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No dia da paixão palmeirense, deu Verdão

12 de junho de 1993. Não é preciso muito mais do que mencionar essa data para arrancar um sorriso de um palmeirense. Ele nem precisa ter vivido essa data, pode ser da velha guarda, pode ser apenas um adolescente, mas sabe descrever com detalhes o chute de direita de Zinho que abriu o placar e a caminhada feita por Evair antes de marcar o gol do título que tirou o time da fila contra o maior rival exatamente 23 anos atrás. Desde então, o 12 de junho tem um charme diferente. Se para muitos é apenas o dia dos namorados, para nós tornou-se o dia da paixão palmeirense. E quis o destino que ele reservasse a data para reviver justamente um Palmeiras x Corinthians.

O jogo não era de final, é verdade, mas valia um confronto direto pelas primeiras posições na tabela. Os jogadores também não apresentam a mesma qualidade de outrora, mas as camisas valem o jogo por si só. Até o tempo paulistano, que andava mais do que fechado, resolveu abrir um sol para deixar ainda mais bonito um dia que tinha tudo para ser especial para os palmeirenses.

Ao contrário do que podia indicar com a ausência de Vitor Hugo, foram poucos os sustos defensivos do Verdão em um primeiro tempo de pouca emoção. Após alguns bons ataques palmeirenses, o rival acertou a marcação e travou as jogadas de velocidade de Gabriel Jesus, Dudu e Roger Guedes. Os últimos dez minutos foram os piores do Palmeiras em campo e rendeu alguns sustos aos quarenta mil presentes.

Cuca voltou a participar bem do jogo. Percebendo que a marcação adversária tinha ajustado e que o Verdão perdia o meio-campo, lançou Cleiton Xavier no lugar de Roger Guedes, montando um 4-4-2 e dando liberdade de movimentação para Dudu. Deu certo.

Cleiton Xavier marcou o único gol do jogo na vitória do Palmeiras. (Foto: Globo Esporte)
Logo aos três minutos, Dudu aproveitou-se da nova liberdade e fechou pelo meio para encontrar Moisés livre na esquerda. O chute foi muito bem defendido por Walter, mas voltou caprichosamente na cabeça de Cleiton Xavier naqueles caprichos que são típicos desse jogo, como foi um gol de direita do mais canhoto possível Zinho em 1993. Explosão de vozes no Allianz Parque, 1x0 no placar.

O rival ensaiou uma pressão perigosa nos minutos seguintes. Primeiro com Cristian, aproveitando uma saída ruim do goleiro Fernando Prass. Depois com um chute na trave de Guilherme que deu a certeza (se é que pairava alguma dúvida) de que o dia era realmente verde. Foi só.

A partir desse lance, o Palmeiras foi bastante superior no restante da partida e ficou muito mais próximo de marcar o segundo do que de levar o empate. O estádio criou uma atmosfera sensacional e vaiava com força cada vez que o Corinthians tentava trocar passes. Com muita dificuldade na criação, Tite apostou mais na estrela de Danilo do que conseguiu arquitetar algo para mudar o jogo. Quem apareceu mesmo foi Walter salvando vários lances de perigo.

Já no final, um lance polêmico ganhou força quando Felipe fez carga em Prass. O juiz já havia apitado quando surgiu o gol de empate. Seria uma injustiça para o que se viu em campo e acabou servindo mais como desculpa de um jogo ruim do rival do que qualquer outra coisa. Por fim, lógico, ficou a vitória para a comemoração do que mais valia no dia: o amor pelo Palmeiras.

PONTO TÁTICO: Cuca tem sido muito feliz nas alterações que tem feito nos intervalos – ainda que algumas pareçam precipitadas. Ao colocar Cleiton Xavier, conseguiu recuperar o meio-campo que estava sendo dominado pelos Corintianos no final o primeiro tempo. Não bastasse a correção tática, ainda teve a sorte de ver o reserva marcar logo no começo.

NÚMEROS DA BOLA: O Palmeiras voltou a praticar um jogo bastante vertical que vem marcando a passagem de Cuca – e o vertical aqui não é em relação aos chutões como era em 2015, mas pela objetividade do time.  Apesar de uma posse de bola parecida e de trocar praticamente o mesmo número de passes, o Palmeiras finalizou bem mais que o rival (15x6) e exigiu apenas duas participações de Prass, enquanto Walter precisou trabalhar seis vezes.

O DESTAQUE: Em mais um ótimo jogo dentro de casa, Roberto mostrou mais uma vez que a idade não parece incomodar. Apesar de começar o jogo deixando todos receosos com a entrada de Edu Dracena ao seu lado e do rival ter em Fagner seu ponto forte, o lateral palmeirense fez uma partida beirando à perfeição e pouco permitiu que se criasse por ali. Ainda deu piques no segundo tempo que faziam parecer que tinha 20 anos de idade.

BOLA MURCHA: Não foi um jogo ruim de tecnicamente do Roger Guedes que, inclusive, criou boas chances no primeiro tempo. Aos poucos, porém, começou a ter dificuldades em acompanhar Uendel e passou a deixar perigosos os avanços adversários naquele setor. Sacado no intervalo, o Palmeiras acabou melhorando.

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