Desde que a
CBF divulgou a tabela da Série B de 2016, ficou claro que o jogo mais aguardado
do turno aconteceria já na quarta rodada: Vasco X Bahia em São Januário
reuniriam todos os elementos para que uma grande partida de futebol
acontecesse. De um lado o anfitrião, invicto no ano, com um time bem entrosado
e que joga com o mesmo padrão comandado por Jorginho desde agosto do ano passado.
Do outro lado, o Bahia com um investimento forte em um elenco de boa referência
técnica, mas com um time ainda em formação.
A expectativa
foi plenamente atendida. Vasco e Bahia proporcionaram um ótimo jogo de futebol.
O Bahia tinha
novidades na escalação: A estreia de Renato Cajá e o retorno de Thiago Ribeiro
à equipe. No lugar do suspenso Juninho,
Paulo Roberto. Tudo isso sistematizado num 4-2-3-1 com Cajá centralizado,
Thiago na esquerda e Danilo pela direita, com uma variação clara para 4-4-2 no
momento de recomposição defensiva – até para poupar Cajá, ele ficava mais
adiantado ao lado de Hernane à frente das linhas de quatro do time.
O Bahia tinha
uma postura reativa, aglomerado de forma compacta em seu campo intermediário e
abrindo mão da posse de bola para aproveitar os erros do Vasco e explorar
contra-ataques. Defensivamente o time buscava o encaixe por setor, tentava
negar espaços e impedir as triangulações vascaínas. Apesar de mais presença no
campo ofensivo, o Vasco não criava muito perigo – o Bahia também não encaixava
bons contragolpes e se mostrava lento e previsível na transição ofensiva, com
muita dificuldade na saída de bola – o que forçava alguns inócuos lançamentos
longos.
Desde muito
cedo ficou evidente a projeção do lateral Yago Pikachu pelo corredor direito;
por ali o Vasco concentrava suas investidas com Éder Luís buscando o espaço às
costas de João Paulo. Thiago Ribeiro demonstrava dificuldade em manter a
intensidade correta para anular os avanços do lateral. Essa combinação acabou
fazendo a diferença na partida.
Júlio dos
Santos recuou e fez lançamento longo para Pikachu que se projetava no campo
ofensivo, Lomba saiu de forma atabalhoada do gol e João Paulo perdeu na corrida
para o lateral vascaíno que com um leve toque encobriu Lomba e deixou Thales em
condição de finalizar com a meta vazia. Um a zero em um momento em que o jogo
mostrava-se equilibrado.
O gol mudou o
panorama da partida. O Vasco passou a ter mais tranquilidade para administrar a
posse de bola e o Bahia não encontrava o padrão adequado para mudar o ritmo do
jogo. O Vasco passou a ser, gradativamente, mais perigoso em suas investidas
até conseguir ampliar a vantagem em cabeceio após cobrança de escanteio que
Lomba, em nova falha, espalmou fraco e permitiu a conclusão de Luan para o gol.
Mesmo um pouco
atordoado o Bahia conseguiu chegar algumas vezes ao campo de ataque com algum
perigo, na principal delas Feijão acertou ótimo passe para Renato Cajá que, de
frente com Jordi, finalizou e acertou a trave. Dessa forma o Bahia desceu ao
vestiário com um grande problema a solucionar: Desvantagem de 2 X 0 no placar,
um plano de jogo defasado, um adversário de melhor qualidade tranquilo e
encaixado e alguns jogadores em atuações individuais comprometedoras. Cenário complicado.
Na volta para
o segundo tempo duas modificações do Bahia: Paulo Roberto e Thiago Ribeiro –
disparado os dois piores da primeira etapa – deram lugar a Luisinho e Edigar
Junio. Com isso Danilo Pires passou a jogar por dentro, como volante com Luisinho
aberto na direita e Edigar aberto na esquerda. Postura sem a bola indicava um
4-3-3 com Cajá na função de único armador, time assumindo postura mais ofensiva
para tentar reverter o resultado.
E com Edigar
Junio fazendo a diferença pela esquerda, a equipe conseguiu. Primeiro com um
contragolpe onde Edigar e João Paulo pressionaram e recuperaram a bola, Cajá
lançou no espaço vazio às costas de Pikachu e João Paulo cruzou para Hernane
que errou o domínio, mas a bola sobrou pra Luisinho que chutou e contou com
leve desvio em Julio César antes da bola chegar às redes. Bahia voltava ao
jogo.
Bahia passou a imprimir um ritmo mais forte, passou a ter qualidade na
saída de bola com Danilo recuando para fazer essa saída e Cajá na armação das
jogadas. Transição ficou mais rápida, e time passou a achar espaços na
recomposição vascaína. Em outra jogada iniciada pela esquerda, Edigar girou e
encontrou Luisinho livre pela direita, a jogada se desenrolou com participação
de Hernane até encontrar Tinga livre para cruzar e Danilo, enfim, marcar seu
primeiro gol pelo Bahia. O jogador com mais finalizações da equipe enfim
encontrou as redes adversárias.
