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Elétrico, Galo vence e convence

Alô amigo atleticano, leitor, sócio-torcedor do Linha de Fundo, como diria Tony Garrido, por muito tempo vocalista do Cidade Negra: “todo mundo espera alguma coisa, de um sábado à noite, sábado à noite tudo pode mudar”.  E certamente para nós atleticanos, nesse sábado a noite tudo mudou contra o valente Santinha, voltamos de fato a observar uma atuação convincente. Sim o Galo Doido voltou, e como voltou.

Fonte: Portal Superesportes.
Marcelo Oliveira lançou o time em uma formação diferente da habitual, em um típico 4-4-2, mais tradicional impossível com Victor, Carlos Cesar (Patric, que foi bem demais na sua posição de origem), Leonardo Silva, Erazo, Fábio Santos compondo a linha defensiva.

Na volância, Rafael Carioca e Donizete alinhados ao centro: com o primeiro mais à esquerda, e o segundo mais à direita. Ambos eram responsáveis pela construção de jogadas, cada um ao seu estilo. Se Carioca com sua elegância habitual cadenciava a saída de bola pela esquerda, juntamente dos experientes Fabio Santos e Robinho, Donizete de maneira muito inteligente imprimia ritmo, com uma saída muito rápida pela direita com os explosivos Carlos Cesar (depois mais ainda com Patric) e Maicossuel.

Conforme já adiantei na descrição do posicionamento dos volantes, Robinho e Maicossuel eram os extremos dessa linha de quatro. O Rei das Pedaladas (como pedalou) ora flutuava da esquerda para o meio, como um legítimo armador, ora se infiltrava no ataque formando um trio virato com Pratto e Fred. Já Maicossuel compunha mais o meio campo, e era certamente a principal válvula de escape dos atleticanos. O camisa 70 imprime um tipo de jogo com muita aceleração, muita velocidade, e muita intensidade: dribles curtos, arranque e busca pelo 1-2. Esse tipo de percepção de jogo é fundamental, pois Maicossuel tem o poder de com um, dois dribles desmontar um sistema defensivo, fato que ocorreu várias vezes.  

Em um sistema de marcação individual, o drible tem o poder de provocar um efeito dominó nas perseguições adversárias, visto que o encaixe de marcação é quebrado, enquanto na marcação por zona, um drible bem executado é capaz de abrir clareiras, espaços para penetração e para infiltrações.
Mapa de Calor  do Maicossuel. Fonte: Footstats.
Ainda sobre o “Mago”, sua importância ao time é fundamental, em 2014 e em 2015, longe dos holofotes de Tardelli, Pratto, Luan, Guilherme e Giovanni Augusto, o ponta era fundamental para Levir Culpi justamente pelo fato dele ter essa capacidade de retenção e ser o cara a quebrar uma defesa bem montada. Em 2014, nos dois 4-1 contra Flamengo e Corinthians, as jogadas de gols nascem de dribles de Maicossuel, deixando um Guilherme livre, um Luan livre, um Tardelli livre. Enquanto em 2015 com Maicossuel no primeiro turno o time de Levir Culpi sobrava no brasileirão, com ele na engrenagem o Atlético foi o melhor time do Brasil, e sua volta mesmo ainda sem o ritmo ideal está sendo fundamental.  

E finalmente na frente, atuando de fato como uma dupla Fred e Pratto. Fred mais posicionado dentro da área, executando o pivô, jogando de costas para o Gol, e Pratto com mais liberdade de flutuação arrastando consigo um volante, um zagueiro adversário, com a liberdade para aproveitar seu potente chute, chegando sempre de frente para o gol.

O jogo começou como se esperava, pressão alvinegra e como se esperava uma tendência a jogadas pelas laterais, seja com a bola rolando mas principalmente na bateria aérea nas bolas paradas (Leo Silva, Erazo, Fred e Pratto – Força Aérea digna de Top Gun, Ases Indomáveis), logo no primeiro minuto de jogo Maicossuel encontrou Erazo livre, que cabeceou por cima da meta, aos quatro minutos em escanteio pela esquerda Fabio Santos centrou a bola no primeiro pau, Robinho desviou e encontrou Maicossuel livre do outro lado, outra chance desperdiçada.

Passados os 10 primeiros minutos de intensa pressão, o Santa Cruz com seus quatro volantes de maneira muito inteligente, com pressão variada e com boa troca de passes conseguiu controlar o ímpeto alvinegro. Milton Mendes, excelente treinador, explorou a deficiência desse esquema. Com Robinho, Fred e Pratto em campo, por mais que os três se esforcem na composição defensiva, não há agressividade na marcação, ou seja, quando o Santa se desvencilhou da pressão inicial, teve controle da bola, trocou muitos passes, sempre saia jogando, contudo como dessa vez o posicionamento defensivo estava bem desenhado, tal posse era infrutífera, tanto que os perigosos Keno e Grafite, não receberam bolas em condição de finalização, principalmente.

Entretanto, como mais uma das ironias pregadas pelo destino ou simplesmente pelo Futebol, aos 22 minutos do primeiro tempo, a qualidade do Santa na saída de bola foi seu próprio veneno, pois se Robinho, Fred ou Pratto não tem a explosão necessária para incomodar, Maicossuel tem. Zagueiro com a bola, andando calmamente pelo lado esquerdo da defesa do time de Recife, Fred fecha a opção de passe, Maicossuel dá o bote certeiro, acelera com suas passadas largas, rapidíssimas, encontra Robinho que com um toque e muita clarividência assiste a Fred, que cara a cara com o bom Tiago Cardozo, para nas mãos do goleiro porém no rebote Robinho com raiva estufa as redes do time de recife, nem se tivessem três goleiros a bola seria parada. Galo 1 x 0 Santa.

