1° de Maio,
dia do trabalhador, dia de muitos brasileiros que soam diariamente para
sustentar suas famílias, mas dia também onde um herói partiu, curiosamente
enquanto trabalhava. Hoje faz 22 anos que a curva Tamburello deixou uma nação
inteira e milhares de adeptos no mundo tristes, curva onde arrancou Ayrton
Senna desse mundo, um piloto de extrema qualidade, e um ser humano de uma alma
linda! Eu sou de 1998, e infelizmente não peguei a época de Senna, por isso não
me senti no direito de fazer um texto para descrever tal emoção. Por isso, pedi
a um amigo expert em F1, e que era nascido na época, para produzir um texto, a
livre tema, e o resultado é esse que vocês vão ver agora!
Leia a seguir
o texto “Senna: O herói de um garoto e do Brasil”, produzido por Rodrigo Rochadel:
"Senna: O Herói de um Garoto e do Brasil
Era um domingo como outro qualquer para uma criança de
seis anos, em 1994. 9 horas da manhã e a família reunida na frente da
televisão, para assistir a mais uma corrida de Ayrton Senna. Em domingos de
corrida, naquela época, era assim: as famílias se reuniam na frente da TV e o
domingo só começava depois que o Grande Prêmio acabava. Senna era o
pole-position, de novo – a terceira, em três corridas naquela temporada. Eu,
paralisado na frente da televisão, na companhia do meu pai, meu grande
incentivador na paixão pela Fórmula 1, vendo seu herói correr. Até que a câmera
on-board corta a imagem e a voz assustada de Galvão Bueno anuncia: “Senna bateu
forte”.
O menino, assustado, fica impressionado com a força da
batida. Mas, em um primeiro momento pensa: “ele vai se levantar”. Acidentes
aconteciam na Fórmula 1, e Senna era forte, passaria por aquilo. Senna não se
levantou. E o que aconteceu, todos sabem.
O menino dessa
história, que era eu, continuava paralisado à frente da televisão, vendo Senna
ser atendido, o helicóptero levantar voo, e levar o seu herói. Mas a esperança
seguia acesa. Afinal, heróis não morrem. Os super-heróis sempre voltam. Quando
foi anunciada a morte cerebral, foi como se ainda houvesse esperança. O menino
de seis anos perguntou ao pai: “mas morte cerebral não significa que ele
morreu, né pai?”. Mas si, o herói havia deixado essa Terra para ir morar no
céu.
Senna, de
fato, era um herói. Ayrton refletia o Brasil que dava certo. Numa época de
graves crises, em que os mais humildes não tinham sequer a esperança de algo
melhor no futuro, onde muitos não tinham acesso ao que comer, com inflação
elevada e níveis de pobreza maiores dos que o de hoje, Senna levava, aos quatro
cantos do mundo, a bandeira brasileira erguida em momentos de vitória. Mostrava
o orgulho que era pertencer a essa pátria. Ao erguer a bandeira, levantava também
a esperança de cada brasileiro, pois mostrava que a vitória vinha da
determinação, da luta, da vontade de ser o melhor. O melhor piloto de todos os
tempos era o espelho do Brasil que queríamos (e ainda queremos) ser.
Senna despertou no coração daquele garoto o sentimento
de que acreditar num futuro melhor é possível. Despertou o desejo de ser o
transformador do próprio futuro. O que me faz pensar que, na real, o
super-herói realmente voltou. Aliás, ele nunca foi embora. O que ele fez ficou
para sempre, e o que ele deixou foi à certeza: é possível vencer pela
determinação e pela garra, mesmo diante das dificuldades, sendo brasileiro e
tendo orgulho do que isso representa.
A última corrida que Senna venceu foi na Austrália, em
1993. Uma corrida que ocorreu de madrugada. Naquele tempo, não existia Esporte
Espetacular no domingo de manhã. Para as corridas da madrugada, a Rede Globo
exibia um compacto, pela manhã, com os melhores momentos da corrida. Lembro-me
do meu pai acordando eu e o meu irmão gêmeo, para assistir: vem ver, ele vai
ganhar! Esse era o sentimento do domingo no Brasil. Naqueles domingos, Senna
nos lembrava de que somos vencedores. E é isso que tem que estar vivo dentro de
nós.
O legado de Senna permanece vivo, no coração de cada
brasileiro que viu suas vitórias, e até daqueles brasileiros que nasceram
depois de 94 e conhecem apenas sua história. Permanece em seu Instituto, que
tem a missão de melhorar a educação do Brasil, e ampliar as oportunidades para
que os jovens tenham um futuro melhor. Segue na certeza de que, sim, somos um
povo que tem todas as condições de vencer.
Senna foi meu
super-herói. Foi o herói de uma geração. Ao lembrar-se de seu legado e de sua
ausência, fico com uma frase sua, de uma entrevista concedida em 1990: “Seja
você quem for, seja qual for à posição social que você tenha na vida, a mais
alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e
sempre faça tudo com muito amor e com muita fé em Deus, que um dia você chega
lá. De alguma maneira você chega lá”.
Muito obrigado, Senna. Suas vitórias inspiram as
minhas, e a de quem está lendo. E que a gente nunca desista, mesmo que nos
reste apenas uma marcha”.
Acho que
depois desse lindo texto, temos mais nada a dizer, apenas a agradecer. Obrigado
Senna, obrigado por tudo, obrigado por ter enchido uma nação de orgulho, e
obrigado por levar as cores da nossa bandeira pelo mundo com suas magníficas
corridas. Você foi, é, e sempre será o nosso ídolo eterno, muito obrigado!
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