O empate
poderia e deveria ter alterado o panorama da partida. Mas não houve tempo para
isso. No primeiro ataque após o empate o Vasco voltou a explorar a AVENIDA JOÃO
PAULO GOMES e o lateral foi facilmente batido por Pikachu que invadiu a área e
obrigou Feijão a sair na cobertura, tempo suficiente para Nenê receber livre na
entrada da área e definir coma categoria de sempre: 3 a 2 em um jogo frenético
e empolgante.
O gol abateu o
tricolor de aço, que substituiu Cajá [desgastado e ainda sem condição física
ideal] por Blanco – com isso a dinâmica de transição foi comprometida, além da
dificuldade natural de se impor diante de um Vasco experiente e inteligente
para controlar a vantagem. O gol definitivo viria em mais um erro pela
esquerda, agora com auxilio luxuoso da arbitragem que ignorou a saída da bola
pela lateral, e que resultou em uma falta na entrada da área que Nenê, com a
qualidade que lhe é peculiar, converteu em gol com uma facilidade que só um
jogador de grande categoria é capaz de fazer.
O estrago
poderia ter sido pior se Nenê não desperdiçasse uma penalidade máxima sofrida
por ele depois de arrancada pela esquerda [eu já critiquei o lado esquerdo da
defesa hoje?]. Pênalti discutível que a arbitragem não teve dúvidas. O Bahia
ainda conseguiu um gol em um bate rebate na área que Bruno Gallo jogou contra
as próprias redes. Placar justo, que retratou a um grande confronto, mas que foi
construído basicamente em erros individuais imperdoáveis em uma partida de
tanta relevância. Um jogo que trouxe ótimas perspectivas apesar da derrota – e
que precisa servir de aprendizado para que tantos erros bisonhos não se
repitam.
NOTAS SOBRE ELA [A DERROTA]
- João Paulo
Gomes vinha de uma ótima atuação contra o Joinville. Bastou enfrentar um
adversário que atacou por seu setor e tudo ruiu: Três dos quatro gols surgiram
em falhas suas, foi quem mais errou passes [14] – praticamente 30%, um índice
absurdo – e nem a participação no contragolpe do primeiro gol tricolor limpou
sua barra. Torcida tem motivos para se preocupar afinal Moisés está machucado e
ainda não foi assinada sua renovação de contrato.
- Thiago
Ribeiro teve muito mais que uma atuação ruim. Foi uma atuação patética, pífia,
comprometedora sem a bola e inexistente com ela. Dominado por Pikachu e incapaz
de obstacular as investidas do lateral, caminha a passos largos para o banco de
reservas. Difícil Doriva bancá-lo muito mais tempo.
- Outro que já
esgotou sua COTA de oportunidades foi Lucas Fonseca. Mais uma atuação
atabalhoada, uma série de botes no vazio, erros de cobertura e rifadas de bola
a ESMO. Se tivesse um PINGO de decência ele mesmo pediria para Doriva escalar
Éder em seu lugar
- Danilo Pires
é o jogador com mais finalizações erradas na Série B [12] e enfim fez seu
primeiro gol na competição. Mesmo
errando muito na definição tem sido importante na transição ofensiva – e teve
atuação espetacular quando recuou para a volância e passou a fazer a saída de
bola. Essa nova função talvez seja uma possibilidade a pensar ainda nessa série
B.
- A melhor
notícia da noite foi o retorno de Edigar Junio. Entrou em um momento complicado
da partida, mas mostrou a vitalidade e capacidade técnica de sempre; decisivo
nas duas jogadas que resultaram no empate URGE ser titular da equipe.
- Hernane
lutou muito, porém visivelmente sentiu a intensidade da partida. Com o time
muito tempo jogando atrás da linha da bola foi obrigado a entrar no combate
direto com os zagueiros e se desgastou demais. Deverá ser poupado terça-feira.
- Estreia de
Cajá foi promissora. Apesar de visivelmente longe da forma ideal, acertou
ótimos passes, mostrou a conhecida técnica e por muito pouco não marcou um
golzinho. Vai qualificar o time.
- Bahia saiu
do G-4, mas o pior foi ver Vasco e Atlético-GO se distanciarem cinco pontos. A
derrota hoje não foi um resultado inesperado, mas o empate contra o Paraná
prejudicou. Necessidade imperiosa de vencer as duas próximas partidas em casa
[Naútico e Paysandu].
Alex Rolim - @rolimpato - #BBMP
1 Comentários
Muito bom texto Alex! Não tenho dúvidas que na terça Thiago Ribeiro será vaiado se jogar até 80% a mais do q jogou contra o vasco. Banco certo e obrigatório!
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