contemporânea sulamericana! E que seja um novo estilo, uma nova era dentro de campo pro Galo e tão vitoriosa quanto antes. #VamosGaloganharLibertadores
ResponderExcluirsensacional falou tudo vamos outra cima aqui e GALO.......
ResponderExcluirmuito obrigado meu caro!
ExcluirAcho que o único ponto a se lamentar na torcida do Racing foi ter atirado objetos dentro do campo.
ResponderExcluirAlgo extremamente varzeano, mas intrínseco na Cultura do Argentino. Acho que além de agressivos, os argentinos são extremamente xenófobos. Meio mediavais as vezes, na medida que meu estádio é meu castelo e o outro é meu inimigo mortal. Enfim...pelo menos o time se portou bem ante a pressão deles.
ExcluirE muito obrigado pela participação meu caro!