O Bahia
estipulou uma meta de pontos para os dez primeiros jogos que seria impossível
de alcançar caso não exorcizasse um velho FANTASMA: Era necessário derrotar o
Goiás no Serra Dourada. O time tricolor nunca havia alcançado tal feito pela
Série B contra o esmeraldino e não costuma ter muita SORTE contra times que
vestem verde. Pequenos detalhes que teriam que ser superados para se manter no
G4 contra um time em crise e à beira da zona de rebaixamento.
O Bahia
manteve a postura do último triunfo contra o Paysandu: Time jogando no 4-2-3-1
e se defendendo no 4-4-2, dentro do modelo de jogo favorito de Doriva: Time
reativo, marcando na intermediária rival, sem pressionar o jogador com a bola,
aguardando o erro adversário. Time mais
cadenciado com a bola, oferecendo campo e posse ao Goiás. A proposta era, desde
cedo, bem clara: Vencer sem se expor muito e controlando o desgaste físico. Um
jogo de menor intensidade que se não pode ser muito agradável de assistir, é
compreensível pela maratona que envolve os times que disputam a divisão de
acesso à elite.
Dessa forma a
partida foi posta em banho-maria desde o primeiro minuto. Faltava qualidade ao
Goiás para propor o jogo, o Bahia compactava-se na fase defensiva [algo mais
simples de fazer no 4-4-2, daí a opção pelo sistema] e procurava negar espaços
a partir da intermediária e quebrar as linhas de passe do Goiás. O jogo se
arrastava nesse ritmo até que, sem opções para passar à frente o lateral
Jefferson recuou para Renan que foi pressionado por Hernane. Faltou qualidade
para sair jogando e o goleiro rebateu a esmo, com a bola saindo muito alta e
sem ganhar muito terreno. Nesse momento, sobrou qualidade para Renato Cajá: O
meia amorteceu a bola no peito e após deixá-la cair acertou um PETARDO de
canhota no canto baixo de Renan: Bahia 1 X 0 com vinte minutos de jogo. Cenário
IDEAL para a estratégia de Doriva.
Com a vantagem
diante de um adversário fragilizado técnica e emocionalmente, com a própria
torcida pressionando o time, Bahia intensificou a compactação defensiva em duas
linhas, aguardando as ações do Goiás. Aguardando sempre a iniciativa do rival,
Bahia teve a menor posse de bola do ano – apenas 37% - trocou apenas 200 passes
certos e teve SETE finalizações a gol. Volume ofensivo bem menor que da ‘fase’
anterior do time de Doriva. Porém com uma eficiência maior, que lhe permite ser
mais assertivo ao atacar. Atacar muito não é sinônimo de atacar bem, atacar bem
muitas vezes tem a ver com atacar com espaço e velocidade. Isso é mais fácil de
conseguir explorando o contragolpe. Por isso é tão importante ter a vantagem no
placar; obriga o adversário a tomar decisões desconfortáveis durante o
confronto e deixar fragilidades à mostra.
Mas nem tudo
são flores dentro desse contexto das últimas duas partidas. Doriva reclamou – e
com razão – das oportunidades oferecidas ao Goiás. Assumir o risco de chamar o
time contrário ao seu próprio campo implica em disciplina e em sucesso nos
‘confrontos individuais’. Torcida não gosta dessa postura, pois fica com a
impressão que o time ‘parou de jogar’. Se defender também é jogar. Mas em
alguns momentos o Bahia permitiu cruzamentos desnecessários e arremates à média
distância que poderiam por todo o planejamento de jogo a perder. Contra um time
de melhor qualidade esses deslizes costumam ser fatais [alguém se lembra do
jogo contra o Vasco?].
A segunda
etapa desenvolveu-se à imagem e semelhança da primeira. Bahia tinha a partida e
o Goiás tinha o controle [inócuo] da bola. Em muitas oportunidades Bahia foi
até INDOLENTE para contragolpear, excessivamente lento na transição e abusando
de bolas longas desnecessariamente - teve apenas 82% de acerto de passe, o que
indica muitas decisões precipitadas na retomada de posse – mesmo após as substituições
de Cajá por Régis e Luisinho [muito apagado novamente] por Thiago Ribeiro. As
mudanças, porém trouxeram mais qualidade a esse passe de transição e o time
teve duas oportunidades em sequência para liquidar a partida. Não o fez. Na
terceira oportunidade Thiago deixou Régis em ótimas condições para marcar, o
meia driblou Renan e foi tocado dentro da área. Pênalti que Thiago Ribeiro
cobrou com tranquilidade para decretar números finais à partida. Bahia dois a
zero, em terceiro lugar na tábua de classificação empurrando o tradicional
Goiás para a zona de rebaixamento e afundado em crise: Sem técnico e com
péssima perspectiva para um futuro próximo. Próximo desafio do Bahia já será
amanhã contra o bom e perigoso CRB de Mazola Júnior, no estádio de Pituaçu –
palco do último acesso do clube em 2010.
NOTAS SOBRE ELE [O FIM DO TABU]
- A maneira de
jogar do Bahia de Doriva pode ser resumida em alguns números reveladores: Em 22
oportunidades que o time INAUGUROU o placar apenas em UMA não venceu a partida:
No empate em 2 X 2 contra o Santa Cruz no Arruda, pela semifinal da Copa do
Nordeste. Não tomou nenhuma virada em jogos oficiais esse ano. Sabe jogar com a
vantagem;
- Por outro
lado das cinco derrotas na temporada em QUATRO o time não mostrou poder de reação:
Contra o Vitória duas vezes, Santa Cruz e América o time saiu atrás no placar e
sequer marcou gol. Apenas na derrota contra o Vasco o time buscou o empate, mas
acabou derrotado por 4X3. Categoricamente só conseguiu virada de placar duas
vezes no ano: Contra a Juazeirense pelo Campeonato Baiano, na ESTREIA oficial
da temporada [3 X 2] e contra o Fortaleza no jogo de ida pelas quartas da Copa
do Nordeste [1 X 2];
- Pela
primeira vez Jackson fez uma partida MEDIANA. Poderia ser a emoção de voltar ao
Serra – no Goiás o zagueiro fez excelente temporada e despontou o cenário
nacional – mas acredito que tenha sido fruto de limitação física: Quase foi
vetado para a partida. Mesmo assim esteve no nível do sempre atabalhoado Lucas
Fonseca;
- Cajá enfim
marcou seu gol após dois encontros com a trave. É jogador que acrescenta uma
característica que faltava ao time do Bahia e mesmo sem estar na plenitude
física é bastante útil ao time;
- Moisés
voltou ao time provando sua importância ao time. Foi o líder em desarmes [8] e
teve muito trabalho, pois o Goiás forçou muito o jogo por seu setor. Sentiu a
fase final do jogo o que obrigou Doriva a colocar João Paulo para reforçar o
setor;
- Thiago
Ribeiro entrou bem no jogo. Ainda parece um pouco BLASÈ em determinados momentos,
mas sua categoria foi fundamental para aproveitar os espaços oferecidos pelo
desespero goiano, como no lance que resultou no pênalti convertido por ele.
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