Finalmente
chegou o dia 6 de julho de 2016 e, com ele, inicia-se aquela fase pós Copa
América Centenário que poderá encaminhar o tão cobiçado título continental à
uma das quatro equipes que conseguiram almejar este feito nesta edição marcada
por disputas intensas e surpresas maravilhosas que surgiram de momento
inesperado.
A
primeira semifinal reserva um encontro que já decidiu finalistas em outras duas
disputas na Copa Sulamericana (2012 e 2014) e, que agora, se torna um
verdadeiro tira-teima entre eles. Atlético Nacional, da cidade de Medellín, e
São Paulo farão o confronto que promete ser o mais intenso e nervoso desta fase
da competição. As equipes carregam particularidades no que se refere a competição
deste ano, embora o time colombiano é detentor de uma campanha melhor que todos
os seus concorrentes.
O
Atlético Nacional, na atual edição do torneio continental, coleciona 7
vitórias, 2 empates e 1 derrota somente. Foi a equipe sensação da competição na
primeira fase. Mesclando um futebol moderno de marcação e boa posse de bola,
com a técnica e habilidade de seus jogadores, o time colombiano mostrou aquele
que foi considerado por muitos o melhor futebol da América. Com 18 gols
marcados e 4 gols sofridos nas 10 partidas disputadas, a equipe treinada por
Reinaldo Rueda
mostrou uma consistência pouquíssimo vista nos demais times da competição.
Na
fase de grupos, adversários tradicionais como Sporting Cristal e Peñarol e a
briosa equipe do Huracán não foram páreos para o melhor do seu jogo ofensivo.
Tanto dentro quanto fora de casa, os Verdolagas
mostravam a mesma eficiência e conseguiram impor o melhor do seu futebol. Com
vitórias convincentes (como o 4X0 no Peñarol no Estádio Centenário e o 3X0 no
Sporting Cristal no Atanásio Giradot) e grandes atuações de seus homens mais
ofensivos, o time colombiano se tornou a equipe a ser batida.
Já
nos mata-matas contra dois times da Argentina (novamente o Huracán e depois o
Rosário Central), o time de Medellín passou por momentos de apuros e que quase
custou sua classificação. Contra o adversário que saiu do seu grupo e que ficou
com a pior campanha entre os segundos colocados, tiveram um primeiro jogo que
poderiam ter passado com mais tranquilidade se não fosse a displicência dos
seus homens de frente e a teimosia de seu treinador em não escalar o seu melhor
jogador, que ficou no banco durante boa parte do confronto, mas o 0X0 foi tão
teimoso como a última rodada da primeira fase e fez a partida ser decidida em casa.
No jogo da volta, o placar foi por 4X2, mas a equipe colombiana passou por
momentos de perigo neste confronto, já que, mesmo com um a mais, não conseguiu
impor seu melhor futebol e quase sucumbiu diante da valentia e da raça do
Huracán, tanto que o golpe de misericórdia foi decretado aos 47 minutos do
segundo tempo.
Nas
quartas de finais contra o Rosário Central, o sofrimento foi ainda maior e
durou quase 200 minutos no tempo agregado até o seu atacante, Orlando Berrío, se tornar o grande herói da classificação.
Tudo começou no Gigante de Arroyito, quando o volante Carlos Montoya, da equipe Canalla, abriu placar no começo da partida com um
belo gol e deixou o confronto ainda mais aberto e com possibilidades de tornar
os jogos ainda mais atraentes do ponto de vista ofensivo. Inúmeras chances
foram criadas, mas o placar não foi alterado na Argentina. Já em Medellín, a
historia do confronto teve uma carga de drama gigante. A começar pelo gol de
Marco Ruben, cobrando pênalti, antes dos 10 minutos de partida. Tudo levava
crer que a equipe do Rosário Central levasse este confronto mesmo com a pressão
intensa da equipe Verdolaga, mas o gol aos 47
do primeiro tempo e outro aos 3 do segundo tempo ditaram a tônica do restante
do jogo e mostrou que o pandemônio estava instaurado na Colômbia. O gol da
vitória saiu aos 51 minutos e de forma sofrida e na raça. Os grandes destaques
da equipe colombiana são Pablo Perez, Alejandro Guerra e Marlos Moreno.
