Tarde de sĂ¡bado
ensolarado, numa verdadeira armadilha para quem nĂ£o conhece as nuances do
inverno gaĂºcho. O frio era anunciado em todos os canais de tv, mas e daĂ? A torcida Xavante estava em festa. E nĂ£o era uma fasta qualquer. Era a volta dos
jogos do Brasil ao CaldeirĂ£o, Ă Baixada, ao Bento Freitas, ao EstĂ¡dio mais
humano. “O Bento Freitas Ă© uma experiĂªncia de elevaĂ§Ă£o, dor e alegria, de superaĂ§Ă£o dos
indivĂduos...”, segundo Rui Carlos Hostermann, renomado jornalista da RBS. E ele estĂ¡
absolutamente certo. Caberia, inclusive, uma campanha motivando a todos os
amantes do verdadeiro futebol, pelo menos, uma vez por ano vir assistir uma
partida no EstĂ¡dio do G. E. Brasil. E nĂ£o precisa escolher um jogo bom, nĂ£o.
NĂ£o importa se Flamengo, Cruzeiro, MaringĂ¡ ou SĂ£o Gabriel venha jogar aqui, porque a emoĂ§Ă£o estĂ¡ garantida. Se nĂ£o no jogo em si, serĂ¡ atravĂ©s das reações
da torcida Xavante.
Até aqui om Campeonato
Brasileiro de 2016 da Série B apresentou dezesseis rodadas das quais o G. E.
Brasil jogou apenas seis em seu EstĂ¡dio. Contra NĂ¡utico, Bahia e Joinville, mesmo o Xavante tendo o mando de campo, teve que jogar no estĂ¡dio da
S. E. R. Caxias, o CentenĂ¡rio, na cidade de Caxias do Sul, a praticamente
trezentos e oitenta quilĂ´metros de distĂ¢ncia devido ao fato da capacidade
momentĂ¢nea do Bento Freitas nĂ£o atender ao mĂnimo de dez mil lugares exigidos
pelo regulamento da competiĂ§Ă£o. Por isso houve festa e “De volta para
Casa” era a oraĂ§Ă£o entoada a todo instante pela Torcida Rubro Negra.
Desde cedo a sinergia
EstĂ¡dio, Time e Torcida era total e o churrasco regado a muita cerveja
atestavam a alegria do momento. Encasacados, com gorros e mĂ£os nos bolsos, aguardavam o inĂcio do jogo. Por sua vez, integrantes da Xaranga Garra Xavante
cortavam a massa na difĂcil tarefa de chegar atĂ© o local onde a batucada reina
e comanda o espetĂ¡culo.
Jogadores perfilados
numa toada patriĂ³tica, como a pedir a graça de governos justos e congressistas idĂ´neos, davam o toque formal
para o acontecimento esportivo.
Exposta no PavilhĂ£o Social, uma faixa da Camisa
7 reverenciava o eterno Ădolo ClaĂºdio Milar. A meu lado, alguns torcedores
usavam as mĂ£os em forma de megafone querendo levar seu berro ao adversĂ¡rio para
mostrar quem realmente manda no Bento Freitas. Mal o jogo começa e o rĂ¡dio cola
no ouvido de um Xavante nervoso e louco para entrar em campo para fazer o gol de
uma vez.
O Brasil ataca na goleira do placar e isso mexe comigo porque nĂ£o sei se olho o jogo ou aquela
beleza que, quando pronta, transformarĂ¡ totalmente o Brasil, obrigando-o a um
passo maior e a conviver em definitivo com os grandes clubes do paĂs. Apesar da
grandeza do momento, da festa da torcida e do bom futebol do time Xavante, Ă© a
equipe goiana quem abre o placar para espanto da massa presente ao estĂ¡dio.
Eram vinte e seis minutos e nĂ£o dava para acreditar na crueldade daquele
resultado parcial. Dez minutos depois, uma hecatombe acontece e o Vila Nova faz
mais um, decretando um dois a zero inacreditĂ¡vel.
O jogo em si era uma Ă³tima partida para quem gosta de futebol, mas, diachos, eu torço. NĂ£o sou pĂ¡reo para quem observa movimentos tĂ¡ticos, tĂ©cnicos, essas coisas. Sou paixĂ£o, adrenalina do inĂcio ao fim, seja o jogo que for. Imagina em campeonato nacional? Como torcedor, nĂ£o resta outra coisa a nĂ£o ser gritar mais, incentivar o time, xingar o juiz. E Ă© isso que eu e toda a NaĂ§Ă£o Xavante fazemos em um delĂrio contagiante que chega aos jogadores do Brasil instantaneamente.
