Seria loucura pensar que jogar contra o Santa Cruz, dentro
do Arruda, seria fácil. A situação da tabela é desfavorável, mas os times do
nordeste sempre dão trabalho, principalmente jogando em casa. Não teria como
ser diferente mesmo com um público decepcionante na noite de segunda-feira.
Aqueles que foram, registre-se, não pararam um minuto, com direito a bandinha e
tudo.
O Palmeiras saiu de São Paulo ciente da dificuldade que
seria o jogo. Cuca avisou em várias entrevistas o quão complicado seria vencer
o Santa Cruz e em nenhuma delas pareceu discurso da boca para fora. Ele sabia
que os pernambucanos jogariam a vida, mas talvez não imaginasse que seria tão
complicado como foi. Aliás, guardem o nome do treinador palmeirense, ele foi
decisivo.
A complicação, porém, veio tarde. Os primeiros quarenta e
cinco minutos foram surpreendentemente tranquilos. Tão surpreendentes quando a
boa ideia de Cuca ao escalar Zé Roberto no meio-campo na ausência de Dudu e
diante da inconsistência de Cleiton Xavier. Foi o próprio Zé que tabelou com
Erik e marcou um golaço de cobertura, um gol que dificilmente marcaria se
estivesse na lateral-esquerda. Foi apenas a primeira boa jogada do treinador
palmeirense.
A cara de Gabriel Jesus no lance resume bem a dificuldade que foi a partida contra o Santa Cruz. (Foto: Divulgação / Cesar Greco/ Ag. Palmeiras) |
O Santa Cruz até tentou assustar no final do primeiro tempo,
mas sem organização nenhuma. Ela veio após o intervalo: Artur veio a campo e
marcou um bonito gol para empatar a partida quando a vitória alviverde já não
era mais merecida. O time voltou recuado demais para quem tinha ainda quase
cinquenta minutos pela frente.
Cuca voltou a brilhar na etapa final. Na primeira vez,
talvez tenha sido um “burro com sorte”, como Levir Culpi batizou seu livro.
Colocou Leandro Pereira no intervalo para liberar Jesus que não conseguia jogar
bem enfiado entre os zagueiros mais uma vez. A substituição que trouxe o Santa
para dentro do campo do Verdão foi premiada com uma saída equivocada do goleiro
adversário. Leandro Pereira aproveitou e desempatou.
As emoções estavam longe do fim. O treinador palmeirense já
pensava em segurar o meio-campo com a entrada de Thiago Santos quando viu Jean
cometer um pênalti bobo convertido por Grafite. Thiago Santos ficou no banco e
quem entrou foi Cleiton Xavier. Nada definido, tudo aberto. Aberto, aliás, até
demais, para sorte do Verdão.
O empate era o placar desejado por todos os concorrentes do
Palmeiras, mas não bastava de maneira nenhuma para um time desesperado por
pontos. E o Santa Cruz, ao invés de recuar novamente, se jogou para o ataque. E
em uma dessas investidas, veio o acaso que costuma premiar as equipes da ponta
da tabela e judiar daqueles que brigam contra o rebaixamento. O palmeirense
sabe bem o que é isso.
Um ataque promissor dos pernambucanos iniciava-se pela
esquerda, mas o lateral tricolor escorregou e deixou a bola limpa para o
Palmeiras armar um contra-ataque mortal. Cleiton Xavier – outro a entrar no
jogo - ocupou bem o buraco deixado pelo escorregão e enfiou ótima bola (talvez
a primeira do returno) para Roger Guedes matar de vez a reação.
Em terra de Santa, quem tem sorte é rei.
O DESTAQUE:
Desde que chegou, Cuca fez ótimas
intervenções e alguns poucos erros inerentes ao cargo de treinador de uma
equipe. Mas ninguém mais merece os créditos de uma vitória sofrida como essa do
que ele. Sorte ou não, foi ele quem colocou Zé Roberto no meio e, ao longo do
jogo, lançou Leandro Pereira e Cleiton Xavier na partida, ambos com participações
decisivas nos gols palmeirenses. No mínimo, Cuca mostrou que sabe o que tem nas
mãos. E é a primeira vez que esta coluna elege o treinador como destaque.
BOLA MURCHA:
A vitória era importante para abrir vantagem contra o vice-líder Flamengo e só
foi tão sofrida porque Jean cometeu
um pênalti infantil logo após o segundo gol do Palmeiras. Sorte a dele (e
principalmente a nossa), que a fase do Santa é das piores e deu para achar um
terceiro gol.
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