Já
a equipe do São Paulo teve uma campanha bastante turbulenta em 12 partidas, com
5 vitórias, 4 empates e 3 derrotas, marcando 20 gols e sofrendo 11. Pelo número
de gols, percebe-se que o ataque funcionou bem e ainda tem o artilheiro do
campeonato 8 gols. O problema é que a equipe fez grande parte destes gols nos
jogos em casa, sendo 14 gols (com duas goleadas, por 6X0 no Trujillianos e
4X0 no Toluca),
mas em boa parte destas partidas e dos jogos fora de casa não realizaram
partidas muito convincentes. Jogos em que a equipe oscilava no setor de ataque
e vacilava ainda mais na defesa. O grande jogo na fase de grupos foram as
partidas contra o River
Plate, que mostrou o “soberano” totalmente competitivo e ciente que seria um
adversário duríssimo de ser batido.
Este
espírito foi a tônica dos mata-matas para o time são-paulino. As oitavas de
finais contra o Toluca se mostrou bem tenebrosa, pois a equipe mexicana escapou
do grupo da morte com uma bela campanha contra as equipes que já ganharam a
Libertadores da América. Mas o que se viu na partida do Morumbi foi um São
Paulo bastante agressivo e com sede de decidir o confronto em sua casa. E foi o
que aconteceu. A goleada por 4X0 com ótima atuação de Ricardo Centurión foi extremamente
apoteótica e doutrinadora. A equipe tricolor soube se impor em toda a partida e
não deu muitas chances para o seu adversário que vinha com um time bem
modificado. No jogo da volta, o São Paulo foi com alguns desfalques
considerados para o México, mas ainda sim teve uma partida sem sustos. Mesmo
com uma derrota por 3X1 e jogando um segundo tempo bem abaixo o time comandado
por Edgardo Bauza conseguiu
avançar para a fase de quartas de finais e que estaria pronto para enfrentar
qualquer adversário, mostrando novamente da sua capacidade de ser decisivo
nestes grandes jogos.
As quartas de finais contra o Atlético-MG
foram de partidas totalmente diferente e com um jogo estratégico e tático bem
acentuada pelas duas equipes. No primeiro jogo, a preocupação defensiva se
mostrou comum entre as duas equipes, o time são-paulino não conseguia criar
grandes chances de jogo devido ao belo trabalho defensivo do time alvinegro,
mas também não foi ameaçado no seu sistema defensivo, o que tornou a partida
bem pragmática e muito ruim tecnicamente. A bola parada decidiu em favor do
tricolor. A mesma seria decisiva na partida de volta, no jogo do Independência.
Os primeiros 15 minutos foram intensos e bem avassaladores do Galo, que soube
se impor e logo abriu 2X0. Mas num lance de escanteio, Maicon foi decisivo e
fez o gol que classificaria o time do Morumbi. A partir daí, o São Paulo
controlou mais a partida de forma psicológica e decidiu o confronto na sua
defesa e na imposição física. Para as semifinais, o que se espera é de uma
equipe decisiva, mas em um momento do ano bem diferente da fase decisiva.
Destaques são para o zagueiros Maicon, os meias Michel Bastos e Paulo Henrique
Ganso e o atacante Jonathan Calleri, artilheiro da competição.
A segunda semifinal, já reserva um confronto
que pode não ser tão empolgante quanto o anterior, mas que revela histórias
interessantíssimas da competição. O Boca Juniors tenta o seu sétimo
titulo da competição e igualar de vez o feito do Independiente como os maiores
campeões da América e ultrapassar o Milan como o maior campeão de torneios
internacionais do mundo. Já o Independiente Del Valle conta com um apoio
popular gigante de seu pais, principalmente após a equipe jogar no principal
estádio do país, onde tem levado um publico muito grande em seus jogos no Olímpico
de Atahualpa.
O time do Boca Juniors, a exemplo do São
Paulo, não teve uma Libertadores totalmente convincente. A equipe oscilou
demais, mesmo nos jogos mata-matas, e flertou com a decepção de uma eliminação
durante boa parte da competição. A começar na primeira fase em que os seus três
primeiros jogos foram três empates, sendo dois por 0X0 e um por 1X1 com um gol
de falta no ultimo minuto contra o Bolívar, em La Paz. No returno, a equipe fez
três jogos na Argentina (sendo um fora de casa) e conseguiu vencer todas as
partidas, se classificando em 1º do seu grupo com a 6ª melhor campanha da
primeira fase.