O jogo em si era uma Ă³tima partida para quem gosta de futebol, mas, diachos, eu torço. NĂ£o sou pĂ¡reo para quem observa movimentos tĂ¡ticos, tĂ©cnicos, essas coisas. Sou paixĂ£o, adrenalina do inĂcio ao fim, seja o jogo que for. Imagina em campeonato nacional? Como torcedor, nĂ£o resta outra coisa a nĂ£o ser gritar mais, incentivar o time, xingar o juiz. E Ă© isso que eu e toda a NaĂ§Ă£o Xavante fazemos em um delĂrio contagiante que chega aos jogadores do Brasil instantaneamente.
Quarenta! Quarenta minutos
e finalmente o primeiro gol do Brasil. Tinha que ser ele, o nosso goleador.
Felipe Garcia dĂ¡ o recado e balança as redes adversĂ¡rias para a alegria da
xavantada. O punho cerrado, o coraĂ§Ă£o a mil e a garganta traduz toda a emoĂ§Ă£o em um berro que ecoa por toda Princesa do Sul.
Com o fim do primeiro
tempo, entra em campo a equipe responsĂ¡vel pelo gramado do Bento Freitas. Que
gramado! O atleta que nĂ£o jogar direito neste tapete Ă© perna de pau ou estĂ¡ com
diarreia aguda. A prĂ³pria bola deve agradecer aos deuses do futebol por aqui
rolar.
No intervalo, duas torcedoras desfilam orgulhosamente com uma faixa conclamando a
NaĂ§Ă£o Xavante a comprar a rifa de um Fiat Palio 0Km. Os valores arrecadados serĂ£o
investidos nas obras do novo Bento Freitas. Como em tantas outras iniciativas,
a chancela dessa aĂ§Ă£o Ă© da AssociaĂ§Ă£o Cresce Xavante. Fundada em 2008, esta
entidade trouxe uma nova luz, uma nova maneira de torcer. Canalizam a paixĂ£o em
prol do crescimento do Clube com promoções que visam Ă valorizaĂ§Ă£o do
patrimônio cultural material e imaterial do G. E. Brasil por intermédio de
projetos que possam qualificar o Clube no que diz respeito a seus recursos
humanos, fĂsicos e de mobilidade. Entre suas ações, reforma da tela, drenagem
do gramado, reforço das luminĂ¡rias, montagem de uma academia prĂ³pria para o
Brasil, entre tantas outras. DaĂ para a construĂ§Ă£o de um Novo Bento Freitas,
foi um abraço.
Antes que Brasil e Vila
Nova voltassem para o segundo tempo de jogo, alguns garotos dĂ£o um exemplo de
solidariedade. Em um passinho miĂºdo, contornam o gramado carregando uma faixa com
a seguinte mensagem: #TodosPeloBryan. Trata-se de uma campanha para ajudar
Bryan dos Santos. Com apenas oito anos, este menino nasceu com mielomeningocele
torax lombar e precisa fazer uma intervenĂ§Ă£o cirĂºrgica com urgĂªncia. NĂ£o tenho
dĂºvidas, mais uma vez, o lado humano do EstĂ¡dio Bento Freitas darĂ¡ uma resposta
positiva. E vocĂª que lĂª esta mensagem agora, se puder, colabore atravĂ©s da conta
600 04 72 89, agĂªncia 4305, banco 033, Santander ou entre em contato com a
famĂlia de Bryan.
Depois dos quinze minutos mais longos dos
Ăºltimos tempos, os times voltam para a segunda etapa de jogo. Mal
recomeçou a partida e a torcida Xavante explode com o segundo gol do Brasil. De
novo ele, Felipe Garcia, o nosso goleador, empata a peleja. DelĂrio total e as
arquibancadas pulsam na mesma balada da massa numa felicidade impressionante.
Futebol nĂ£o Ă© justo, eu sei, mas e daĂ? NĂ³s nĂ£o podĂamos perder depois de tanta
espera por um jogo em casa.
No fervor da
comemoraĂ§Ă£o do nono gol de Felipe Garcia neste brasileiro, vejo que muito
prĂ³ximo de mim, estĂ¡ KainĂ£, meu sobrinho. NĂ£o deu outra, minha Canon registrou
a vibraĂ§Ă£o dele que, com Ă³culos tipo “Homem Borracha” se desmanchava de tanta
alegria.
O jogo aproximava-se do
final praticamente no mesmo ritmo do inĂcio, com Brasil e Vila Nova dando tudo
de si neste jogo sensacional. Em um momento mĂ¡gico, capto torcedores praticamente
em transe apĂ³s mais um gol perdido pelo Brasil. Pouco tempo depois, o juiz
trilou o apito dando os nĂºmeros finais da partida. 2x2, o Brasil vai a vinte e
trĂªs pontos. Fica na oitava posiĂ§Ă£o. Seis pontos atrĂ¡s do G4 e, igualmente,
seis pontos Ă frente do Z4. A campanha Ă© muito boa, mas jĂ¡ foram trĂªs empates
com mando de campo e nenhuma vitĂ³ria fora de casa. Vamos compensar imitando os
antigos desbravadores e conquistando o Oeste. É prĂ¡ jĂ¡ e serĂ¡ na Arena Barueri.
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