Tche! Confesso que não
queria escrever sobre o empate do Brasil com o Goiás lá em Itumbiara, no
estádio JK. A tarde foi de festa para mim; música alegre, alaridos de crianças,
uma sinfonia celestial completou a data festiva. Meu neto fez seis aninhos e a
piazada veio em peso abraçar, brincar e, claro, atacar os salgadinhos e doces
que estavam ali, de bobeira, nas mesas multicoloridas.
Mas para um Xavante
lapidado no barro, na chuva, no sol escaldante do verão e no tapear do Minuano
não tem como ficar alheio aos acontecimentos do Campeonato Brasileiro – Série B
desse turbulento ano de 2016. Então sai de fininho da festa e
me bandeei para a casa de um sobrinho para assistir ao jogo pela tv. Confesso
que estava meio sestroso porque meu fiel escudeiro ficara esquecido em minha
casa. Sou daqueles que não acredita em bruxas, mas que elas existem, existem. Falo
de meu inseparável rádio. Ele é quase um confessor e, mesmo sob a batida da
Garra Xavante, está lá colado em meu ouvido testemunhando o rosário de palavrões
que grito durante os jogos do Brasil.
O Goiás é time cascudo,
de tradição e merece todo o respeito de quem enfrentá-lo. A peleia parecia ser
das brabas e foi um alento saber que jogariam duzentos quilômetros longe de
seus domínios. Mesmo assim o suor nervoso dizia para apertar na reza e tudo o
mais que aparecesse para ajudar. Quando vi na tv uns gaudérios de bermuda e as
gurias de shortinho comentei com o Tiago, meu sobrinho: “Olha lá! Tche! Um frio
desses e eles desfilando como se estivessem na praia”. “Tio, lá é calor”. “Putz!
Mais essa!”, resmunguei.
![]() |
Foto de Carlos Insaurriaga |
E não é que o jogo
começou parecendo que o Brasil jogava no Bento Freitas? Um banho de bola. Eu já
não sabia quantos gols nós tínhamos perdidos e já estava com câimbras de tanto
tentar colocar a bola para as redes goiana. Mal batiam doze minutos e Felipe Garcia
abria o marcador. A porteira estava aberta e a goleada seria algo natural tal
era a superioridade das “Feras de Zimmermann”. Quase xinguei o Tiago quando ele
disse: “Quem não faz, leva”. Tem certas frases do futebol que deveriam estar
escritas no regulamento da competição tal a frieza da assertiva. Assim como
aquela do Dino Sani: “Em futebol se ganha, se perde e se empata”. Fim do
primeiro tempo. Parecia apenas cumprimento de protocolo porque, decerto, o
Brasil empilharia os gols faltosos na segunda etapa.
Como é que pode. Aos
nove minutos da segunda etapa, o Goiás mostra a sua força e empata a partida.
Poderia ser um gol transitório, mas não. A coisa mudou de figura e perco a
compostura comigo mesmo falando trocentas coisas impublicáveis. Claro, eu tinha
o meu bode expiatório (Quem inventou isso?). O que foi aquilo Nena? Mais do
que nunca eu esbravejava contra o pênalti perdido aos dezesseis minutos do
primeiro tempo. Não via mais nada. Só a entrega de bandeja para o goleiro do
Goiás. Por sinal, Renan mostrou-se de uma má educação fora do normal ao não
agradecer o presente dado tão carinhosamente. Ainda estou em paranoia e só a
próxima partida para me por no plumo de novo.
Não sei se existe
alguma frase sobre a crueldade dos torcedores, mas se tiver servirá de carapuça
para mim por causa dessa raiva que teima em me consumir. Foram-se os três
pontos. Ficou a amarga lembrança do pênalti mal, muito mal batido.
Samuel Cedário Marques - o filho do Momo
assistindo a um treino do Brasil no Bento Freitas em 2013
|
Adjunto ao texto parte
I: Imagino o Samuel Cedário Marques vendo o Nena bater aquele pênalti. Deus do
Céu! O filho do Momo pediria para o juiz anular a cobrança alegando que ele faz
melhor. Pegaria a bola, colocaria a gorduchinha na marca penal, estufaria a
rede e correria até a galera para, em seguida, executar a tradicional saudação
a la Claudio Milar.
Adjunto ao texto –
parte II: Artilharia Nena: Campeonato Gaúcho 2014 – 6 gols; Campeonato Gaúcho
2015 – 6 gols; Campeonato Gaúcho 2016 – 3 gols; Campeonato Brasileiro 2014 –
Série D – 8 gols (artilheiro); Copa do Brasil 2015 – 1 gol; Campeonato
Brasileiro 2015 – Série C – 5 gols; Campeonato Brasileiro 2016 – Série B – Por
enquanto, nenhum gol. Por enquanto... (29.05.16) Além de gols importantíssimos,
Nena participou com destaque nas seguintes conquistas do G. E. Brasil: Campeão
do Interior Gaúcho de 2014; Bi-Campeão do Interior Gaúcho de 2015; acesso à
Série C do Campeonato Brasileiro de 2014; e da magnífica campanha de 2015
quando o Time Xavante conquistou, lá em Fortaleza, a vaga para a Série B do
Campeonato Brasileiro desse glorioso ano de 2016.
Adjunto ao texto parte
III: Deveria ser proibida, aos torcedores fanáticos, qualquer manifestação por
escrito após um mau resultado de uma partida. Principalmente quando este “mau
resultado” for um empate a mais de dois mil e oitenta e um quilômetros. Basta o
descarrego oral que normalmente acontece nessas zebras. Mas, fazer o quê?
Torcedor além de passional, às vezes, é cruel.
Adjunto ao texto IV:
Por mais decisivo que seja um jogo do Brasil, este ano não dá para esquecer as obra. Vá lá no site que acompanha o trabalho da Porto 5 minuto a minuto e veja
do que estou falando. Ah! E não esqueça de dar sua contribuição financeira. A Nação Xavante agradece.
0 Comentários