O Sampaio foi
a Pernambuco para enfrentar o Náutico pela 4ª rodada do Brasileiro Série B. Até
então o time timbu havia feito três jogos nos quais oscilou bastante. Buscando
afirmação, recebeu o time maranhense em má fase, sem marcar nenhum ponto na
competição e com apenas um gol marcado. O jogo marcou a estreia do técnico
Wagner Lopes pela Bolívia Querida. Mas o técnico estreante não teve o resultado
esperado. O time tricolor sofreu uma dolorosa e histórica goleada, a sua
segunda na competição.
Em relação ao
jogo anterior, Wagner Lopes fez algumas mexidas na equipe titular. Ele sacou
Ruan, com duas falhas lamentáveis em dois jogos, e colocou Rafael em seu lugar,
na intenção de fazer um revezamento entre os dois goleiros. Escalou três
volantes, com Daniel Amora voltando ao time, e deu uma oportunidade a Felipe
Costa, autor do gol contra o Paraná, de ser titular e com a responsabilidade de
municiar o ataque comandado por Edgar e Max.
O início do
jogo teve como destaque a forte marcação do Sampaio, buscando espaço para
explorar contra-ataques e tentar surpreender o adversário. O Náutico errava
muitos passes e tentava muitos lançamentos diretos. O jogo permaneceu assim até
os 19 minutos, quando Roni, em velocidade, invadiu a área pela direita e Luiz
Otávio o puxou e o derrubou. Pênalti para o time pernambucano e cartão amarelo
para o defensor boliviano. Bergson converteu a penalidade em gol e abriu o
placar para o Náutico.
O Sampaio nem
teve tempo para se reestruturar após o gol e já tomou o segundo golpe. Três
minutos depois, Gedeílson desatento perdeu a bola para Roni. Ele avança e chuta
cruzado para o meio da área, Rafael defendeu e segurou a bola, mas em seguida a
deixou escapar de suas mãos. Jeferson Nem estava esperto no lance para conferir
o segundo gol do Náutico. Falha grotesca do arqueiro.
A proposta
inicial do Sampaio era marcar forte e sair em contra-ataque com a velocidade de
Edgar, mas com dois gols contra no marcador era necessário sair mais para o
jogo. Daniel Barros foi quem tentou mudar o panorama do jogo. Com um chute
forte rasteiro de fora da área ele forçou o goleiro Júlio César a trabalhar
pela primeira vez no jogo e a fazer uma linda defesa, espalmando a bola para o
lado. Edgar ficou com a sobra, quase fez o gol, mas estava em posição
irregular. Impedimento bem assinalado pelo auxiliar. Em seguida, chance para o
Náutico. Bergson invadiu a área e chutou na diagonal para a defesa de Rafael. O
jogo chegou aos 30 minutos e o Sampaio ainda estava desorganizado e não criava
nenhuma chance clara de gol. Daniel Barros arriscou mais um chute, mas dessa
vez saiu fraco e o arqueiro adversário apenas acompanhou a saída da bola pela
linha de fundo.
Aos 37
minutos, em uma jogada na lateral direita, o atacante Rafael Coelho chutou
cruzado, Roni finalizou em cima da defesa boliviana. A bola sobrou dentro da
área para Maylson que limpou a jogada e chutou para o gol, mas a defesa
tricolor rebateu a bola e se livrou do perigo.
O primeiro
tempo terminou com apenas uma finalização certa do Sampaio. O time maranhense
não criou nenhuma outra oportunidade clara de gol. A bola não chegava limpa
para a finalização dos atacantes. Depois dos gols e com a folga no placar, o
Náutico se organizou melhor e levou perigo em várias oportunidades, utilizando
a velocidade dos seus meias e atacantes, principalmente Roni, atleta da base.
No intervalo,
os técnicos fizeram alterações em suas equipes. No time da casa, saiu o lateral
esquerdo Mateus Müller para a entrada do volante Rodrigo Sousa. Com essa
mudança, o técnico Alexandre Galo deslocou o improvisado volante Gastón para a
sua posição de origem, a lateral esquerda. No Sampaio, o atacante Henrique
entrou no lugar do volante Levi, pendurado com cartão amarelo.
Se o Sampaio
tinha a intenção de partir para o ataque e tentar equilibrar as ações e empatar
o jogo o Náutico tratou logo de jogar um balde de água fria na equipe
maranhense. Logo no primeiro minuto, Roni entrou na área, passou entre dois
marcadores e frente a frente com Rafael finalizou no canto direito do goleiro,
aumentando a contagem no marcador.
O Sampaio
precisava acordar e diminuir o placar rapidamente. Daniel Barros ainda tentava
com seus chutes de fora da área, mas sem sucesso. Aos 7 minutos, Gedeilson cruzou
da direita para Max que cabeceou para o gol, mas Júlio César defendeu com tranquilidade.
A proposta do treinador Wagner Lopes ao tirar um volante e colocar mais um
atacante foi por água abaixo e deixou o time ainda mais vulnerável aos
jogadores velozes do adversário. Aos 9 minutos, Roni mais uma vez levou perigo
ao receber um belo lançamento de Jeferson Nem pela esquerda, mas cara a cara
com Rafael, ele chutou em cima do goleiro. No minuto seguinte, a jogada cantada
do Náutico deu certo mais uma vez. Roni entrou na área pela esquerda, rolou
para o meio e Rafael Coelho, livre de marcação, só empurrou para o gol.