Nas oitavas de finais, o adversário foi o
tradicional Cerro Porteño. A primeira partida no Paraguai mostrou uma imposição
gigante do time Xeneize, no campo adversário. Poderiam ter decidido com um
placar maior e voltado a Argentina com a classificação encaminhada, mas a
própria oscilação característica mostrou que o Boca Juniors. A partida de volta
poderia ser mais tranquila para os argentinos, só que decidiram se complicar
quando tomaram um primeiro gol paraguaio, o que deixava o confronto bem aberto
e que só foi finalizado nos minutos finais de jogo.
Nas quartas de finais, o confronto já foi com
uma camisa muito pesada e histórica. O jogo contra o Nacional, do Uruguai,
reservava um duelo bem tático e infartante. Foi o que realmente aconteceu neste
duelo. Tanto o jogo no Parque Central, quanto a partida no La Bombonera foram
decididas com a ótica do visitante e com o mandante conseguindo o seu tento em
lances fortuitos na etapa final. Com toda esta igualdade no confronto,
terminaram nas disputas de pênaltis, e o time argentino levou a melhor,
classificando para semifinais mesmo com este olhar de desconfiança. O destaque do time argentino fica para o
atacante Carlos Tevez, que é o grande nome do torneio após uma brilhante
temporada na Juventus, da Itália, com uma final de Champions League.
Já o Independiente Del Valle tem feito uma
participação histórica nesta edição do torneio. A equipe não era cotada para
figurar os 32 da fase de grupos e muito menos para passar de fase. No grupo 5
com Atlético-MG, Colo Colo e Melgar, a equipe da cidade de Manta se mostrou bem
coesa nos jogos em casa e, fora de casa, complicou para todos os adversário da
chave, assim como havia feito contra o Guaraní, do Paraguai. Ao todo, na
competição, eles colecionaram em 12 partidas, 6 vitórias, 2 empates e 4
derrotas, com 16 gols a favor e 12 gols sofridos e a inédita ida para as
oitavas de finais veio num enfartante empate em 0X0 contra o Colo Colo, no
Chile.
Nas oitavas de finais, muitos achavam que a
eliminação viria contra o atual campeão da competição. Mas o jogo de ida, com a
comoção geral da população equatoriana foi um fator positivo e que levou a
equipe a uma vitoria apoteótica por 2X0. Já no jogo de volta, no Monumental de
Nuñez, o time do River Plate tentou de todos os jeitos fazer o gol quanto antes, mas a bela atuação
do goleiro Librardo Ascona foi decisiva no duelo e o gol foi sair só aos 40
minutos do segundo tempo, após muita pressão.
Nas quartas de finais, foi a vez do Pumas, do
México encarar este apoio popular. As duas partidas foram de uma intensidade
enorme. No jogo de ida, no Equador, o Independiente se mostrou ainda mais solto
e foram ao ataque para tentar matar a partida no jogo de ida. Chegaram a abrir
2X0 no confronto, mas o time mexicano conseguiu descontar no final, levando o
resultado positivo para o México. No jogo da volta, tudo se desenhou para um
placar ainda mais elástico para os mexicanos, ainda mais com um 2X0 em 13
minutos de jogo e com um Pumas muito mais incisivo e perigoso no ataque. Mas o
time equatoriano cresceu e conseguiu descontar com um gol no fim. O jogo foi
para os pênaltis e os equatorianos levaram a melhor no confronto. Destaques da equipe são o zagueiro Arturo Mina, o meia Junior Sornoza e o atacante Julio Angulo.
As semifinais acontecerão no dias 6, 7, 13 e
14 de julho, com os jogos das primeiras semifinais acontecendo nas
quartas-feiras e os da segundas semifinais as quintas feiras. Quem passar neste
duelo, poderá fazer os jogos das semifinais no dias 20 e 27 de Julho, com o
Atlético Nacional podendo decidir em casa em qualquer hipótese de final e o São
Paulo decidindo fora de casa na mesma teoria.
Produzido pelo colunista:
Marcos Paulo || @makavista
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