Depois do
frustrante empate sem gols contra o Paraná no Durival de Brito, das muitas
chances perdidas na eliminação contra o América-MG e no triunfo contra o Avaí,
o Bahia entrou em campo para enfrentar o Joinville pela terceira rodada da
Série B depositando todas as suas esperanças no artilheiro a equipe na
temporada: Hernane Brocador reaparecia no time após ausência por contusão que o
manteve fora desde a decisão do Campeonato Baiano. Retornava ao time em um
momento que, apesar de atuações razoáveis e das arbitragens duvidosas, os gols
teimavam em não sair dificultando as partidas para o tricolor e testando a já
combalida paciência do torcedor. Mais que nunca Hernane precisava justificar o
epíteto de BROCADOR.
Por motivo de
contusão outras mudanças aconteceram na equipe. Moisés e Thiago Ribeiro deram
lugar a João Paulo – que saindo do meio abriu espaço para Luisinho – e ao
próprio Hernane com a manutenção de Zé Roberto no ataque. Única mudança técnica
na equipe foi à entrada de Juninho na vaga de Paulo Roberto, alteração
plenamente justificável devido ao bom rendimento do volante carioca nas últimas
aparições. Dessa forma o sistema de 4-4-2 foi mantido como principal, repetindo
o padrão que deu mais estabilidade à equipe nos últimos jogos.
Time do Bahia que iniciou a contenda contra o Joinville no sábado á noite |
O Bahia adotou
uma postura agressiva nos primeiros minutos – algo não tão usual na temporada –
com as linhas avançadas no campo defensivo do Joinville e com momentos de
pressão intensa no jogador adversário que tinha a posse, diminuindo espaços e
linhas de passe com vários jogadores em um curto espaço de campo. Dessa forma o
Bahia sufocou a equipe catarinense nos primeiros minutos, recuperou muitas
posses de bola e criou algumas situações de gol. Zé Roberto flutuava bastante
na entrelinha e buscava espaços às costas dos volantes, enquanto Hernane fazia
a referência, e com essa movimentação quase abriu o placar – Agenor fez grande
intervenção.
Time inicia pressão no campo ofensivo no momento em que perde a posse. Intensidade |
Entretanto,
era impossível manter essa postura – que exige intensidade e entrega física –
por muito tempo. A equipe vem de uma sequência longa de jogos e sem tempo
adequado para recuperação, com muitos jogadores ainda fora de combate. O
desgaste é compreensível e esperado. A incapacidade de recompor defensivamente
o time acabou proporcionando uma grande chance ao Joinville – no lance Lucas
errou o posicionamento e Jackson também falhou na tentativa de fazer a linha de
impedimento. Para sorte da equipe, Lomba estava atento e saiu muito bem da
meta, fechando os espaços de Cléo e efetuando uma grande defesa.
A partir desse
momento o Bahia ‘abaixou’ as linhas e passou a ter uma postura mais comedida na
fase defensiva. Procurava criar espaços
e encontrava algumas dificuldades para transpor a defesa adversária. Faltava
velocidade na troca de passes e ser incisivo no último terço do campo. Ainda assim mantinha domínio territorial,
tinha mais posse de bola e presença no campo ofensivo. Equipe tinha paciência
para rodar a bola, mas sempre falhava no momento de infiltrar na área do
adversário. Porém se mostrava organizada e consciente mesmo com dificuldade em
vencer alguns confrontos individuais e dar sequência a lances ofensivos. O
primeiro tempo, dessa forma, findou com igualdade no placar.
Ciente da
necessidade de suplantar um rival que estava bem postado defensivamente, o time
passou a usar muitas inversões de bola a fim de encontrar brechas para chegar
ao gol. Até que uma bola esticada da defesa por João Paulo encontrou Zé Roberto
no ataque, na disputa pelo alto ela sobrou limpa para Danilo que acertou belo
passe para Hernane. A partir daí um PANDEMÔNIO dentro da área; sequência de
finalizações de Hernane, Zé e Luisinho que pararam em Agenor ou na zaga; até
que mal afastada ele bateu em Danilo e sobrou novamente para Hernane que se
atirou para finalizar. Agenor ainda amorteceu o chute com a luva, mas ela foi
mansa, obediente, e mal ultrapassou a linha de gol. Enfim, após mais de 250
minutos desde o último tento a torcida pôde soltar o grito de gol entalado na
garganta.
Bahia tem sido uma equipe que trabalha bem a bola e conclui bastante. Precisa melhorar eficácia |
Com a vantagem
o time de Doriva foi bastante inteligente. Soube valorizar a posse de bola,
controlou a partida e não correu riscos – JEC só finalizou uma vez durante todo
o jogo – e o próprio técnico Hemerson Maria admitiu a superioridade do time da
casa e creditou o resultado como justo.
O objetivo
principal foi alcançado por ora; time se mantém no G-4 desde o início do
certame, tem mostrado um padrão consistente e precisa melhorar a eficiência no
ataque para seguir sua caminhada de retorno à elite do futebol brasileiro sem
percalços. No próximo sábado um grande desafio: Enfrentar o líder Vasco que tem
vantagem de dois pontos sobre o Bahia e está invicto desde novembro do ano
passado, no caldeirão de São Januário. Um jogo que reúne seis títulos
brasileiros, muita tradição e duas torcidas apaixonadas e gigantes. Uma partida
que transcende qualquer campeonato.
NOTAS SOBRE ELA [O FIM DA URUCUBACA]
- João Paulo
Gomes fez enfim sua primeira boa partida pelo Bahia – jogando na sua posição
original. Como o Joinville não atacou pelo seu setor teve tranquilidade para
apoiar o ataque e o fez muito bem; foi a principal válvula de escape ofensiva
sendo o jogador que mais acertou passes [61], lançamentos [10] e cruzamentos
[2] no jogo. Ótima notícia justamente quando Moisés deve ficar fora por algum
tempo por contusão;
- Elogiar
Jackson tem sido chover no molhado. Antecipa bem, ganha todas pelo alto, leva
vantagem nas batalhas individuais... Agora após um início tímido tem sido importante
também na saída de jogo: Foi o segundo em passes certos [59] e acertou todas as
viradas de jogo que tentou [8] e o que fez mais rebatidas pelo Bahia [9];
- Após oscilar
durante a temporada – e reclamar VELADAMENTE de estar jogando fora de posição –
Juninho enfim parece ter reencontrado o bom futebol que levou o Bahia a
buscá-lo no Macaé: Volante construtor, que pensa o jogo na faixa central do
campo, distribui bem a bola e faz o jogo ‘rodar’. Além disso, é líder em
desarmes do time [11] e o 4º do campeonato mesmo só tendo começado como titular
um jogo. Ano passado ele liderou esse quesito pelo Macaé;
- Não bastasse
ter marcado 11 gols em 13 partidas, Hernane Brocador tem todos os elementos
para se tornar ídolo no Bahia: É brigador, não desiste fácil, dedicado e
insistente. Mesmo voltando de contusão ficou até o final do jogo e mesmo sendo
quem mais liderou finalizações erradas no jogo [4] e perdas de posse [11] foi
também o mais caçado [sofreu 7 faltas] e o autor da finalização correta que
garantiu os três pontos da partida.
Estatísticas:
Footstats
Alex Rolim - @rolimpato - #BBMP
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