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Com Feijão em alta, Bahia atua bem e confirma evolução

Se fosse preciso escolher um jogador que representasse a atual escalada do Bahia não haveria dúvidas: Feijão. O volante começou a temporada desacreditado, sendo a terceira opção para a sua posição, porém conquistou a titularidade com muita dedicação nos treinos, empenho nos jogos e boas atuações. Desde a estreia na Copa do Nordeste contra o Santa Cruz no Arruda – quando foi a surpresa na escalação, com Doriva barrando Yuri – tem mantido uma boa regularidade de atuações, atingindo o ápice no clássico decisivo do campeonato baiano e na reta inicial da Série B. Hoje não resta dúvidas: O Bahia é Feijão e mais dez.

De terceira opção a titular absoluto e pilar do meio-campo: Feijão supera a desconfiança da torcida e causa incredulidade.
Contra o CRB, na noite da última sexta-feira, mais uma vez a importância do volante foi comprovada: 90% de acerto de passe, três desarmes certos, três faltas recebidas e nenhuma cometida, movimentação inteligente em campo e o gol que abriu o caminho para o triunfo que consolidou a equipe no G-4 da Série B. Feijão pressionou o adversário e forçou o erro que permitiu a retomada de posse, a bola foi lançada por Cajá e Hernane ajeitou de cabeça e o próprio Feijão, na pequena área, DE GAIATO como ele bem definiu, concluiu de bicicleta.

Antes desse lance – aos 8 minutos da etapa final – o Bahia já fazia uma apresentação bastante convincente. O CRB iniciou o jogo com uma postura até ousada, saindo para o jogo e procurando trabalhar a posse de bola no campo ofensivo, mas a contusão de Gérson Magrão antes dos quinze minutos da primeira etapa obrigou Mazola Júnior a alterar o time colocando o volante Somália em seu lugar. O Bahia então tomou as rédeas da partida, postado no 4-2-3-1/4-4-2 habitual com bastante lateralização das jogadas e bom volume de jogo. Não fossem as boas intervenções do goleiro Juliano o Esquadrão teria tomado à dianteira do placar na primeira etapa: Com meia hora de partida eram SETE finalizações contra nenhuma, com destaque para conclusões de Danilo [duas vezes], Cajá e Juninho. Luisinho bloqueava bem as subidas do lateral Marcos, porém pouco produzia ofensivamente e era uma peça nula no ataque. Com isso, a superioridade tricolor não se traduzia em vantagem no marcador.

O Bahia voltou dos vestiários com duas mudanças que mostraram boa leitura do jogo por parte do treinador Doriva: Edigar Junio substituindo o apagado Luisinho e Régis em lugar de Danilo Pires. Mudança de característica para buscar mais qualidade na construção das jogadas do meio ao invés de infiltração e jogadas laterais. Mais objetividade e qualidade nas finalizações. Com Régis a movimentação e dinâmica ofensiva mudaram, com o camisa 20 buscando mais o meio, invertendo de posição com Cajá e abrindo o corredor para o apoio de Tinga. No lado esquerdo Bahia ganhava força no confronto direto com os zagueiros e mais força e técnica para romper a última linha. Alterações tornaram o domínio mais contundente e a vantagem no placar consolidaria isso.


Mas a contusão de Edigar – no tornozelo, sem relação com o problema muscular que o afastou semana passada – mudou os planos de Doriva. Precisando de força para recompor o lado esquerdo, onde Marcos é uma das principais válvulas de escape da equipe regatiana, o treinador optou por lançar Moisés na equipe [havia sido poupado e estava no banco] e foi hostilizado por parte da torcida que não entendeu a modificação. Na prática a equipe não alterou seu sistema de jogo, apenas adequou sua estratégia de jogo com a vantagem, como tem feito nessas ocasiões: Time mais reativo, postado em duas linhas aguardando oportunidade par aproveitar o espaço concedido pelo rival para contragolpear. De forma organizada e inteligente foi possível observar o time no 4-2-4 para pressionar/bloquear a saída dos alagoanos, quebrando as linhas de passe de saída e fechando os espaços de apoio dos laterais. Quando o CRB avançava na intermediária o time se desdobrava no 4-4-2 em linha, com Régis assumindo a função de Cajá e alinhando com Hernane no ataque para organizar o ataque. Essa sistemática minou o volume de jogo do CRB que teve posse estéril e não conseguia se aproximar com perigo da área tricolor. Foram apenas três conclusões a gol em todo o jogo, a mais perigosa fruto de saída de jogo errada de Juninho recuperada por Dakson que assiste Neto Baiano para arremate perigoso com defesa de Lomba. Único lance que deixou a torcida tricolor apreensiva.