A lateral
direita do Sampaio estava sofrendo com as investidas de Roni. Gedeilson estava
completamente perdido e errando muito. Então o técnico da equipe boliviana o
substituiu por Guilherme Lucena, jogador emprestado pelo próprio Náutico,
também lateral direito. Aos 15 minutos, substituições simultâneas nas duas
equipes. No Náutico, saiu o camisa dez Bergson e entrou Taiberson. No Sampaio,
Felipe Costa, sem nenhuma ação de importância, deu lugar a Léo Gago, ainda sem
ritmo de jogo e sem a forma ideal. Na primeira jogada de Taiberson ele cruzou
da direita, Rodrigo Sousa subiu no segundo andar, enquanto Guilherme Lucena
ficou plantado no chão, e cabeceou para o gol. O goleiro Rafael se atrapalhou
na hora de fazer a defesa e aceitou o gol. O Sampaio ainda tentou com Daniel
Barros novamente. Ele chutou muito forte de fora da área mais uma vez, mas
Júlio César desviou levemente com as pontas dos dedos e a bola explodiu no
travessão. O jogo passou a ficar morno, com o Náutico mais contido.
Aos 39
minutos, Henrique fez uma linda jogada na entrada da área, dando um drible
desconcertante no marcador, avançou para a linha de fundo e cruzou para o meio
da área. Edgar cabeceou sozinho, mas Júlio César fez uma difícil defesa,
impedindo o gol de honra do Sampaio. No minuto seguinte, o Náutico teve a
chance de ampliar o marcador. Maylson recebeu um belo lançamento, ao estilo
beach soccer, de Taiberson e ficou cara a cara com Rafael. Ele tentou encobrir
Rafael, mas a bola saiu caprichosa pela linha de fundo, à direita do gol. No
lance, o goleiro boliviano ainda deslocou o volante com um toque em seu pé
direito. O árbitro deu seguimento ao jogo e não marcou a penalidade. O jogo
chegou ao fim e com cinco gols no placar a favor a goleada histórica do Náutico
estava decretada.
O tricolor
maranhense joga quase sempre com suas linhas muito avançadas e isso só ajudou a
equipe pernambucana por ter muitos jogadores velozes e sempre pegar a defesa
boliviana desprotegida e no mano a mano.
O Sampaio está
refém da dificuldade com seus goleiros nesta temporada. Já foram utilizados
três arqueiros desde o início do ano. Jean foi titular durante boa parte do
estadual com a lesão de Ruan, mas cometeu erros infantis e causou grande
decepção ao torcedor boliviano. Rafael foi contratado junto ao CSA, de Alagoas,
onde era reserva. É isso mesmo! O Sampaio contratou um goleiro reserva do CSA.
Ele comprometeu em muitos jogos, inclusive nesse último, e não passa confiança
ao torcedor. Ruan teve duas chances com o interino Arlindo Maracanã e falhou
nos dois jogos. Ou seja, a meta tricolor tem sido um grande problema. A defesa,
por sua vez, não passa confiança ao seu goleiro. Até mesmo Luiz Otávio, tido
por muitos como um dos melhores zagueiros da Série B 2015 e indiscutivelmente o
melhor jogador da Bolívia Querida na temporada passada, tem falhado bastante
neste ano, como no pênalti infantil cometido nesse jogo em Pernambuco. Rodrigo
Arroz, titular em muitos jogos, não acrescentou em nada até agora e comprometeu
demais em diversos jogos.
Mas um sistema
defensivo não se faz somente com zagueiros e laterais. O meio de campo também
não tem tido o sucesso esperado pelos bolivianos. Diego Lorenzi foi o volante
que mais se destacou, mas também caiu de rendimento. Em todos os últimos jogos,
a defesa tem ficado exposta pela frouxidão do meio de campo. Outro grande
problema do tricolor tem sido o seu setor de armação, citado por mim em outros
jogos. Vários jogadores já passaram por esse setor na temporada. Fernando Santos,
dispensado após a chegada de Wagner Lopes, Pedrinho, Felipe Costa, Daniel
Barros, muitas vezes jogando como segundo ou terceiro volante, mas não é muito
a dele marcar, Cleitinho, Taianan, pouco utilizado e já dispensado, Gustavo
Marmentine, recém-chegado e ainda não teve a oportunidade de jogar um jogo
inteiro. O setor ainda conta com Rubens, jogador experiente contratado junto ao
Imperatriz, mas ainda não fez a sua reestreia com a camisa tricolor. Mas a
deficiência maior desse elenco é a falta de vontade e garra. As derrotas fazem
parte de uma longa competição, mas perder sem lutar não é atitude de homem. A
vontade de vencer é o principal ingrediente para uma vitória e é impossível
praticar um futebol decente com um time sem alma. Devolvam o meu Sampaio, por
favor!
FICHA DO JOGO:
Local/Horário: Arena Pernambuco – Lourenço da Mata (PE), às 21h30min
Cartões amarelos: Mateus Müller (Náutico); Max, Luiz Otávio e Levi
(Sampaio)
NÁUTICO: Júlio César; Joazi, Rafael Pereira, Eduardo, Mateus Müller (Rodrigo
Sousa); Gastón, Maylson, Bergson (Taiberson); Roni, Jeferson Nem e Rafael
Coelho (Tiago Adan). Técnico:
Alexandre Galo
SAMPAIO: Rafael; Gedeilson (Guilherme Lucena), Eli Sabiá, Luiz Otávio,
Guilherme Santos; Levi (Henrique), Daniel Amora, Daniel Barros e Felipe Costa
(Léo Gago); Edgar e Max. Técnico:
Wagner Lopes
Marcos Fernandes || Twitter: @poetafernandes
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