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Crônica de uma Tragédia Anunciada

É amigo atleticano, não sei para você, mas ontem meu sentimento com o vexame desempenhado contra o Grêmio na primeira perna da final da Copa do Brasil não era de raiva pela derrota em casa, não era frustração, mas sim de impotência. Impotência por ver uma série de erros se repetirem e não poder fazer absolutamente nada da arquibancada. O 3x1 foi pouco, muito pouco dada a superioridade gaúcha, poderiam ter sido 4,5,6, talvez até 7x1 no Mineirão, sorte a nossa que não era  David Luiz parceiro do Erazo e sim o Gabriel, um gigante em nossa defesa, combatente único em um mar de passividade. 



Contudo Atleticano o que mais me dói, e certamente dói em toda torcida é que esse resultado ocorreu muito pouco pela partida em si, foi o Grêmio mas poderia ter sido para o Flamengo que nos atropelou no primeiro tempo em pleno Mineirão, poderia ter sido o Santos que nos humilhou na Vila Belmiro ou qualquer time desse campeonato brasileiro que fosse minimamente organizado. Quis o destino que nosso algoz fosse o tricolor gaúcho e que fosse uma final. 

Muito se diz de Marcelo Oliveira, de sua abordagem de jogo equivocada - O que é uma verdade - contudo o ex-treinador foi o último dos problemas do Atlético. Até deixo essa função (a análise do jogo em si) aos meus amigos gremistas, acho que o banho tático deve ser contado pelo lado vencedor (indico inclusive o texto da minha colega Janaína aqui do LF - http://www.linhadefundo.net/2016/11/so-falta-90-minutos.html). 

Há de se admitir a superioridade do adversário e ao mesmo tempo fazer uma reflexão maior dessa vergonha 

A sucessão de cagadas, sim cagadas me perdoem pelo vocabulário mas não há outra palavra para expressar melhor os fatos, se iniciou em dezembro de 2015, quando Daniel Nepumuceno decidiu por não renovar o contrato de Levir Culpi. O técnico certamente não era unanimidade perante a torcida por dois motivos: por supostamente barrar contratações galáticas e por armar um time que tomava gols demais. - 1x0 Grêmio

Já que o mala do Levir não estava mais lá, a torneira foi aberta e começaram a chegar os nomes. Robinho, Cazares, Erazo, Clayton, Urso, Fred..nó que timaço, melhor do Brasil. Infelizmente uma cortina de fumaça. Leo Silva não é mais o mesmo, a idade pesa; e sem Jemerson, era imperativa a contratação de dois zagueiros Top de linha, era o que se esperava, mas não, me vem o Erazo que saiu escurraçado do Flamengo e com uma passagem mais ou menos pelo Grêmio, com um Geromel segurando a onda para os dois; e Ronaldo Conceição, primo distante do Emerson que eu nem vou me atrever a comentar, por que é brincadeira de mau gosto. A lateral esquerda por muito tempo contava apenas com o Douglas Santos. Todo mundo sabia que ele iria pegar seleção olímpica e iria embora como foi, o outro Santos, o Fábio chegou muito depois, no primeiro turno nosso Carlos Cesar cansou de quebrar o galho por lá.  Da meia sairam Guilherme e Giovani Augusto, todos sabemos que são jogares comuns, mas que jogavam, eram titulares com Levir e chegou apenas o Cazares. Dátolo que sempre teve problemas físicos, voltou a sua rotina no DM, e novamente ficamos em uma posição apenas com um cara a disposição. Ok é um elenco forte, mas desequilibrado demais: 999 pontas e ninguém de qualidade para jogar por dentro. 2x0 Grêmio

Sobre o técnico é até engraçado, pois o antídoto ao time que tomava gols demais foi a contratação de um treinador estrangeiro, uruguaio e retranqueiro - Eureka! Retranqueiro! Sim, me refiro a Diego Aguirre. A troca acarretou em uma mudança de metodologia de trabalho e de concepção tática tão grande que seria uma heresia imaginar que tudo em um passe de mágica se resolveria, nem se fosse o Barcelona. Contudo o nosso digníssimo presidente, que conhece muito pouco da história do clube, não ponderou um fator, nós Atleticanos podemos não gostar de uma defesa que sofre muitos gols, mas odiamos um ataque inoperante. A ironia é que o time passou a tomar menos gols...aparentemente o problema estava resolvido, mas não estava. O novo treinador foi para frigideira com 4 meses de trabalho.  E tome mudança de novo, sai Aguirre, entra Marcelo Oliveira. Você sai de um jogo de posse, para um jogo de retranca e termina com um jogo de ofensividade porém com um ritmo mais acelerado. 3x1 Grêmio, 7x1 Grêmio.... 

Três técnicos em menos de 12 meses (completamente antagônicos), contratações midiáticas e nada produtivas, uma defesa para lá de amadora (não os nomes, mas o sistema) e erros graves de planejamento. O atleticano poderia pensar que estou me referindo a 2004, 2005, 2008, 2010, 2011, anos negros, terríveis, quando de joelhos atravessamos os sete portões do inferno. Porém não, é 2016. Sequência de um dos períodos mais vitoriosos da história do clube.



Remetendo a uma metáfora do automobilismo: carro mal nascido, mal pensado pelos engenheiros raramente ganha corridas, e muito menos campeonatos, um desses inclusive matou Ayrton Senna. 

Estamos vivendo dias de um passado esquecido. Um passado de Nélio Brant, Ricardo Guimarães, Ziza Valadares. Espero acordar logo desse pesadelo.

*Os três últimos parágrafos são  cópias quase literais de um texto que eu mesmo escrevi para aqui no Linha, postado em 12 de junho (http://www.linhadefundo.net/2016/06/um-galo-que-vive-dias-de-um-passado.html), pós derrota no clássico contra o time do outro lado da lagoa, propositalmente repetidos. Infelizmente  cantei essa pedra lá atrás e apenas reescrevi os versos dessa crônica de uma tragédia anunciada.

P.S. Um salve ao pessoal de Chapecó em especial ao blogueiro e amigo Marcelo Weber (
http://www.linhadefundo.net/2016/11/noite-historica-chapecoense-chega.html), meu parceiro do Unanimidades, pela classificação heroica da Chape ante o São Lorenzo!

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