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A temporada em que nada deu certo em Detroit

Torcedor do Lions no final da temporada 2008/2009
Depois de uma prĂ©-temporada invicta – quatro jogos e quatro vitĂ³rias –, havia expectativa para que o Lions voltasse a fazer uma temporada sĂ³lida, apĂ³s dĂ©cadas de sofrimento. Contudo, os analistas de resultado se enganaram. Uma preseason boa pode nĂ£o significar uma temporada de vitĂ³rias. No caso do Detroit Lions em 2008, entĂ£o, acabou em tragĂ©dia: a franquia se tornou a primeira a terminar uma temporada com o recorde negativo de 0-16.

O Lions foi apenas a segunda equipe a perder todos os jogos da temporada.  A primeira foi o Tampa Bay Buccaneers, em sua temporada de estreia, em 1976. Naquela Ă©poca, entretanto, ainda eram disputadas 14 partidas na fase inicial.

Nos jogos de agosto, sĂ³ sucesso. Em casa, começaram aplicando um apertado 13-10 nos Giants. Na sequĂªncia, foram a Cincinnati enfrentar o Bengals e o resultado veio ao natural: 27 a 10. Na terceira semana, os leões de Detroit jantaram os Browns, 26 a 6, em casa. Para finalizar, Bills, em Buffalo, e o quarto triunfo: 14 a 6. 


Para tristeza do povo de Detroit, chegou setembro e a brincadeira acabou. JĂ¡ nas duas primeiras semanas, as derrotas para Falcons, por 34-21, e Packers, por sonoros 48-25, foram um balde de Ă¡gua fria sob o otimismo  dos leões. Na terceira semana, o CEO Matt Millen nĂ£o suportou a pressĂ£o e foi demitido, depois de oito anos de gestĂ£o pĂ­fia. A derrota por 31 a 13 para os 49ers foi a 84ª da franquia com Millen na chefia, contra apenas 31 vitĂ³rias. Na sequĂªncia veio a bye week e uma oportunidade de reestruturar (ao menos um pouco) a casa.


Mas a situaĂ§Ă£o nĂ£o melhorou. Muito pelo contrĂ¡rio. O quarterback titular Dan Orlovsky foi substituĂ­do por Daunte Culpepper e mais tarde por Jon Kitna. Nenhum mostrou capacidade de comandar o ataque com eficiĂªncia. As derrotas foram se sucedendo naturalmente. Entre as mais sofridas, esteve o encontro com os Titans, no tradicional Thanksgiving Day game, na Week 13. A equipe de Tennessee venceu por esmagadores 47 a 10.

As derrotas seguiram atĂ© a semana 17. Na derradeira rodada, o adversĂ¡rio foi, novamente, o rival Green Bay, desta vez no Lambeau Field. Os cabeças-de-queijo nĂ£o pouparam provocações nas arquibancadas. Para os Lions, a partida valia a dignidade. E para nĂ£o terminarem a temporada zerados, havia alguns fatores que pesavam contra os Packers e viraram a esperança dos leões: Green Bay estava em uma sequĂªncia de cinco derrotas, Brett Favre era uma ausĂªncia muito sentida e a equipe jĂ¡ nĂ£o tinha mais possibilidade de avançar aos playoffs, depois de disputar a final e ConferĂªncia com os Giants no ano anterior. No entanto, a gana de afundar o rival era enorme.

Os Lions bem que tentaram. Chegaram a levar um empate para o Ăºltimo quarto de partida, mas o resultado foi o mesmo de sempre: derrota. Os Packers venceram por 31-21 e fecharam a conta da pior campanha da histĂ³ria da NFL.

Torcedor exibindo a camisa com os dizeres: '0-16. Sim, nĂ³s podemos!'

A MaldiĂ§Ă£o de Bobby Lane 

Um dos quarterbacks mais prestigiados do pĂ³s-guerra, Bobby Lane defendeu as cores dos Lions entre 1950 e 1958. Neste perĂ­odo de oito anos, conduziu a equipe rumo a trĂªs finais da NFL. Triunfou em todas elas. 

O atleta passou a ser conhecido por ser durĂ£o, jĂ¡ que dispensava as grades em seu capacete, e por nĂ£o ter uma tĂ©cnica muito apurada. AlĂ©m disso, Lane ficou famoso por uma suposta praga que rogou contra a franquia de Detroit. Em 1957, apĂ³s fraturar a perna, o QB foi dispensado pelo Lions e sentiu-se tremendamente injustiçado. Transferido, entĂ£o, para os Steelers, reza a lenda que Bobby Lane tenha dito que “os Lions ficariam 50 anos sem ganhar um tĂ­tulo”.

O Detroit Lions, de fato, foi decaindo miseravelmente e nunca mais levou um tĂ­tulo. Curiosamente, foi no fatĂ­dico ano de 2008 que, teoricamente, a maldiĂ§Ă£o teve fim. Embora continue com a fama de ser uma das piores franquias da Liga, a situaĂ§Ă£o melhorou um pouco nos Ăºltimos anos. Na temporada de 2011, liderados por Calvin "Megatron" Johnson e Matthew Stafford (primeira escolha do draft de 2009), a equipe voltou a disputar os playoffs apĂ³s 11 anos. Em 2014, eles se classificaram para a pĂ³s-temporada novamente. Contudo, em ambas, o time nĂ£o passou do wild card.

Em 2015, o começo foi pavoroso: cinco derrotas nas cinco partidas iniciais. Nas semanas seguintes, atĂ© houve uma recuperaĂ§Ă£o, mas nĂ£o suficiente para avançar aos playoffs em uma divisĂ£o que conta ainda com Green Bay Packers, Minnesota Vikings e Chicago Bears.

JanaĂ­na Wille, @janainawille

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