O tricolor poderia ter acabado com o suspense da partida mais cedo: Time teve três oportunidades de fazer transições ofensivas com superioridade numérica no campo ofensivo; na mais evidente Jackson se precipitou e forçou o passe desperdiçando um contragolpe de quatro contra um. O time pecou algumas vezes por não manter a posse de bola trocando passes, especialmente Lucas Fonseca que rifou algumas posses desnecessárias, com jogadores livres para receber a bola. Essas tomadas de decisão precisam ser mais bem trabalhadas. Bastou encaixar uma boa movimentação e passes inteligentes que Régis deixou Hernane frente a Juliano, com o Brocador concluindo com extrema categoria e frieza. Dois a zero, jogo liquidado.


Ainda houve tempo para Régis dar números finais ao marcador aproveitando rebote após boa conclusão de fora da área de Cajá. Placar justo e que traduziu a superioridade da equipe da casa, na volta a Pituaçu, um estádio que a torcida se sente bastante à vontade. Equipe mostrou mais uma vez excelentes combinações, elenco forte, e franca evolução nos aspectos emocionais e de controle do jogo. Se mantiver esse nível de atuação, fatalmente a caminhada até o acesso será menos acidentado que a história do clube sugere.

NOTAS SOBRE ELA [A QUASE GOLEADA]

- CRB tem uma boa equipe, valores individuais interessantes, mas o cobertor é curto. A contusão de Gérson Magrão fragilizou o meio campo e não havia reposição à altura;

- É muito raro um jogador que entra na partida como suplente ser substituído antes do final do jogo. Mas nessa sexta o raio caiu duas vezes no metropolitano de Pituaçu. Graças às contusões de Gérson Magrão e Edigar, Mazola e Doriva usaram dois cartuchos na mesma posição. Somália jogou 45 minutos antes de dar a vaga a Luidy e Edigar só ficaram 15 minutos em campo;

- Lucas Fonseca segue rebatendo algumas bolas a ESMO e rifando posses desnecessárias. Mas quando se trata de confronto físico ele costuma se destacar. No BaVi da final do baiano infernizou Kieza - com direito a provocações pessoais. Contra o CRB travou uma duelo duro com Neto Baiano, que acabou sendo expulso no final da partida e o jogo quase descamba para cenas lamentáveis. Não tenho aprovado seu desempenho técnico, mas sobre intimidação física sobre oponentes: GOSTAMOS.

- Bahia não conseguia uma sequência de três triunfos pela Série B desde o início do campeonato de 2015. Naquela oportunidade venceu Mogi Mirim, o próprio CRB e o Paraná nas rodadas 2, 3 e 4 ainda no mês de maio. A coincidência não é somente a presença do clube alagoano, mas também o placar [3 X 0] e o fato do marcador ter sido aberto pelo camisa 5 com um golaço – ano passado um petardo de Pittoni de fora da área no Rei Pelé;

- Régis ainda não foi titular da equipe, mas em três participações já conquistou o posto de um dos jogadores mais efetivos do elenco: Participação direta em CINCO gols em três partidas, tendo jogado 100 minutos pelo clube. Dos titulares, apenas Hernane tem participação direta em cinco gols. Dor de cabeça saudável para Doriva que tem o time titular bem definido;

- Dos quatorze gols do time nesta Série B, ONZE foram marcados no segundo tempo, CINCO nos últimos 15 minutos. Comprovação da força do elenco, de estratégia bem assimilada pela equipe e de boa condição física apesar da maratona.

- A defesa tricolor completou exatos 372 minutos sem levar gol - o último foi de Nenê, de falta, aos 33’ da etapa final em São Januário. Dos oito jogos que disputou em SEIS não teve a meta vazada [e poderiam ser SETE não fosse o vacilo no final da partida contra o Avaí]. Números impressionantes e que costumam ser decisivos se mantidos; uma defesa consistente garante acesso.

- Cajá nitidamente ainda não atingiu a plenitude atlética; até porque no mundo árabe a carga de trabalho físico é menor. Pelas circunstâncias acabou obrigado a jogar os 90 minutos e surpreendeu pela entrega: Movimentou-se muito, combateu, jogou aberto pelo lado direito um bom tempo e foi o TERCEIRO da equipe em distância percorrida no jogo. Só ficou atrás de Juninho e Tinga.

ALEX ROLIM - @rolimpato - #BBMP

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