Pressão na bola, ataque ao espaço. Ação defensiva de Maicossuel, Clarividência de Robinho ao achar Fred 
É claro que o time de Marcelo Oliveira não faz questão nenhuma de ter a bola em seus pés, mas ao mesmo tempo consegue através da inteligência de seus jogadores ser incisivo em estocadas rapidíssimas, com 3,4,5 toques na bola apenas. Para ilustrar, em certo momento do jogo, especificamente aos 30 do primeiro tempo o Santa chegou a ter 63% de posse, o que é muita coisa, mas até aquele momento o Atlético teve três chances claras e controle do espaço. O Galo de Marcelo, não tem nada a ver com o time pragmático de Aguirre, e o time plástico de Levir, a cada jogo que se passa, esse Galo das 7 vitórias em 9 jogos, me traz lembranças do time de Cuca, que da mesma forma não fazia questão nenhuma de ter a bola, mas acabava por controlar o jogo através de uma pressão incrível no espaço. Um exemplo claro foi aos 35 min do primeiro tempo, nova saída errada do Santa, Donizete rouba a pelota, passa ao centro para Fred, cercado por quatro jogadores, consegue com um toque descobrir Patric que com sua explosão tem toda uma Afonso Pena para atacar.

Novamente ataque ao espaço. Fred é atacado diretamente por três jogadores, comum quarto fazendo a cobertura e mesmo assim acha Patric em velocidade com todo um corredor
O segundo tempo começa e o Atlético apresentava maior tranquilidade para trocar passes, com a vantagem do placar não acelerava tanto o jogo, e aos poucos foi equilibrando a estatística de posse de bola, controlando todas as ações, ocupando o campo ofensivo sempre com 9 , 10 jogadores abafando o Santa que encurralado não fazia muita coisa. O segundo tempo do Atlético foi exemplar muito nesse sentido, se na primeira etapa o Santa tinha a bola, na segunda nem isso. A imagem abaixo comprova de maneira definitiva a supremacia territorial do time de Marcelo Oliveira, dois laterais projetados dando amplitude ao time, armação com os volantes, Fred e Pratto fora da área, duas paredes auxiliando na posse pelo centro enquanto Robinho e Maicossuel se esgueiravam entre os zagueiros adversários atacando os espaços em suas costas que eventualmente apareceriam.

Ocupação de Espaço e Amplitude. 9 jogadores encurralam todo time do Santa. Apenas Erazo não aparece na tela.
Tanto que aos 22 minutos da segunda etapa, em uma jogada lindíssima foi desenhado o gol mais bonito dessa edição do Brasileirão. Robinho, Fred, Robinho, Patric, Fred. Sete toques na bola, pura magia, triangulação de manual, lance de vídeo-game. Um Tik-Taka que deixaria Pep Guardiola orgulhoso.  Galo 2x0 Santa.

Sequência do Segundo Gol. Pintura.

Com o resultado na mão, aos 24 minutos Marcelo sacou Pratto para dar mais ritmo de jogo ao Menino Maluquinho Luan, ao mesmo tempo dar mais solidez à defesa, visto que Luan compõe com maestria o lado direito da defesa alvinegra, e ao mesmo tempo da vitalidade ao ataque, velocidade, fato que àquela altura do jogo era o que importava, ter os contra-ataques, visto que Milton Mendes já havia partido para o tudo ou nada sacando dois volantes para a entrada de dois meias. 

E tal proposta, como num passe de mágica se concretizou instantaneamente. Patric rouba a bola, encontra Robinho que com muita habilidade achou Luan com o calcanhar, o maluquinho devolveu a Patric que se esgueirava pelo meio, que de primeira encontrou esticou para Robinho. Com espaço no 1x1 Robinho apresentou à cobra coral seu cartão de visitas mais marcante, as famosas pedaladas. Em um lance parecido ao que o apresentou para o mundo, as oito pedaladas em Rogério, no distante ano de 2002, Robinho dançou em cima do zagueiro, quatro passadas de pé por cima da bola, rolinho, por debaixo da saia do marcador, a bola escapou um pouco, mas o Deus da Raça, Patrimônio eterno do Galo, nosso menino maluquinho, acreditou, e empurrou a pepita para o fundo do Gol. Nosso guerreiro mais valioso apontou para o joelho operado, bateu a mão no peito, gritou aqui é galo, chorou por alguns segundos. Galo 3x0 Santa aos 26 do segundo tempo, fatura liquidada.

Fonte: Portal Superesportes
O jogo de hoje mais do que nunca demonstrou um Atlético como todos gostamos de assistir, um time elétrico, ligado no 220, agredindo o adversário o tempo inteiro, sem parar no embalo da torcida, no pulso do Horto.

Fonte: Globo.com

Os comandados de Marcelo Oliveira ao longo da peleja conseguiram depurar os erros iniciais, controlaram a partida brilhantemente, e com uma vitória contundente mandaram um recado ao Brasil: O Galo Doido voltou, agora elétrico, em chamas! Estamos vivos, mais do que vivos na briga pelo Título Brasileiro. Que venha o Morumbi, que venha o São Paulo.

#AquiéGalo

Por: @Mhfernandes89 

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